Por
Reinaldo Azevedo
A maior fonte de especulação e de instabilidade do governo Dilma
chama-se… Dilma. Só nesta quinta, o dólar fechou em alta de quase 2%: R$ 3,759
para venda, maior nível desde 12 de dezembro de 2002, quando chegou a R$ 3,785.
Atenção! Viviam-se dias de altíssima especulação em razão da vitória do PT nas
urnas. Ainda que o partido já houvesse tornado pública a "Carta ao Povo
Brasileiro", em que prometia se ajoelhar no altar do mercado. Só neste ano, a
moeda subiu 41,41%.
É culpa da China? Não! A China não tem nada com isso. A
responsável é, mais do que nunca, a governanta. A impressionante lambança feita
com o envio do Orçamento ao Congresso é a causa imediata do agravamento da
instabilidade. Até agora, não entendi a jogada.
Bem, vamos ser claros: até agora, ninguém entendeu a jogada, nem
mesmo seus geniais articuladores. Não! Eu não estou defendendo que a nossa
Sacerdotisa da Argentinização deveria ter mandado um Orçamento falso para o
Congresso - até porque eu não acredito na verdade dos números enviados.
Eu estou afirmando aqui que houve certo cálculo - burro, para não
variar - na operação. De algum modo, se imaginou que a patuscada iria gerar uma
espécie de solidariedade diante da pátria ameaçada: "Oh, o Brasil está na
pindaíba! Unamo-nos em torno na presidente, em busca de recursos. Acima de nós,
está o Brasil".
O único que cedeu a essa conversa foi Renan Calheiros. Na hora,
não lhe ocorreu nada mais grandioso do que fundir Valeska Popuzada com Thomas
Jefferson: "Tiro, porrada e bomba, como dizem versos da música contemporânea,
não reerguem nações: espalham ruínas e só ampliam escombros. Não seremos
sabotadores da Nação."
Dá-lhe, Renan! Gostei mesmo foi da reação da funkeira, a única
coisa sensata de todo o imbróglio. Afirmou ela: "Colocando no contexto da crise
econômica que vivemos e sofremos muito, a única coisa que eu peço - como uma
pessoa que segue sofrendo de perto todos os efeitos da crise, como todos os
demais brasileiros - é que resolvam com inteligência e sem roubalheira".
Na entrevista que concedeu, Dilma tentou remendar a besteira que
fez, afirmando que o governo apresentará uma espécie de emenda ao orçamento, em
que se vai procurar zerar o déficit. Talvez seja apenas uma medida de proteção
legal, já que é evidente que a proposta agride a Lei de Responsabilidade
Fiscal. Mas o estrago já está feito. E a correção só vai aumentar a
desconfiança.
O busílis é o seguinte, se números significam alguma coisa, e eles
significam: o mercado alimenta em relação a Dilma a mesma desconfiança que
alimentava em dezembro de 2002, quando ainda não conhecia o PT no governo.
Explica-se: afinal de contas, todos já conhecemos o PT no governo!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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