Editorial
As causas de muitos desastres ditos naturais, em que inundações e desmoronamentos deixam um rastro de destruição e mortes a cada temporada de chuvas, estão numa longa história de imprevidências.
Entre as principais, incúria administrativa e populismo de políticos despreocupados com a favelização e ocupação desordenada de áreas de risco.
A descoberta do mau uso de verbas do Ministério de Integração Nacional, de Fernando Bezerra, do PSB de Pernambuco, acrescenta mais um elo nessa cadeia de explicações: o clientelismo na devolução à sociedade de parte do enorme volume de recursos extraídos do contribuinte por meio de escorchante carga tributária.
Pois, embora o ano passado, o primeiro de Dilma Rousseff no Planalto, tenha começado com a catástrofe ocorrida na Serra Fluminense, onde, entre Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, mais de 900 pessoas morreram, o estado que mais recebeu recursos do Programa de Prevenção e Preparação para Desastres do ministério foi o da base eleitoral do ministro - Pernambuco, com R$ 34,2 milhões, 22% do total dos recursos liberados (R$ 155,6 milhões).
O Rio de Janeiro liderou a lista dos gastos em reconstrução (R$ 297,9 milhões, ou 29,5% do total de R$ 1,06 bilhão), mas não faz sentido que uma região atingida por uma catástrofe como aquela não precise de obras de prevenção. Aliás, como tem sido mostrado com a devida insistência pela imprensa, faltam também obras de reconstrução.
No terceiro dia do ano já eclode a primeira crise de 2012 no ministério de Dilma. Terça, a presidente resgatou a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, da folga de fim de ano e a despachou para o Planalto, enquanto a chuva já castigava, com os dramáticos resultados de sempre, Minas e Rio de Janeiro.
Teria sido decretada intervenção da Casa Civil no ministério de Fernando Bezerra, negada ontem por Gleisi.
Dilma exige o mínimo: parâmetros técnicos na liberação dos recursos. Em defesa do correligionário, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que Bezerra concentrou o dinheiro no estado por sugestão da presidente, diante das chuvas ocorridas em 2010 na Zona da Mata.
Algo a esclarecer. Em entrevista coletiva, Bezerra lembrou o fato e ainda argumentou que Pernambuco não pode ser discriminado por ser o estado do ministro. Por suposto. Mas tem sido costume subordinar o orçamento do ministério à bússola político-eleitoral do ministro do momento.
Bezerra seguiu o modelo de Geddel Vieira (PMDB), dono do ministério no final do governo Lula. Geddel despejou o grosso do dinheiro do programa contra acidentes na Bahia, onde disputa votos.
Na essência, repete-se na Integração Nacional a distorção verificada no Ministério da Agricultura de Wagner Rossi (PMDB), no Turismo de Pedro Novais (PMDB), no Transporte de Alfredo Nascimento (PR), Esporte de Orlando Silva (PCdoB) e Trabalho de Lupi (PDT).
Corrupção à parte - pelo menos por enquanto -, Bezerra seguiu o figurino patrimonialista de usar o dinheiro público com fins privados: adubar o terreno em que pretende colher votos no futuro.
Terá de ser mais convincente nas explicações. O caso parece ser mais uma herança maldita que Dilma recebe do modelo fisiológico de montagem de governo pelo lulopetismo.
Há fortes evidências de que o ministério foi "doado" ao PSB de Bezerra, como tantos a outros aliados. O problema é que surgem na cena, de maneira visível, destruição e morte.
Fonte: Jornal "O Globo"
As causas de muitos desastres ditos naturais, em que inundações e desmoronamentos deixam um rastro de destruição e mortes a cada temporada de chuvas, estão numa longa história de imprevidências.
Entre as principais, incúria administrativa e populismo de políticos despreocupados com a favelização e ocupação desordenada de áreas de risco.
A descoberta do mau uso de verbas do Ministério de Integração Nacional, de Fernando Bezerra, do PSB de Pernambuco, acrescenta mais um elo nessa cadeia de explicações: o clientelismo na devolução à sociedade de parte do enorme volume de recursos extraídos do contribuinte por meio de escorchante carga tributária.
Pois, embora o ano passado, o primeiro de Dilma Rousseff no Planalto, tenha começado com a catástrofe ocorrida na Serra Fluminense, onde, entre Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, mais de 900 pessoas morreram, o estado que mais recebeu recursos do Programa de Prevenção e Preparação para Desastres do ministério foi o da base eleitoral do ministro - Pernambuco, com R$ 34,2 milhões, 22% do total dos recursos liberados (R$ 155,6 milhões).
O Rio de Janeiro liderou a lista dos gastos em reconstrução (R$ 297,9 milhões, ou 29,5% do total de R$ 1,06 bilhão), mas não faz sentido que uma região atingida por uma catástrofe como aquela não precise de obras de prevenção. Aliás, como tem sido mostrado com a devida insistência pela imprensa, faltam também obras de reconstrução.
No terceiro dia do ano já eclode a primeira crise de 2012 no ministério de Dilma. Terça, a presidente resgatou a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, da folga de fim de ano e a despachou para o Planalto, enquanto a chuva já castigava, com os dramáticos resultados de sempre, Minas e Rio de Janeiro.
Teria sido decretada intervenção da Casa Civil no ministério de Fernando Bezerra, negada ontem por Gleisi.
Dilma exige o mínimo: parâmetros técnicos na liberação dos recursos. Em defesa do correligionário, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que Bezerra concentrou o dinheiro no estado por sugestão da presidente, diante das chuvas ocorridas em 2010 na Zona da Mata.
Algo a esclarecer. Em entrevista coletiva, Bezerra lembrou o fato e ainda argumentou que Pernambuco não pode ser discriminado por ser o estado do ministro. Por suposto. Mas tem sido costume subordinar o orçamento do ministério à bússola político-eleitoral do ministro do momento.
Bezerra seguiu o modelo de Geddel Vieira (PMDB), dono do ministério no final do governo Lula. Geddel despejou o grosso do dinheiro do programa contra acidentes na Bahia, onde disputa votos.
Na essência, repete-se na Integração Nacional a distorção verificada no Ministério da Agricultura de Wagner Rossi (PMDB), no Turismo de Pedro Novais (PMDB), no Transporte de Alfredo Nascimento (PR), Esporte de Orlando Silva (PCdoB) e Trabalho de Lupi (PDT).
Corrupção à parte - pelo menos por enquanto -, Bezerra seguiu o figurino patrimonialista de usar o dinheiro público com fins privados: adubar o terreno em que pretende colher votos no futuro.
Terá de ser mais convincente nas explicações. O caso parece ser mais uma herança maldita que Dilma recebe do modelo fisiológico de montagem de governo pelo lulopetismo.
Há fortes evidências de que o ministério foi "doado" ao PSB de Bezerra, como tantos a outros aliados. O problema é que surgem na cena, de maneira visível, destruição e morte.
Fonte: Jornal "O Globo"
Um comentário:
Bezerra, Geddel, Eduardo Campos, Dilma e Cia, uma vergonha! Não há palavras prá definir o sentimento do povo fluminense, já a muito tempo, desde que os petralhas ocuparam o poder. Quanto às desculpas de Eduardo Campos, simplesmente não colam. Todos sabemos que êle e sua gente apoiam Dilma incondicionalmente, portanto, tendo carta branca prá fazerem o que bem entendem.
Tomara Deus não se distraia na hora de se votar, nas eleições de 2012 e 2014, soprando no ouvido de toda a população castigada e a solidária com ela, em quem NÃO devem votar.
Ô cambada!
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