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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

"O velho e desgastado discurso do PT"

Por Ricardo Noblat
Um dia desses, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) disse a propósito do seu partido: "Ou o PT muda ou se acaba".
Para que mude deverá renova seu discurso que é mais ou menos o mesmo desde que Lula se elegeu presidente pela primeira vez.
Um bom exemplo do discurso velho, gasto e nada convincente saiu da boca do ex-ministro Gilberto Carvalho durante reunião com 150 militantes do PT em Brasília, anteontem.
Para defender o ex-ministro José Dirceu, citado na Operação Lava-Jato que investiga a roubalheira da Petrobras, Gilberto apelou para a vitimização do partido, anotou a repórter Fernanda Krakovics.
Disse a certa altura:
- Eles [a oposição] querem nos levar para as barras dos tribunais. O envolvimento do Zé (Dirceu) agora de novo é tudo na mesma perspectiva. E a leitura que se impõe diariamente na cabeça do nosso povo é essa de que a corrupção nasce conosco e por isso não temos condição de continuar governando o país.
Manobra antiga e viciada, essa de se exibir como vítima. Sem dizer exatamente de quem. Do mundo todo ou quase todo. A capacidade de imaginação de Gilberto o a avançar:
- Tem uma central de inteligência disposta a fazer o ataque definitivo ao Partido dos Trabalhadores e a nosso projeto popular. Não vamos subestimar a capacidade deles para nos criminalizar, nos identificar com o roubo, para nos chamar de ladrão, para tentar impingir em nós uma separação definitiva em relação à classe média, para tentar nos isolar e inviabilizar em 2018 a candidatura do Lula, seja politicamente, seja judicialmente.
Que central de inteligência é essa? Montada aonde? Manejada por quem? Por que é tão fácil ligar o PT a escândalos? Por que os brasileiros são uns tolos dispostos a acreditar em qualquer coisa? Ou por que o PT oferece razões de sobra para isso?
Falar em candidatura de Lula para 2018 é a melhor maneira de reconhecer que o PT não dispõe de outro nome para suceder Dilma. E não dispõe mesmo. Que partido é esse, há 12 anos no poder, destinado a ficar mais quatro, e tão carente de líderes?
Gilberto justificou as duras medidas fiscais adotadas por Dilma mal o seu segundo governo começou Mas passou longe do motivo que a levou a adotá-las - os erros cometidos pela presidente na condução da política econômica do seu primeiro governo.
Também não enfrentou a irritação dos petistas com as medidas fiscais. Eles discordam delas, até aí nada demais. Ocorre que eles também acreditaram na palavra de Dilma quando ela disse que tais medidas seriam dispensáveis. Dilma mentiu.
Por fim, Gilberto valeu-se do truque ao gosto dos seus companheiros de considerar eventuais derrotas do PT como derrotas dos mais pobres, quando elas são simplesmente derrotas do PT. E por vezes merecidas.
- Se a gente baixar a cabeça, se a gente se acadelar, tiver medo deles, eles vão passar por cima de nós, eles vão provocar uma derrota não ao partido, mas aos mais pobres, aos excluídos.
Estou por ver em apuros outro partido que tenha sido vitorioso há tão pouco tempo. Vitória amarga do jeito que foi.

Fonte: "Blog do Noblat"

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