Por Michelson
Borges
Ontem foi um dia triste para a família
e os amigos de Marco Archer, o brasileiro condenado à morte pela justiça da
Indonésia. Archer foi preso no país em 2004 tentando levar 13 quilos de cocaína
escondidos nos tubos de uma asa delta. A droga foi
descoberta pelo raio x, no Aeroporto Internacional de Jacarta. Archer conseguiu
fugir do aeroporto, mas duas semanas depois acabou preso novamente. A Indonésia
pune o tráfico de drogas com pena de morte, e certamente o brasileiro sabia
disso. Teria ele contado com o velho "jeitinho brasileiro"? Achava
que poderia burlar a vigilância, como fazem tantos traficantes e malfeitores
aqui no Brasil? Por que, mesmo sabendo do risco que corria, ele decidiu levar
consigo a carga mortal?
Não quero entrar na discussão a
respeito da desproporcionalidade da pena ou se o sistema de justiça indonésio é
justo ou não. Não concordo com a pena de morte, pois creio que um ser humano
não tem o direito moral de tirar a vida de outro ser humano. Mas também abomino
os traficantes que não pensam nas vidas destruídas pelo "negócio" que
eles ajudam a alimentar. De certa forma, os traficantes sentenciam à morte
milhares de pessoas todos os dias. Uma morte lenta e desgraçada, muito pior do
que a morte instantânea causada por um tiro na cabeça.
Archer chegou ao fim da linha por
desafiar as leis de um país. Mas incontáveis pessoas arriscam a vida todos os
dias, ao desafiar as leis de Deus, as leis da existência. Acreditam que
passarão incólumes por aqui, desprezando os preceitos estabelecidos justamente
para a proteção delas. O pecado é como um pacote de cocaína: põe em risco
aquele que o transporta e destrói aquele que o recebe. No fim das contas, todos
os que se envolvem com ele acabam prejudicados. E, finalmente, aqueles que se
apegarem ao pecado serão destruídos com ele. O maior perigo está em justamente
nos acostumar a ele e achar que o "jeitinho brasileiro" sempre
resolve. Que podemos brincar com o pecado como quem brinca com fogo pensando
que não vai se queimar.
Quatro horas após o fuzilamento, o
corpo de Marco Archer foi cremado. Só restam cinzas dele agora. Nem o apelo da
presidente Dilma fez com que a sentença fosse mudada. Cinzas... É nisso que se
resume uma vida dominada pelo mal. E é exatamente esse o fim de uma vida
desconectada da Fonte.
Ontem foi um dia triste para a
humanidade. Mais um de nós acabou em cinzas.
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