Material publicado no Blog Santanópolis nesta terça-feira, 26:
Fernando Sousa Ramos, nasceu em
Feira de Santana em 25 de outubro de 1931, filho de Hildebrando Ramos dos Santos e
Celina de Souza Ramos.
Estudou o curso primário na Escola
João Florêncio, no Colégio Santanópolis cursou os dois
primeiros anos do curso de ginasial (1944-1945), advogado; jornalista, tinha
uma coluna de crítica musical no jornal “Folha do Norte”; escritor, grande
romancista premiado.
Os dois principais livros do
escritor feirense Fernando Ramos, são os romances "Os Enforcados" e
"O Lobisomem de Feira de Santana", edições de 1970 e 2002. As duas
publicações têm capa do artista plástico Juraci Dórea (foto ao lado).
Em "O Lobisomem de Feira
de Santana", o escritor Fernando Ramos coloca o povo de Feira de Santana como
protagonista do romance, que se passa em 1945, sendo ele próprio um dos
personagens, Fernando Espírio, assim como sua irmã, Hortênsia Ramos, a
Hortencinha das Tranças.
No round (capítulo) 14, está
contido: "Dizem que Fernando Espírito tem esse apelido dado pelo inquieto
estudante João Macêdo (botador de apelido), porque o pai era espírita,
acomodando pessoas numa sala, incluindo o coletor Maneca Ferreira, em sessões
noturnas. O filho, com 13 anos, nem queria saber de sessões, mediunidades,
tempestuosos perturbados. (...). Fernando recebeu o apelido de Raimundo
Cordeiro, na Escola João Florêncio, do curso primário, que dizia ser ele
"o Espírito de Will Eisner, espetacular desenho americano das histórias em
quadrinhos".
Prêmio literário da Secretaria
de Educação e Cultura do Estado da Bahia, Prêmio Jorge Amado, ano 1968,
"Os Enforcados", foi editado em 1970. O escritor baiano (de Itajuípe)
Adonias Filho (1915-1990), um dos participantes da comissão julgadora,
considerou (como está na contra-capa do livro): "Este romance é de alta
qualidade literária, e há muito tempo não vejo obra de tão grande valor".
Na apresentação de "Os
Enforcados", o autor Fernando Ramos diz: "Este romance com
protagonistas fictícios se passa em Santa Brígida e localidades circunvizinhas
ao Nordeste da Bahia, onde cavalgaram Lampião e seus cangaceiros. A ação
decorre de 2 de setembro a 7 de outubro de 1966 (Santa Brígida não tinha ainda
luz elétrica), obedecendo a um tempo cronológico e a uma coincidência de fatos,
na caatinga".
Ele finaliza a apresentação,
afirmando: "Antes de tudo, é um romance dramático e irreal num ambiente
real".
Tem verbetes inclusos no
Dicionário Aurélio. Está registrado na "História Crítica da Literatura
Brasileira: A Nova Literatura”, do romancista piauiense Assis Brasil, Companhia
Editora Americana do Rio de Janeiro, 1970.
Em 1969, seu romance "O
Demônio" recebeu o Prêmio Jorge Amado, do Governo da Bahia. Em 1996,
lançou o romance "Uauá, Glória, Tramas e Pistoleiros", pela Editora
BDA Bahia. Na revista "Sertão", em 1955, com seleção de Olney São
Paulo, teve o conto "O Clunâmbulo de Monte Santo" publicado.
Em 1969, participou da
antologia "Doze Contistas da Bahia", com seleção e introdução de
Antônio Olinto, pela Editora Record. Em 1978, participou da antologia "Dezoito
Contistas Baianos", edição da Prefeitura da Cidade do Salvador.
Fernando Ramos também foi ator
- fez um "homem sinistro" - no primeiro filme feirense e do interior
da Bahia, o curta-metragem "Um Crime na Rua", realizado em 1955, por
Olney São Paulo. Também atuou como assistente de direção deste filme e de
"Grito da Terra", em 1964, primeiro longa-metragem de Olney São
Paulo.
Fernando Ramos foi ainda um dos
fundadores da Associação Cultural Filinto Bastos, em 1956, junto com Olney, que
contava que ele "saía se escondendo (das reuniões) para comer 'passarinha'
com pimenta". Nessa época, ele chamava Olney para contar uma idéia de um
romance, "O Chamado das Longínquas Caatingas", que mais tarde virou
conto e que ele esperava virar filme. Tempo também em que se reuniam em noites
de prosas, contando sonhos e projetos, em um bar em frente do prédio da
Prefeitura.
Quando o jornalista Dimas
Oliveira editava o jornal "Feira Hoje", entre 1992 e 1993, publicou
capítulos do livro (ainda inédito) "Meu Nome É Vargas", escrito em
1982 em folhetim.
No capítulo 177 (publicado no
"Feira Hoje" em 7 de fevereiro de 1993), o romancista trata sobre o
Cine Santana e faz referência aos "cinéfilos Dimas Oliveira e José Elmano
Portugal":
"(...) Relampeou que
dávamos atenção a filme de segunda, ele (José Elmano) precipitava a visão para
os de primeira, para a magia do claro-escuro: Otelo, O Gabinete do Dr.
Caligari. Nada de Charlie Chan. Gostava do filmaço moderno 2001: Uma Odisséia
no Espaço, e da atmosfera irreal da imagem conjugada com o monólogo interior:
Hamlet. No entanto, Dimas Oliveira, grande entendido, se internava no Cidadão
Kane de Welles, o maior filme, com que a montagem galopou bem".
No capítulo
224 (publicado em 4 de abril de 1993) , outra referência a Dimas Oliveira:
"A luz cega-me os olhos,
me magnetiza, quando tento decifrar palimpsesto da Idade Média, pertencente ao
metteur-en-scène Dimas Oliveira, o maior conhecedor da sintaxe do filme de arte
desta cidade. Execro luz forte, que atrai mariposas. Prefiro o abajur de luz
fraca ao escrever, como este aqui. (...)".
Quando Fernando Lysesfrank
Sousa Ramos ainda morava em Feira de Santana - estava residindo em Salvador -,
tinha muito contato com ele, em encontros no casarão da família, na então praça
da Matriz, hoje praça Monsenhor Renato de Andrade Galvão, para falar de Feira
de Santana, literatura e cinema - gostava muito ("Não sei o que seria de
minha infância se não fosse o Cine Santana. Ele foi tudo para mim. Eu não tinha
para onde ir").
Fernando faleceu há 12 anos, no
dia 23 de março de 2008, com 76 anos.
Fonte: a principal parte deste perfil, foi
publicado no "Blog Demais", 23 de junho de 2017, Dimas
Oliveira,
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