Por Augusto
Nunes
O companheiro Fernando Haddad jura que não
vai dispensar o aliado Paulo Maluf da devolução, imposta pela Justiça de
Jersey, dos milhões de dólares tungados da prefeitura paulistana. Mas agirá com
muita discrição, ressalvou a reportagem do Estadão. Haddad pretende
botar a mão no dinheiro sem magoar o parceiro que lhe fez até cafuné na cabeça
quando posaram para a posteridade no jardim da mansão.
Maluf, que sabe ser grato, também tem sido
bastante discreto nas negociações que envolvem a entrega ao PP de parte da
máquina administrativa municipal - cofres incluídos. Até agora, por exemplo,
não revelou nenhuma cláusula mais perigosa do contrato de aluguel.
O ex-prefeito também tem tratado com exemplar
discrição o que anda acontecendo no STF. O Maluf dos velhos tempos não resistiria
à tentação de lembrar que, se ficou preso menos de dois meses, os inimigos que
sonhavam vê-lo na cadeia vão dormir numa cela mais de dois anos.
São elogiáveis esses cuidados recíprocos,
destinados a preservar o casamento que uniu um renovador da esquerda
revolucionária mensaleira e um ultrarreacionário procurado pela Interpol. Para
coisa tão rara, toda cautela é pouca. Não seria nenhum exagero, portanto,
proteger com o segredo de Justiça, como acontece nas Varas de Família, qualquer
caso de polícia que ameace a harmonia do casal.
Se não estivesse tão atormentado com a
administração das masmorras medievais que seu partido administra há 10 anos,
José Eduardo Cardozo já teria socorrido Haddad e Maluf. Assim que tiver tempo,
o ministro da Justiça vai melhorar a vida dos bons companheiros com a criação
da Vara de Famiglia.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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