Por Ricardo Noblat
Um dia desses, a
senadora Marta Suplicy (PT-SP) disse a propósito do seu partido: "Ou o PT
muda ou se acaba".
Para que mude deverá
renova seu discurso que é mais ou menos o mesmo desde que Lula se elegeu
presidente pela primeira vez.
Um bom exemplo do
discurso velho, gasto e nada convincente saiu da boca do ex-ministro Gilberto
Carvalho durante reunião com 150 militantes do PT em Brasília, anteontem.
Para defender o
ex-ministro José Dirceu, citado na Operação Lava-Jato que investiga a
roubalheira da Petrobras, Gilberto apelou para a vitimização do partido, anotou
a repórter Fernanda Krakovics.
Disse a certa altura:
- Eles [a oposição]
querem nos levar para as barras dos tribunais. O envolvimento do Zé (Dirceu)
agora de novo é tudo na mesma perspectiva. E a leitura que se impõe diariamente
na cabeça do nosso povo é essa de que a corrupção nasce conosco e por isso não
temos condição de continuar governando o país.
Manobra antiga e
viciada, essa de se exibir como vítima. Sem dizer exatamente de quem. Do mundo
todo ou quase todo. A capacidade de imaginação de Gilberto o a avançar:
- Tem uma central de
inteligência disposta a fazer o ataque definitivo ao Partido dos Trabalhadores
e a nosso projeto popular. Não vamos subestimar a capacidade deles para nos
criminalizar, nos identificar com o roubo, para nos chamar de ladrão, para
tentar impingir em nós uma separação definitiva em relação à classe média, para
tentar nos isolar e inviabilizar em 2018 a candidatura do Lula, seja
politicamente, seja judicialmente.
Que central de
inteligência é essa? Montada aonde? Manejada por quem? Por que é tão fácil
ligar o PT a escândalos? Por que os brasileiros são uns tolos dispostos a
acreditar em qualquer coisa? Ou por que o PT oferece razões de sobra para isso?
Falar em candidatura
de Lula para 2018 é a melhor maneira de reconhecer que o PT não dispõe de outro
nome para suceder Dilma. E não dispõe mesmo. Que partido é esse, há 12 anos no
poder, destinado a ficar mais quatro, e tão carente de líderes?
Gilberto justificou
as duras medidas fiscais adotadas por Dilma mal o seu segundo governo começou
Mas passou longe do motivo que a levou a adotá-las - os erros cometidos pela
presidente na condução da política econômica do seu primeiro governo.
Também não enfrentou
a irritação dos petistas com as medidas fiscais. Eles discordam delas, até aí
nada demais. Ocorre que eles também acreditaram na palavra de Dilma quando ela
disse que tais medidas seriam dispensáveis. Dilma mentiu.
Por fim, Gilberto
valeu-se do truque ao gosto dos seus companheiros de considerar eventuais
derrotas do PT como derrotas dos mais pobres, quando elas são simplesmente
derrotas do PT. E por vezes merecidas.
- Se a gente baixar a
cabeça, se a gente se acadelar, tiver medo deles, eles vão passar por cima de
nós, eles vão provocar uma derrota não ao partido, mas aos mais pobres, aos
excluídos.
Estou por ver em
apuros outro partido que tenha sido vitorioso há tão pouco tempo. Vitória
amarga do jeito que foi.
Fonte: "Blog do Noblat"
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