É verdade. Antes usar máscara era coisa de bandidos ou de
heróis marginais, como Zorro, Fantasma ou Batman. Agora não. Para sair na rua
ou entrar num supermercado, fora levar uma borrifada de álcool gel nas mãos,
temos que usar máscaras. De repente viramos um bando de mascarados. Quem
imaginaria que tivéssemos de decifrar as pessoas pelo olhar somente? Até parece
que ficamos todos iguais, de vez que a beleza ou a feiura, se esconderam por
detrás de um paninho. Mas, se a máscara, poderia, como pensam alguns, tornar as
pessoas mais iguais, não é verdade? Nem a máscara unificou as pessoas. Há
máscaras e máscaras, de fato. Não porque, na prática, acaba virando um
acessório de moda. Já existe uma diversidade de cores, de estampas, de formas
que até mesmo as máscaras já não iguais. Pode-se até pensar que, pelo menos,
para as mulheres, que ficam dispensadas do uso de maquiagem, a máscara as torna
mais iguais. Mas, não é verdade. Mesmo mascaradas, os olhos mostram as
diferenças e/ou o aroma sutil de um Chanel nº 5 diz mais sobre uma mulher do
que a imaginação poderia supor. E, depois, as mulheres. Ah!, as mulheres são
cheias de meneios, de formas, de sutilezas, que as tornam sempre muito
diferentes. Se bem que se, agora, podemos parecer tão iguais, efetivamente,
nunca fomos iguais e isto é flagrante, mesmo entre os mascarados dos
supermercados, pelos carrinhos, cheios ou não, pelos que nem vem aos
supermercados por não terem como pagar suas mercadorias. A máscara somente nos
mostra que a fragilidade é humana. Só nos mostra que, apesar de tudo que
construímos ou fizemos, de termos ido à lua ou prometermos viagens a Marte,
quando se trata da própria vida, do controle do próprio destino, o homem, por
mais diferente que seja, continua a ser um ser indefeso, um animal, como outro
qualquer, impotente diante das forças da natureza que o cerca. De tal forma
que, por mais que nos torne mais iguais, esta uniformidade facial, qualquer que
seja a cor ou ou estampa, não encobre nada das diferenças humanas. Pode, por um
momento, esconder quem é mais rico ou pobre, elegante ou mal vestido, porém, as
diferenças sociais, a hierarquia social permanece mesmo na desgraça comum, na
vulnerabilidade de todos. Por mais que pareça que todos podemos adoecer e
morrer da mesma forma, não é assim. É verdade que todos estamos, mais ou menos,
desprotegidos diante do vírus, porém, ter dinheiro sempre, na nossa sociedade,
faz diferença. Uma coisa é se sentir mal e ir parar num hospital público ou ter
um plano de saúde ou capacidade de pagar os melhores hospitais. É verdade
também que um vírus veio da China e tirou tudo do lugar, mas, não será um
simples pedaço de pano que nos irá tornar mais iguais. Infelizmente isto
somente acontecerá com muito mais tempo, cultura e educação. As máscaras, é
verdade, servem para nos lembrar da nossa condição humana e de que, nunca
seremos iguais, senão na morte.
Fonte: http://silviopersivo.blogspot.com/Ilustração: https://www.lasnoticiasdiarias.com/.
Nenhum comentário:
Postar um comentário