O semblante descontraído do presidente Jair
Bolsonaro mal escondia seu alívio, ao retornar no fim da tarde à residência
oficial do Palácio Alvorada, após tomar conhecimento de tudo o que o
ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirmou à Polícia Federal. A leitura das
declarações do ex-juiz da Lava Jato mostrou que, afinal, a montanha pariu um
rato. Nem o próprio Moro foi capaz de atribuir fato criminoso ao presidente.
Cargos são do presidente
É risível chamar de "interferência" na PF a decisão
de trocar o diretor ou dois superintendentes, titulares de cargos de
confiança... do presidente.
Ele não precisa explicar
O ex-ministro diz que pediu as razões para substituições
na PF. Cargos são de livre provimento: o presidente não precisa explicar suas
escolhas.
Para fazer média, é ótimo
Moro disse que agiu para "preservar a autonomia" da
PF. Isso soa como música na PF, mas não está na lei. É ainda um sonho na
corporação.
Não dá uma xícara de café
O ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Jr.
leu atentamente o depoimento do ex-ministro Sergio Moro. "Se verdadeiro
confesso que espremendo muito não da uma xícara de café," disse.
Acusação marota
Moro diz não ter assinado a demissão do ex-diretor
da PF, como saiu no Diário Oficial, mas não reclamou de centenas de atos
semelhantes, nos 14 meses como ministro. Não é falsidade ideológica, é a velha
prática da "referenda": todo ato do presidente pertinente a um ministério sai
com o nome do respectivo ministro, que quase nunca é consultado.
Mensagens selecionadas
O ex-ministro da Justiça fez algo que o ex-juiz
Sérgio Moro não aceitaria: liberou para a PF apenas troca de mensagens com o
presidente, mantendo as demais preservadas "por questão de privacidade".
Humm...
Pedido de desculpas
Em depoimento, Moro parecia alguém tentando
consertar uma pisada de bola. Por quatro vezes repetiu que o presidente
Bolsonaro "nunca" pediu relatório ou informação de qualquer tipo sobre
investigações da PF.
Pensando bem....
...como político, Moro se mostrou um excelente
juiz.
quarta-feira, 6 de maio de 2020
"Depoimento de Moro: a montanha pariu um rato"
Fonte: Claudio Humberto
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