Na postagem do Blog Demais, "Memória do teatro feirense III", foto onde aparece Nemésio Garcia (sentado sobre a mesa), ladeado por Geraldo Lima e Dimas Oliveira entre outros integrantes do elenco da peça "Viúva, Porém Honesta", de Nelson Rodrigues, encenada pelo Movimento de Estudos Teatrais e Artísticos (Meta) e Sociedade Cultural e Artística de Feira de Santana (Scafs), em 1969. Ainda em Feira, ele dirigiu a pela infantil "O Patinho Preto", de Walter Quaglia.
Na época, Nemésio participava do Grupo de Teatro do Colégio Central e vinha de Salvador dirigir os ensaios em sábados e domingos. Ele foi vítima da ditadura.
Nemésio foi condenado a 14 anos de prisão pela Auditoria Militar de Salvador (6ª Circunscrição Judiciária Militar). A condenação era por portar armas privativas das Forças Armadas e por pertencer à organização revolucionária. Foi para a Penitenciária Lemos de Brito, na Mata Escura, em Salvador.
Na 8ª Caravana da Anistia realizada pelo Ministério da Justiça realizada em Salvador, o julgamento do processo do processo de Nemésio Garcia da Silva, que teve requerimento post morten apresentado por Sônia Maria Araújo da Silva:
"Informa que o anistiando, integrante de uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), atuava no meio estudantil, no operariado metalúrgico e entre os camponeses do Estado da Bahia, liderando várias lutas sindicais. Preso em 1969 por envolvimento com as Organizações Var-Palmares e Ação Libertadora Nacional (ALN), sendo exilado após a pena de dois anos".
No trabalho "O Golpe de Estado de 1964 na Bahia", do professor Muniz Gonçalves Ferreira, do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (Ufba), trecho em que trata sobre Nemésio Garcia:
(...) Também os estudantes universitários da Ufba se incorporaram às manifestações, afligidos pela sanha repressiva, mencionada linhas atrás, pela introdução dos dispositivos autocráticos do novo regime na universidade, como, por exemplo, a Lei Suplicy Lacerda - que extinguiu a UNE e as entidades gerais dos estudantes e reorganizou os Diretórios Acadêmicos no espírito da despolitização - e o Decreto 477 que punia com o afastamento da vida acadêmica os estudantes envolvidos em atividades “subversivas” no seio das universidades. Uma vez generalizado o movimento, generalizava-se também a interdição, agora extensiva a todo o município de Salvador. Em conseqüência, a capital baiana foi sacudida por vigorosas manifestações secundaristas entre os meses de maio, junho, julho e agosto de 1966, as quais, por sua vez, reprimidas a cassetete e patas de cavalos pelas autoridades, converteram as ruas de Salvador, até então uma relativamente pacata cidade litorânea, em um campo de batalha no qual polícia e secundaristas se enfrentavam em combates logisticamente desiguais.
O episódio, pela sua própria natureza, gerou o ensejo para a manifestação de importantes personalidades do mundo da cultura em oposição à escalada obscurantista e repressiva que naquele momento se configurava. Trinta e dois intelectuais baianos, entre eles Jorge Amado, Walter da Silveira, Sante Scaldaferri, João Ubaldo Ribeiro, assinaram um manifesto em que defendiam a liberação da peça e manifestavam solidariedade aos secundaristas soteropolitanos. Em um dos primeiros gestos efetivos de um dignitário do catolicismo baiano em apoio aos atos de oposição à repressão ditatorial, o abade do mosteiro de São Bento, dom Timóteo Amoroso Anastácio, abriu as portas do mosteiro para acolher os estudantes perseguidos e ofereceu suas instalações para a representação da obra de Sarno. Em resposta, o mosteiro foi visitado pelo comandante da VI Região Militar, que recomendou a não apresentação do espetáculo naquele local de retiro e adoração sob o argumento de que isto seria inaceitável para as Forças Armadas, marcando assim o início do confronto e a acentuação das diferenças entre a Igreja e os maiorais do regime.
Inferiorizada em termos logísticos na confrontação entre a mitra e a espada, a hierarquia católica, através do próprio cardeal arcebispo, solicitou a suspensão dos preparativos para a encenação da peça e orientou a publicação de um manifesto público de repúdio à coerção militar. A força prevalecia sobre a razão. Sarno se viu obrigado a sair da cidade e do país, optando por passar um ano na distante Alemanha Federal.
Golpeado pela violência repressiva, o movimento refluía. Mas, tratava-se apenas da primeira batalha. Nas duas décadas seguintes, a oposição política e os movimentos populares reocupariam as ruas, impor-se-iam pelo número à truculência dos esbirros e sentenciariam, através do isolamento e da privação da legitimidade, a derrocada do regime ditatorial.
As manifestações de massa dos estudantes baianos converteram-se numa escola, onde se formou toda uma geração de dedicados participantes da luta contra o autoritarismo militar. Do próprio seio do Gateb ou de sua periferia imediata, saiu um núcleo de estudantes secundaristas, formado por Carlos Sarno, Jurema Valença, Marie Helene Russi, Chantal Russi e Nemésio Garcia, entre outros, os quais, batizados na luta oposicionista pelos eventos antes narrados e radicalizados por certas concepções".
Na época, Nemésio participava do Grupo de Teatro do Colégio Central e vinha de Salvador dirigir os ensaios em sábados e domingos. Ele foi vítima da ditadura.
Nemésio foi condenado a 14 anos de prisão pela Auditoria Militar de Salvador (6ª Circunscrição Judiciária Militar). A condenação era por portar armas privativas das Forças Armadas e por pertencer à organização revolucionária. Foi para a Penitenciária Lemos de Brito, na Mata Escura, em Salvador.
Na 8ª Caravana da Anistia realizada pelo Ministério da Justiça realizada em Salvador, o julgamento do processo do processo de Nemésio Garcia da Silva, que teve requerimento post morten apresentado por Sônia Maria Araújo da Silva:
"Informa que o anistiando, integrante de uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), atuava no meio estudantil, no operariado metalúrgico e entre os camponeses do Estado da Bahia, liderando várias lutas sindicais. Preso em 1969 por envolvimento com as Organizações Var-Palmares e Ação Libertadora Nacional (ALN), sendo exilado após a pena de dois anos".
No trabalho "O Golpe de Estado de 1964 na Bahia", do professor Muniz Gonçalves Ferreira, do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (Ufba), trecho em que trata sobre Nemésio Garcia:
(...) Também os estudantes universitários da Ufba se incorporaram às manifestações, afligidos pela sanha repressiva, mencionada linhas atrás, pela introdução dos dispositivos autocráticos do novo regime na universidade, como, por exemplo, a Lei Suplicy Lacerda - que extinguiu a UNE e as entidades gerais dos estudantes e reorganizou os Diretórios Acadêmicos no espírito da despolitização - e o Decreto 477 que punia com o afastamento da vida acadêmica os estudantes envolvidos em atividades “subversivas” no seio das universidades. Uma vez generalizado o movimento, generalizava-se também a interdição, agora extensiva a todo o município de Salvador. Em conseqüência, a capital baiana foi sacudida por vigorosas manifestações secundaristas entre os meses de maio, junho, julho e agosto de 1966, as quais, por sua vez, reprimidas a cassetete e patas de cavalos pelas autoridades, converteram as ruas de Salvador, até então uma relativamente pacata cidade litorânea, em um campo de batalha no qual polícia e secundaristas se enfrentavam em combates logisticamente desiguais.
O episódio, pela sua própria natureza, gerou o ensejo para a manifestação de importantes personalidades do mundo da cultura em oposição à escalada obscurantista e repressiva que naquele momento se configurava. Trinta e dois intelectuais baianos, entre eles Jorge Amado, Walter da Silveira, Sante Scaldaferri, João Ubaldo Ribeiro, assinaram um manifesto em que defendiam a liberação da peça e manifestavam solidariedade aos secundaristas soteropolitanos. Em um dos primeiros gestos efetivos de um dignitário do catolicismo baiano em apoio aos atos de oposição à repressão ditatorial, o abade do mosteiro de São Bento, dom Timóteo Amoroso Anastácio, abriu as portas do mosteiro para acolher os estudantes perseguidos e ofereceu suas instalações para a representação da obra de Sarno. Em resposta, o mosteiro foi visitado pelo comandante da VI Região Militar, que recomendou a não apresentação do espetáculo naquele local de retiro e adoração sob o argumento de que isto seria inaceitável para as Forças Armadas, marcando assim o início do confronto e a acentuação das diferenças entre a Igreja e os maiorais do regime.
Inferiorizada em termos logísticos na confrontação entre a mitra e a espada, a hierarquia católica, através do próprio cardeal arcebispo, solicitou a suspensão dos preparativos para a encenação da peça e orientou a publicação de um manifesto público de repúdio à coerção militar. A força prevalecia sobre a razão. Sarno se viu obrigado a sair da cidade e do país, optando por passar um ano na distante Alemanha Federal.
Golpeado pela violência repressiva, o movimento refluía. Mas, tratava-se apenas da primeira batalha. Nas duas décadas seguintes, a oposição política e os movimentos populares reocupariam as ruas, impor-se-iam pelo número à truculência dos esbirros e sentenciariam, através do isolamento e da privação da legitimidade, a derrocada do regime ditatorial.
As manifestações de massa dos estudantes baianos converteram-se numa escola, onde se formou toda uma geração de dedicados participantes da luta contra o autoritarismo militar. Do próprio seio do Gateb ou de sua periferia imediata, saiu um núcleo de estudantes secundaristas, formado por Carlos Sarno, Jurema Valença, Marie Helene Russi, Chantal Russi e Nemésio Garcia, entre outros, os quais, batizados na luta oposicionista pelos eventos antes narrados e radicalizados por certas concepções".
Um comentário:
Nossa, como Feira de Santana respirava cultura nesse tempo. Hoje dificilmente encontramos jovens com esse comprimisso.
Não vive essa década, mas sou uma amante da história da nossa cidade.
É maravilhoso saber que existe colegas que não deixam apagar o rico passado da Princesa do Sertão.
Uma cidade que não tem memória não vive a sua história.
Parabéns pela sua iniciativa em resgatar a memória da nossa gente.
Aproveitando o ensejo, quero parabenizar o amigo pela passagem do seu aniversário. Felicidades hoje e sempre!
Uma forte abraço da amiga,
Luiza Diná
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