Por Heraldo Rocha
A
jogada de marketing desesperada do Palácio do Planalto parece que não deu certo
e logo se transformou numa enxurrada de mais protestos não somente das ruas em
todo o país, mas agora de entidades respeitadas e com apoio da sociedade civil
organizada. O plebiscito sugerido pelo Planalto conseguiu unir do mesmo lado
Supremo Tribunal Federal, OAB, CNBB, Congresso Nacional - e mais um sem número
de entidades - contra essa ação que chega com pelo menos dois anos de atraso -
já que foi proposta durante a campanha eleitoral - a fim de desviar o foco da
atenção dos protestos e reivindicações feitas durante as manifestações das rua.
Apesar
da proposta da reforma política ter chegado atrasada, é bem-vinda. Mas não da
forma como está sendo imposta pelo governo ao Congresso e à sociedade. Um
plebiscito seria precipitado uma vez que a sociedade precisa ser informada
sobre o que vai votar. E não se pode empurrar goela abaixo questões como voto
distrital; financiamento público ou privado das campanhas; entre outras
questões, sem que haja um esclarecimento amplo sobre o que cada uma destas
questões representa.
Neste
aspecto, fico com a maioria dos juristas que defendem um referendo após a
apreciação do projeto aprovado pelo Congresso Nacional. Enquanto as discussões
iam se processando, a sociedade iria tomando conhecimento do desenrolar das
mudanças propostas para, por fim, dizer se as aprovaria ou não, de forma clara
e direta. Vejo essa como a melhor saída.
Mas,
volto-me a avaliar porque o Palácio do Planalto resolveu, tão repentinamente,
colocar em votação a reforma política em pauta. Foi por conta da pressão das
ruas? Acredito que sim, mas não por imposição das ruas. Até porque, pelo que
pude perceber, a grita maior era contra a PEC 37 - reprovada pelo Congresso
como impôs as ruas -, as reformas na infraestrutura básica do país, mais
transparência e menos desvios de todas as espécies no país, principalmente os
morais. A reforma política vinha muito atrás desta lista de prioridades.
Mas,
acuado, o Planalto vem, agora, de forma açodada, querer impor um novo ritmo ao
país, sem resolver questões cruciais. O objetivo é óbvio, mas será que vai
conseguir desviar o foco das atenções das manifestações das ruas? Não acredito.
O gigante despertou de vez de um sono profundo e - espero, definitivamente. E
não vai ser com contratação emergencial de médicos estrangeiros; a aquisição de
toneladas de feijão estrangeiro, isenção momentânea de impostos sobre
transportes e outras medidas emergenciais de fachada como essa reforma
política, que as coisas vão mudar. Porque o erro não está naquilo que o povo
quer, mas na forma com que o governo conduz essa Nação. Então, a mudança deve
ser de rumos e de projetos porque este que ai está, o povo já disse que não o
aceita mais!
Heraldo
Rocha é ex-deputado estadual e presidente municipal do Partido Democratas de
Salvador
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