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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"Aeroporto, brevemente"

Por Hugo Navarro
Enquanto a tragédia do Rio de Janeiro comove todo o país e a Prefeitura da cidade do Salvador vai por água abaixo, o noticiário local, sempre tão empolgante e volumoso, a não ser o dos costumeiros homicídios, agressões e roubos, míngua a olhos vistos. Desvaneceu-se a esperança da vaga de Secretaria estadual para Feira de Santana, como a da radical reforma do governo deste município. A tantas vezes anunciada e demolidora cisão na política local não aconteceu e ameaça transformar-se em folheto de cordel que poderia ter o título de "A Peleja Entre Zé Ronaldo e Tarcízio Pimenta", e levar a assinatura de qualquer discípulo de Cuíca de Santo Amaro.
Os amantes de novidades terão que se conformar com o novo governo Wagner, que não mais pode falar em "herança maldita" porque, doravante, sua única herança será a dos seus primeiros quatro anos de muita conversa e poucas obras, e outros fatos de somenos importância como a do secretário municipal, com sua imitação de Mussoline, a querer fechar peixaria que fizer descamação e evisceração de peixes no Centro de Abastecimento.
O que existe, além disso, é a pífia campanha do desarmamento, que deveria ter assento no Centro das Indústrias, e a notícia de que moradores das proximidades do denominado aeroporto, cerca de cinquenta almas (não as de Gogol), vão ter, brevemente, água encanada.
Tudo, no governo do Estado, será brevemente.
A notícia, entretanto, lembra algo que sempre andou no desejo do povo feirense, o orgulho de contar com um aeroporto, característica dos grandes centros urbanos, equipamento cuja utilidade e necessidade não se discute, mas que nunca tivemos, o que provoca certo complexo de inferioridade, no seio de nossa gente, nem sempre disfarçado porque o que existe não passa de abandonado campo de aviação.
O primeiro campo de aviação da cidade, criado nos tempos do governo de Heráclito Carvalho (Seu Lolô), ocupava espaço, no Campo Limpo, onde hoje está o bairro que recebeu o nome de George Américo, líder de invasões de terras e, por isso mesmo, herói popular. O alheio, para muita gente, tem sabor especial. O Município, dono do terreno, reagiu, mas seus esforços tonaram-se inócuos porque o governador, Waldyr Pires, benfeitor da humanidade porque fez discursos, declarou a área como de utilidade pública.
No antigo campo de aviação floresceu o Aero Clube, que formou inúmeros pilotos sob o comando de oficial da Aeronáutica, contando com aviões doados por Assis Chateaubriand. Um daqueles aviões, pilotado por José Torres Ferreira (Zé Petitinga), caiu em mangueira de chácara, no Ponto Central, provocando comoção pública. A notícia chegou ao dono do imóvel, quando dava aula de Francês, no Colégio Santanópolis, o Dr. Pedro Américo de Brito, que saiu, precipitadamente, em direção ao local do desastre, seguido por quase todos os estudantes do Colégio e populares, em desabalada e esbaforida correria. O acontecimento era sensacional e inédito, mas resultou em frustração porque soldados do II, 18º. R.I., armados, já haviam isolado toda a área, não permitindo a aproximação de curiosos. O avião teve danos de pequena monta, o piloto livrou-se incólume para novas aventuras aéreas, que não foram poucas, e o Dr. Pedro Américo, salvo alguns galhos quebrados e umas poucas mangas sacrificadas, não sofreu prejuízos.
Diante da invasão e ocupação desordenada do campo, outro governador, que tinha propriedade rural em Jaíba, resolveu dar, ao Município, novo campo de pouso, com o nome de aeroporto, unindo o útil ao agradável, mas o campo, construído perto de sua fazenda, caiu no abandono. Nem os “Irmãos Metralha” ali permaneceram. Brevemente, entretanto, segundo promessa do governo, será recuperado.
Fonte: Jornal "Folha do Norte"

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