Por Reinaldo Azevedo
Raramente vivemos uma jornada tão interessante em tão pouco tempo
como nesta quarta-feira. O dia raiou com a notícia da prisão de Caio Silva de
Souza, que, em companhia de Fábio Raposo, matou o cinegrafista Santiago
Andrade. Passava um pouco das oito da manhã quando, em entrevista ao vivo,
concedida à rádio Jovem Pan - eu estava entre os entrevistadores - o advogado
Jonas Tadeu Nunes revelou que grupos e partidos políticos financiam alguns
desses que estão nas ruas promovendo a desordem; financiam, em suma, o que ele
chamou de "terrorismo social".
Poucas horas depois, militantes do MST promoveram um badernaço em
Brasília; tentaram invadir o Supremo Tribunal Federal, que teve de suspender a
sessão; derrubaram grades de proteção em frente ao Palácio do Planalto;
entraram em confronto com policiais militares do Distrito Federal com uma
violência até então desconhecida em manifestações assim e feriram 30 policiais,
oito deles com gravidade.
Ao mesmo tempo, no Senado, esquentava o debate sobre o Projeto de
Lei nº 499 que passa a definir o crime de terrorismo. Nossa Constituição
considera esse crime inafiançável e não passível de graça ou anistia, mas não
existe uma lei para punir ações terroristas, o que é um absurdo.
A íntegra do texto está aqui. A proposta pune com até 30 anos de cadeia quem
infunde terror na população ou ameaça a segurança coletiva, atentando contra
serviços essências, como transporte público ou obras de infraestrutura. Como já
lembrei aqui, por que o país não tem até hoje uma lei como essa, vigente nas
melhores e mais tolerantes democracias do mundo?
Porque as esquerdas, e o PT em particular, nunca permitiram.
Sempre temeram que uma lei com essas características acabasse tolhendo o
arbítrio e a truculência de aliados seus, como o MST por exemplo. E não deu
outra: os petistas não querem aprovar o texto como está; eles exigem que os
ditos movimentos sociais sejam excluídos do risco de punição. Vocês entenderam
direito: os companheiros aceitam, sim, ter uma lei antiterror, mas só se ela
não alcançar os que se chamam a si mesmos de "movimentos sociais".
Ora, um desses grupos ligados ao PT é justamente o MST, o dito
Movimento dos Sem-Terra, que invadiu Brasília nesta quarta-feira. Por onde
passaram, os ditos sem-terra promoveram o caos, a desordem. Argumentaram com
paus, pedras, porretes. O sangue correu na Praça dos Três Poderes,
especialmente o dos policiais militares.
E o que fez o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da
Presidência e homem encarregado de conversar com os movimentos sociais? Desceu
para dialogar com os baderneiros. Pior: a presidente Dilma Rousseff prometeu
receber as lideranças nesta quinta-feira.
Atenção, leitores! Três dias depois da morte de Santiago Andrade
em razão da ação violenta de supostos manifestantes, a presidente decide levar
para o Palácio interlocutores que não recorrem a substantivos, mas a paus; que
não empregam adjetivos, mas pedras; que não formulam frases, mas usam porretes.
É verdade! Se o país tivesse uma lei antiterror, é bem possível
que a ação do MST desta quarta pudesse ser assim caracterizada. Mas pensemos um
pouco: se os movimentos sociais ficam livres para ameaçar a segurança coletiva,
como, então, punir estes que se dizem black blocs? É patético: um dia
depois de o governo federal prometer combater com severidade a violência nas
ruas, Dilma aceita receber baderneiros em palácio, que se impõem na base da porrada.
Se o governo aplaude o 'red blocs', os terroristas de vermelho do MST, como é
que vai combater os black blocs, os terroristas de preto?
Ao fazê-lo, Dilma leva o terrorismo para dentro do Palácio.
Para encerrar
Já começou a gritaria dos "amigos do povo" contra a lei que pune o terrorismo. Por alguma razão, acham que ela pode tolher a liberdade. É mesmo? Eu queria saber o que há de libertário na ação de vagabundos que incendiam ônibus, que depredam prédios púbicos ou que põem em risco a segurança de milhares de pessoas infundindo terror em áreas públicas, como estações de metrô, por exemplo.
Já começou a gritaria dos "amigos do povo" contra a lei que pune o terrorismo. Por alguma razão, acham que ela pode tolher a liberdade. É mesmo? Eu queria saber o que há de libertário na ação de vagabundos que incendiam ônibus, que depredam prédios púbicos ou que põem em risco a segurança de milhares de pessoas infundindo terror em áreas públicas, como estações de metrô, por exemplo.
É grande o risco de a lei antiterror no Brasil valer para quem,
por exemplo, se armar para defender a sua propriedade, mas não para quem se
armar para invadi-la. Fiquem atentos.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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