Por
Reinaldo Azevedo
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, negou o pedido de
clemência feito por Dilma Rousseff, e o brasileiro Marco Archer Cardoso
Moreira, condenado naquele país por tráfico de drogas, deve ser fuzilado no
domingo. Rodrigo Muxfeldt, outro brasileiro, deve ter o mesmo destino. O
resultado da conversa diz um tanto dos governos do Brasil e da Indonésia.
Comecemos por este. Entre 2013 e 2014, pelos menos 300 terroristas - sim, terroristas deixaram a cadeia. Em 2002, o grupo Jemaah Islamiyah, ramo da
Qaeda no Sudeste asiático, matou 200 pessoas num atentado suicida praticado em
Bali. O grupo explodiu duas vezes o hotel JW Marriott em Jacarta, em 2003 e
2009. Pelos menos 830 pessoas ligadas a ação terrorista deixaram a cadeia nos
últimos dez anos.
Com mais de 250 milhões de habitantes, a Indonésia é o mais
populoso país de maioria muçulmana do mundo (87%) e se transformou num dos
focos do jihadismo. Qual é o ponto? O que isso tem a ver com Marco Acher e
Rodrigo, que, de fato, praticaram tráfico de droga - o que pode, sim, ser
punido com a morte no país?
A resposta é óbvia e vem na forma de uma pergunta: que país põe
centenas de terroristas na rua e executa traficantes de drogas estrangeiros,
não cedendo ao pedido de clemência de um outro chefe de Estado? Resposta: um
país que é clemente com os terroristas.
Sim, isso diz bastante do regime indonésio, mas também fala do
Brasil. O país, definitivamente, anda em baixa no mundo. Acabou aquela onda. A
diplomacia brasileira é, para dizer pouco, melancólica. Há muito o país deveria
ter conduzido negociações de bastidores para evitar esse desfecho. Eis
aí.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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