Por Ricardo Setti
Ficou
para a história do mau caratismo em campanhas eleitorais o debate pela TV, no
segundo turno da eleição presidencial do ano passado, no qual a presidente
Dilma afirmou que seu oponente, o tucano Aécio Neves, iria adotar "medidas
impopulares", o que ela simplificou de forma calhorda para "ou seja, medidas
contra o povo".
Em
país sério, líder que anuncia adotar e principalmente líder que põe em
prática medidas impopulares - pensando no bem do país, em consertar erros, em
colocá-lo no rumo e não, como gênios do mal, esfregando as mãos de prazer em
prejudicar "o povo" -, independentemente de sofrer prejuízos eleitorais, é
candidato certo a estadista.
No
manequeísmo primário que vivemos no Brasil, porém, quem toma medidas pensando
em futuras gerações, e não em futuras eleições, é apedrejado demagogicamente
pelos adversários - e o pior de tudo é que eles sabem que, uma vez no
poder, terão que fazer muito, ou tudo, do que criticavam no outro.
O
caso da presidente Dilma já está se tornando clássico. No afã de obter votos,
ela atribuiu a Aécio até iniciativas que ele não chegou a prometer - as "medidas impopulares", que certamente precisariam ser levadas a efeito para
fazer frente à herança maldita dilmista, foram referidas pelo economista e
ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que seria o ministro da Fazenda
de Aécio.
Pois
foi só passar a eleição, e foi aquilo que vimos, e estamos vendo: subida nos
juros, depois uma paulada em meia dúzia de benefícios da Previdência Social que
não excluiu nem viúvas, um brutal corte de despesas etc etc… Agora, como
jornalistas independentes cansaram de repetir durante a campanha
eleitoral, chega a vez de começar pagar a conta da demagogia de empurrar
para debaixo do tapete custos enormes, que tornariam ainda pior a inflação da
herança maldita que Dilma acabaria deixando para si própria.
No
caso, da energia elétrica, com preços artificialmente controlados pelo governo
anterior de Dilma, o que levou as empresas geradoras e distribuidoras a um
monumental déficit, coberto aqui e ali por empréstimos favorecidos pelo governo
para que as empresas não quebrassem. Mas a brincadeira está acabando, e, para
compensar o arrocho artificial na eletricidade, vem aí - preparem-se, todos! -
uma paulada considerável nas contas de energia elétrica. A coisa pode chegar a…
40% EM MÉDIA, ou seja, haverá muitos casos em que estará acima deste patamar - isso num país em que, jurava a presidente-candidata, a inflação "está sob
controle".
A
estimativa de que as contas de energia elétrica devem subir, em média, 40% em
2015 vêm de uma estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), que foi apresentada na segunda-feira à presidente Dilma
Rousseff e aos novos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e de Minas e Energia,
Eduardo Braga.
O
aumento é bem maior do que o que consta no relatório de inflação do Banco
Central, que previa alta de 17% e pode representar um acréscimo de 1,2 ponto
porcentual no índice de inflação (IPCA) deste ano.
Segundo
o jornal Valor Econômico,
referido em matéria de VEJA.com, na estimativa da Aneel já está
previsto o fim da ajuda do
Tesouro às elétricas.
Diz
ainda VEJA.com que "em ano de corte de gastos, o governo disse na segunda-feira
que não bancará mais o
rombo financeiro, deixando para trás a política tão defendida
pela presidente em 2012, baseada em subsídios ao setor".
Só
em 2014 as elétricas precisaram tomar emprestados colossais 17,8 bilhões de
reais.
Agora,
quem começará a pagar a conta somos nós, consumidores.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/
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