Por Reinaldo Azevedo
A presidente Dilma Rousseff afirmou, em Bruxelas, que
é inútil a imprensa brasileira tentar criar uma conflito entre ela e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Será que os jornalistas andam mesmo
fazendo esse tipo de fuxico?
Antes fosse assim, não é? Seria melhor para a presidente Dilma e,
em certa medida, para o país. É evidente que a imprensa brasileira tem mais o
que fazer do que se dedicar a fuxico que possa indispor o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e a atual mandatária da nação. Para a má sorte da
presidente, quem anda investindo no conflito são os muitos braços que Lula
mantém na Presidência da República.
Lula tem recebido, como sabem, uma verdadeira romaria de
empresários e políticos para ouvir reclamações sobre o governo. E, o que é pior
para Dilma, tem concordado com os interlocutores. A presidente, é claro!, não
pode admitir isso de público, então, para todos os efeitos, a culpa recai sobre
os ombros largos dos jornalistas.
Nesta quarta, em Bruxelas, na Bélgica, disse a presidente aos
repórteres, segundo informa a Folha: "Eu acho que vocês podem
de todas as formas criar qualquer conflito, barulho ou ruído entre mim e o
presidente Lula, que vocês não vão conseguir. Eu e o presidente Lula não temos
divergências, a não ser as normais".
Dilma sabe que não é assim. E os jornalistas também sabem que
estão cansados de ouvir lulistas e dilmistas reclamando uns dos outros, embora
ninguém se atreva a dar a cara a tapa. Nos bastidores, a presidente é a mais
furiosa com o clima de fofoca permanente.
Querem um exemplo? Pois não! No domingo, a Confederação Nacional
de Agricultura e Pecuária do Brasil, a CNA, e a Confederação Nacional da
Indústria, a CNI, ofereceram um jantar a Dilma lá em Bruxelas, no Hotel Steigenberger.
Ela foi àquele país participar da reunião de cúpula Brasil-União Europeia. Os
empresários estavam justamente incitando a presidente a fechar um acordo com os
europeus. Se possível, no âmbito do Mercosul; se não, que o nosso país desse
início a uma negociação bilateral.
O encontro foi cordial. Uma influente coluna de política no
Brasil, no entanto, publicou nesta segunda que tanto CNI como CNA estão
mobilizadas em favor da volta de Lula. É apenas mentira.
E aqui cumpre lembrar algumas coisas. O Mercosul é uma desgraça
para nós. Impede o Brasil de fazer acordos com outros países porque ou todo
mundo topa, ou ninguém faz. "Todo mundo" quem? Os membros que compõem o bloco:
Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai, que, por enquanto, está suspenso.
Estão em curso no mundo 354 acordos bilaterais, metade deles
firmada de 2003 a esta data. O Brasil assinou só três e mantém apenas um: com
Israel. Os outros dois, com a Palestina, calculem vocês, e com o Egito, não
deram certo. Os EUA estabeleceram nada menos de 14 e estão prestes a fechar um
pacto gigante com a União Europeia, que participa de 32, que pode nos empurrar
para a periferia do mundo. A China, com a importância que assumiu no planeta,
já assinou 15.
Lula não é o pai do Mercosul, mas está na origem da política
comercial caduca vigente, que condena o país ao atraso. Os empresários da
indústria e do agronegócio estavam pedindo a Dilma, no domingo, que mude o rumo
dessa prosa. No Brasil, no entanto, a notícia que circulou é que estão reivindicando
a volta do ex-presidente.
Então encerro agora com um recado direto a Dilma: sabe,
presidente, quem plantou a falsa informação? Não foram os jornalistas, não, mas
petistas ligados ao sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É o que se chama "fogo
amigo".
Fonte: "Blog Reinaldo
Azevedo"
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