Há quase 27 anos, em junho de 1988, couro cru, varas, espinhos,
cascalho e bosta de vaca foram exportados de Feira de Santana para Veneza, na
Itália. Foi quando o artista plástico Juraci Dórea apareceu na XLIII Exposição
Internacional de Arte - a Bienal de Veneza, com sua obra aberta, de uma
singularidade significativa que se ocupava em buscar a afirmação de uma
identidade brasileira e as raízes culturais. Sua obra esteve exposta nos
jardins de Veneza, entre 26 de junho e 25 de setembro daquele ano. Obra de cor,
cheiro e alma.
Juraci foi escolhido pela curadora Lélia Coelho Frota para
representar o Brasil junto com escultor paulista José Resende no grande evento
internacional e conseguiu transpor um pouco do pardo requeimado das caatingas,
ambientando na cosmopolita Veneza o cenário para suas quatro esculturas de
couro e madeira. Espinhos, cascalho, bosta de vaca foram componentes da
instalação no pavilhão brasileiro, sendo que causou certo frisson na
considerada bem-comportada Bienal, pois sendo polemizado, ganhando espaço em
jornais como "Il Gazzettino" e "Corriere Della Sera",
conseqüentemente aumentando o número de visitantes. Em tudo ficou a constatação
de um equívoco: os sensíveis narizes europeus não conseguiram entender que o
cheiro era do couro curtido utilizado nas esculturas e não do estrume que
compunha o ambiente.
Para Juraci Dórea o que importou foi ter quebrado o isolamento cultural, pois em contato com a criação estética e a crítica internacional surgiram as conseqüências imediatas: convites para exposições na Suíça e nos Estados Unidos, além da participação na Bienal de Cuba, no ano seguinte, o que se confirmou. O crítico francês Pierre Restany, um dos jurados da Bienal, afirmou então que Juraci tem um "trabalho de consciência nacional, com sensibilidade ecológica e antropológica. Interessa-me muitíssimo". Já Belgica Rodriguez, presidente da Associação Internacional dos Críticos de Arte, disse na época que o artista tem "uma obra incomum, de uma singularidade impressionante na recuperação de material fora de órbita não-tradicional". Para a curadora Lélia Coelho Frota, a obra de Juraci Dórea "é um retrato possível entre os retratos possíveis do Brasil".
Para Juraci Dórea o que importou foi ter quebrado o isolamento cultural, pois em contato com a criação estética e a crítica internacional surgiram as conseqüências imediatas: convites para exposições na Suíça e nos Estados Unidos, além da participação na Bienal de Cuba, no ano seguinte, o que se confirmou. O crítico francês Pierre Restany, um dos jurados da Bienal, afirmou então que Juraci tem um "trabalho de consciência nacional, com sensibilidade ecológica e antropológica. Interessa-me muitíssimo". Já Belgica Rodriguez, presidente da Associação Internacional dos Críticos de Arte, disse na época que o artista tem "uma obra incomum, de uma singularidade impressionante na recuperação de material fora de órbita não-tradicional". Para a curadora Lélia Coelho Frota, a obra de Juraci Dórea "é um retrato possível entre os retratos possíveis do Brasil".
Em Veneza, o Projeto Terra foi
apresentado por documentação fotográfica e vídeo além de duas esculturas dos
"Jardins de Veneza", em couro e madeira, 3,60x3,00. Também foram
apresentados os vídeos sobre a obra de Juraci: "Terra", 1982, transcrito
do Super 8, fotografia de Robinson Roberto; "Escultura da Tapera",
com imagens de Dimas Oliveira - que acompanhou o artista em Veneza -
e Juraci Dórea, texto de Antônio Brasileiro e edição de Amadeu Campos (DB
Vídeo) e Dimas Oliveira, músicas de Elomar e Fábio Paes.
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