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sábado, 20 de outubro de 2007

A cultura ameaçada

Artigo de Ildásio Tavares, na "Tribuna da Bahia", edição deste sábado, 20:

Sou uma pessoa de esquerda e nada tenho contra Jaques Wagner. Muito pelo contrário. Votei nele duas vezes para governador. No passado, o convidei a compor uma mesa num célebre seminário O Futuro do Socialismo que coordenei juntamente com Capinan, Emiliano José, Paulo Fábio e Bete Wagner. Aplaudo veemente sua posição de apoiar João Henrique para a prefeitura, preservando uma coalizão que vem possibilitando a esquerda conquistar o poder. Tampouco tenho nada de pessoal contra Márcio Meirelles que tem sido meu amigo cordial no correr do tempo.
Todavia, não posso deixar de me postar contra a política cultural que vem sendo exercida nestes nove meses. Nada de pessoal. Boas pessoas podem tomar um rumo equivocado, acreditando que estão certas e levando a vaca pro brejo com a convicção de que estão fazendo um milagre. A grita generalizada da classe artística, dos intelectuais e da imprensa nada serve para abrir os olhos dos condutores desta política que promete um avanço na cultura baiana quando esta o rejeita e a realidade das coisas exibe um claro retrocesso.
Esta política cultural peca por base, quando sob pretexto de democratizar a cultura parte para um dirigismo, típico dos regimes totalitários. Não cabe ao governo orientar ou dirigir a cultura com metas e direções para ela ou para seus cultores. O governo deve ser um pólo de referência para amparar as mais legítimas manifestações artísticas. É um grande erro pensar que o governo deve ser a Irmã Dulce da arte a fazer caridade para os medíocres, coitadinhos, que estariam para as celebridades como os pobres para os burgueses. Arte de nível é privilégio de poucos. E se faz com talento que governo nenhum pode dar. Esse raciocínio demagógico que procura compensar a burrice dando-lhes as melhores oportunidades, termina criando o Produto Interno Estúpido. Talento não vem de um grupo ou partido.
Ninguém fica célebre às custas do governo. Quem não tem suingue morre com a boca cheia de formiga.
É inegável que, nas administrações passadas, houve uma quantidade de aproveitadores que mamaram na teta do estado e realizaram obras de qualidade duvidosa. Mas não se pode passar um trator por cima de todas as realizações passadas que levaram dezesseis anos para se consolidar. Uma das vantagens destas administrações foi, sem dúvida, a continuidade que as obras tiveram, sem o clássico desmanche que políticas contrárias executam. Algumas dessas obras, como a Casa de Jorge Amado, o Museus Costa Pinto, o Teatro XVIII, o Balé do TCA (com fama internacional), não podem ser bodes expiatórios. Não foram parasitas do governo e sim geraram e difundiram cultura. Não pertencem a panelinhas e sim a toda Bahia.
Não há n enhuma certeza de que a esquerda vai continuar no poder.
Se as ações culturais não forem cautelosas, ao fim do mandato de Jaques Wagner teremos um futuro incerto em cima de um passado arrasado. Não se trata de consolar os obscuros mas de avivar a luz.
Neste Blog Demais há nove meses temos postado sobre o o avanço para a retaguarda instalado no governo petista. O artigo de Ildásio Tavares é um libelo contra o arraso que se faz na cultura baiana (de Salvador, fique-se claro). Falta a imprensa da capital tomar conhecimento do que acontece em Feira de Santana, por exemplo, com a obra do Teatro e Centro de Convenções paralizada pelo governo sob as mais estapafúrdias e desencontradas justificativas. Talvez, não queiram nominar o equipamento quando pronto (será que fica?) de Teatro Governador Paulo Souto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Excelente apologia do amigo Tavares, um intelectual de mão cheia, com o dom da vereve e da pena.

Todos nós, acadêmicos, poetas, artistas enfim sentimos a dor da retaliação do PT contra os governos passados. Mas já dizia o adágio popular: "Águas passadas não movem moinhos" e esse partido não pode endurecer a tal ponto de prejudicar a mágica e misteriosa Bahia. Isso é burrice.

Concordamos com a iniciativa de Ildásio Tavares de chamar a classe política à raia de fato; esse jogo de faz-desfaz já não cabe mais na contemporaneidade; estamos no século XXI, terceiro milênio! Precisamos unir forças e dar as mãos para construir um país, um estado baiano mais sólido, coeso e pujante de riquezas, divisas, turismo estimulado e dinâmico.

A julgar por essa gravidez abortada prematuramente já aos 9 meses, temos a dizer que se faz necessário repensar as estratégias, fazer um balanço sério dos objetivos e deixar as atividades de risco para trás se não o resultado será um verdadeiro aborto/homicídio culposo na cultura tão importante e divulgada nos quatro cantos do planeta por J. Amado e outros artistas baianos igualmente talentosos qu deram sua vida e suor para construir a identidade cultural da terra de São Salvador e desse estado mítico que é a Bahia!

Acordai governo WAGNER enquanto há tempo... "muitos serão chamados porém poucos os escolhidos".

Colocai a vossa luz em lugar alto para que todos os demais sejam iluminados e assim dissemine-se a luz, para todos, indistintamente".

Um poeta soteropolitano

Anônimo disse...

VISÃO CURTA DE MEIRELES

20/10/2007 14:35:51

Mais uma vez, o secretário de Cultura, Márcio Meirelles, errou o alvo e politizou uma polêmica - a crise na cultura - ao se expressar ao jornal A Tarde, no "Encontro Territorial da Região Metropolitana de Salvador". Eu já havia feito silêncio sobre esta polêmica, mas Meirelles provoca, cutuca. Ao abordar as críticas, lançou-as na direção do governador Jaques Wagner. Disse: "Temos que entender e ter paciência, já que muitos desses gritos são para Wagner. Querem atingi-lo através de mim". É muita empáfia e falta de visão política. Trata-se exatamente do contrário. Os segmentos da cultura querem, sim, poupar Jaques Wagner. O que Meirelles chama, provocativo, de "fala que sai em forma de chute, grito e provocações", não é para Wagner, não. É para ele, Márcio, mesmo. Ademais, a sua função como secretário seria a de desviar, com um escudo, a crise do governador. E assumi-la, porque essa costuma ser, também, a função de um secretário. Claro, de um bom secretário.

(Samuel Celestino)