Por Reinaldo
Azevedo
O deputado Odair Cunha (PT-MG) demonstra que, no petismo,
quem sai aos seus sempre degenera. Ele até tentou, ao longo da CPI do
Cachoeira, afetar um certo ar de seriedade, emprestando à missão o ar grave do
homem de estado, preocupado com a moralidade pública e coisa e tal. Mas não
resistiu e sucumbiu não propriamente à pressão, mas àquela que é a sua
natureza. O deputado deve apresentar hoje o relatório da CPI da Vergonha. E é
da vergonha por quê?
Embora ele tenha decidido redigir um capítulo sobre a
construtora Delta e peça o indiciamento do empresário Fernando Cavendish, todo
mundo sabe que a empresa, hoje a segunda que mais recebe recursos federais, não
foi investigada. Ao contrário: quando o imbróglio apareceu, os petistas bateram
em retirada. Citar a Delta e pedir o indiciamento de Cavendish é só uma das
vezes em que esta triste figura - que já havia tentado uma firula para livrar a
cara dos mensaleiros - recorre a uma falsa virtude para referendar o vício.
No capítulo final da CPI, o senhor Odair Cunha resolveu
acertar os alvos que haviam sido inicialmente definidos por Lula:
oposicionistas, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a imprensa
independente – representada, no caso, pelo jornalista Policarpo Júnior, da
VEJA.
Sim, senhores! Odair Cunha, vejam que homem destemido!,
sugere ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que investigue Gurgel
e pede o indiciamento de Policarpo, um dos redatores-chefes da revista. Ao
todo, o relator propõe o indiciamento de 46 pessoas. Entre elas, estão ainda o
governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, e o prefeito de Palmas, o
petista Raul Filho. Livrou, no entanto, a cara do graúdo Agnelo Queiroz,
governador do Distrito Federal (PT). O prefeito de Palmas é só mais uma
homenagem da virtude ao vício. Pretende seduzir um trouxa ou outra com sua
pretensa isenção: "Olhem, ele pediu o indiciamento até de um petista…".
Cunha só não se envergonha do seu texto porque, nas
plagas onde transita, não se cuida de coisas dessa natureza. Está cumprindo uma
missão e tem a esperança de ser ungido o candidato do partido ao governo de
Minas Gerais, nas mesmas águas da chamada "renovação". Ninguém ascende ou
ambiciona ascender a posição tão importante se não prestar os devidos serviços
à máquina de lavar e de sujar reputações em que se transformou o petismo. Se
chegou a parecer, alguma vez, que Cunha tinha alguma independência e aspirava a
um grão de seriedade, esse relatório desfaz completamente essa equivocada
impressão. Nada disso! Ele fez um texto que pode ser definido como uma
tentativa de vingança de mensaleiros.
Não! Eu nunca esperei outra coisa. Isso não quer dizer
que certas passagens não desafiem o estômago dos decentes. Ao longo de várias
páginas, Cunha expõe a sua estupenda ignorância sobre a natureza do jornalismo
e a relação de um profissional com as suas fontes e ainda se atreve a dar
lições de moral, aproveitando para atacar toda a … "mídia". "Mídia", vocês
sabem, é como aquela corja de bandidos, financiada por estatais, se refere à
imprensa que ousa fazer o seu trabalho. Tenta nos ensinar o mestre Odair Cunha:
"Não se pode confundir a exigência do exercício da responsabilidade ética com cerceio à liberdade de informar. Aliás, é oportuno dizer que, em nossos dias, existe uma profunda cisão entre a mensagem divulgada cotidianamente pela mídia, através dos diferentes meios de informação, e os valores éticos que a sociedade e a civilização ocidental alegam cultivar."
"Não se pode confundir a exigência do exercício da responsabilidade ética com cerceio à liberdade de informar. Aliás, é oportuno dizer que, em nossos dias, existe uma profunda cisão entre a mensagem divulgada cotidianamente pela mídia, através dos diferentes meios de informação, e os valores éticos que a sociedade e a civilização ocidental alegam cultivar."
É por isso que o PT está empenhado, mais uma vez, em
"controlar a mídia": para que ela se adapte àquilo que o partido diz ser a
vontade do povo. Nesse mundo ideal, os petistas são sempre inocentes, mesmo
quando culpados, e seus adversários são sempre culpados, mesmo quando
inocentes.
A cara de pau deste senhor é de tal sorte que uma
reportagem de VEJA que causou profundo descontentamento na quadrilha de
Cachoeira - aquela que evidencia que José Dirceu é que abriu as portas do
Governo Federal para a Delta - é apresentada como parte de um suposto conluio
entre o jornalista da revista e Cachoeira… Chega a ser asqueroso!
Ora, os diálogos transcritos pelo próprio Cunha
evidenciam o óbvio: VEJA escreve o que apura, doa a quem doer. O relator, no
entanto, cita o caso apenas para ter mais uma oportunidade de defender …
Dirceu! Sempre ele!
Raciocínio criminoso
A sanha de Cunha contra Policapo Júnior e a VEJA é de tal sorte que a série de reportagens sobre a roubalheira no Ministério dos Transportes, que resultou em mais de 20 demissões - FEITAS PELA PRESIDENTE DILMA, NÃO PELA REVISTA -, também é apresentada como mera armação de Cachoeira. Vocês entenderam direito: as reportagens que denunciaram um covil de ladrões são atacadas pelo petista. Por quê? Porque, entre as fontes, havia, sim, gente que transitava no mundo Cachoeira. E daí? Será que bandidos nunca têm informações relevantes? E as freiras? Tenham paciência!
A sanha de Cunha contra Policapo Júnior e a VEJA é de tal sorte que a série de reportagens sobre a roubalheira no Ministério dos Transportes, que resultou em mais de 20 demissões - FEITAS PELA PRESIDENTE DILMA, NÃO PELA REVISTA -, também é apresentada como mera armação de Cachoeira. Vocês entenderam direito: as reportagens que denunciaram um covil de ladrões são atacadas pelo petista. Por quê? Porque, entre as fontes, havia, sim, gente que transitava no mundo Cachoeira. E daí? Será que bandidos nunca têm informações relevantes? E as freiras? Tenham paciência!
Cunha admite que as reportagens publicadas por VEJA
fizeram um bem à sociedade, mas isso não o comove. Um petista, né? Leiam:
"Não estamos a discutir aqui os ganhos que a sociedade e o Erário tiveram com a possível descoberta de fraudes que seriam perpetradas na mencionada licitação. O que estamos a ponderar é a relação que mantinha um dos jornalistas mais respeitados no País com os integrantes de uma organização mafiosa e a dedicação com que os interesses destes eram atendidos pela pessoa de Policarpo e sua equipe."
"Não estamos a discutir aqui os ganhos que a sociedade e o Erário tiveram com a possível descoberta de fraudes que seriam perpetradas na mencionada licitação. O que estamos a ponderar é a relação que mantinha um dos jornalistas mais respeitados no País com os integrantes de uma organização mafiosa e a dedicação com que os interesses destes eram atendidos pela pessoa de Policarpo e sua equipe."
O próprio relatório evidencia o contrário: a quadrilha
frequentemente ficava furiosa com as reportagens publicadas pela revista -
muito especialmente aquela que demonstrou que Dirceu abriu as portas do Governo
Federal para Cavendish.
Um lixo
Lixo! Eis a palavra que define com mais propriedade o que produziu o deputado Odair Cunha, aquele que comandou a conspirata para que a Delta não fosse investigada. Trata-se apenas de uma tentativa de acerto de contas com "os inimigos de sempre".
Lixo! Eis a palavra que define com mais propriedade o que produziu o deputado Odair Cunha, aquele que comandou a conspirata para que a Delta não fosse investigada. Trata-se apenas de uma tentativa de acerto de contas com "os inimigos de sempre".
O deputado petista deve estar contente. Fraudou a
verdade, mas ganhou pontos junto à hierarquia petista. Lula, a exemplo de
outros chefões de organizações similares que infelicitam a sociedade, deu o
"salve": "Vai lá e pega a oposição, o Gurgel e o Policarpo". O Cunha meteu o
revólver na cinta e saiu atirando.
Trata-se
apenas de mais um trabalho de intimidação da imprensa. Que vai dar errado, a
exemplo de outros.
PS - Ah, sim: Cunha é um dos autores de um trabalho
ridículo, que procurava demonstrar que não havia relação entre o voto dos
mensaleiros e o dinheiro que recebiam da quadrilha chefiada por José Dirceu.
Fingiu não ter entendido que o crime já estava dado com o recebimento do
dinheiro, como demonstrou o Supremo.
Não
tem jeito! Ele tem uma natureza…
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Depois de terem selecionado seus alvos na oposição e terem acabado com a vida política e aposto que a pessoal, de Demóstenes Tôrres, que menos mal fez ao país, em comparação com à petralhada, o mínimo que espero que aconteça é que investiguem e a promotoria indicie os governadores de Brasília e o do Rio, além de Cavendish e outros mais envolvidos com propinas.
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