Por Edgar Flexa Ribeiro
Certo, a educação nacional tem ministro novo. Mas provavelmente isso não fará grande diferença.
Daqui a pouco, quando recomeçarem as aulas, um grupo de jovens iniciará sua formação para serem professores. Vão se formar daqui a quatro ou cinco anos.
E a formação que vão receber será semelhante àquela que é feita há muitos e muitos anos. Pode ter mudado tudo, mas não houve mudança significativa na formação dos professores.
E, conseqüentemente, é provável que se repita todo o resto, com os mesmos resultados. Os ministros são uma irrelevância a mais.
Os equívocos nacionais são o que existe de mais constante em matéria de educação.
Muda-se a lei de dez em dez anos. Mudam nomes, inventam modismos, alteram as aparências. O discurso varia e as queixas se repetem. E tudo fica mais ou menos como sempre foi.
Veja-se o Enem. Foi criado para ser um instrumento de avaliação do ensino, em âmbito nacional, para permitir formar séries estatísticas consistentes que pudessem ajudar o planejamento e a gestão dos sistemas de ensino.
Em pouco tempo foi transformado na chave mestra que abre o cofre do acesso ao ensino superior. Um ícone, a fôrma, o padrão, a regra, o parâmetro pelo qual individualmente são avaliados os jovens brasileiros.
Bem formado hoje em dia é quem teve boa nota no Enem.
Como se tem boa nota no Enem? Respondendo à pergunta que o ministro fez do jeito que o ministro quer. E isso é o que se considera bom para um país de dimensões continentais, diverso e diferenciado.
Com um aspecto adicional: para a consistência do exame, tal como inicialmente concebido, quem acertar tudo no Enem pode não tirar dez, e quem errar tudo pode não tirar zero. Isso pode ter bons fundamentos estatísticos - mas torna difícil aceitar o exame como bom instrumento para aferição de desempenho individual.
O esforço hoje é concentrado para induzir todo mundo a ingressar numa universidade. Para isso o governo tem dinheiro e recursos, tem bolsas de estudo, financiamentos, apoios e estímulos.
Não é a toa que o ensino privado está se transformando - agora sim - em "big business": sistemas de ensino e universidades já atraem até capital estrangeiro.
Esse segmento está bombando.
Uma coisa é verdade: o país está crescendo e precisa de gente formada, precisa de mão de obra, precisa da educação. Se o que o governo faz não dá conta, o país vai tomar o assunto em suas mãos, como fez com o transporte coletivo: inventou a "van", a "perua".
Vamos acabar inventado a "van" do ensino.
* Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação
Fonte: "Blog do Noblat"
Certo, a educação nacional tem ministro novo. Mas provavelmente isso não fará grande diferença.
Daqui a pouco, quando recomeçarem as aulas, um grupo de jovens iniciará sua formação para serem professores. Vão se formar daqui a quatro ou cinco anos.
E a formação que vão receber será semelhante àquela que é feita há muitos e muitos anos. Pode ter mudado tudo, mas não houve mudança significativa na formação dos professores.
E, conseqüentemente, é provável que se repita todo o resto, com os mesmos resultados. Os ministros são uma irrelevância a mais.
Os equívocos nacionais são o que existe de mais constante em matéria de educação.
Muda-se a lei de dez em dez anos. Mudam nomes, inventam modismos, alteram as aparências. O discurso varia e as queixas se repetem. E tudo fica mais ou menos como sempre foi.
Veja-se o Enem. Foi criado para ser um instrumento de avaliação do ensino, em âmbito nacional, para permitir formar séries estatísticas consistentes que pudessem ajudar o planejamento e a gestão dos sistemas de ensino.
Em pouco tempo foi transformado na chave mestra que abre o cofre do acesso ao ensino superior. Um ícone, a fôrma, o padrão, a regra, o parâmetro pelo qual individualmente são avaliados os jovens brasileiros.
Bem formado hoje em dia é quem teve boa nota no Enem.
Como se tem boa nota no Enem? Respondendo à pergunta que o ministro fez do jeito que o ministro quer. E isso é o que se considera bom para um país de dimensões continentais, diverso e diferenciado.
Com um aspecto adicional: para a consistência do exame, tal como inicialmente concebido, quem acertar tudo no Enem pode não tirar dez, e quem errar tudo pode não tirar zero. Isso pode ter bons fundamentos estatísticos - mas torna difícil aceitar o exame como bom instrumento para aferição de desempenho individual.
O esforço hoje é concentrado para induzir todo mundo a ingressar numa universidade. Para isso o governo tem dinheiro e recursos, tem bolsas de estudo, financiamentos, apoios e estímulos.
Não é a toa que o ensino privado está se transformando - agora sim - em "big business": sistemas de ensino e universidades já atraem até capital estrangeiro.
Esse segmento está bombando.
Uma coisa é verdade: o país está crescendo e precisa de gente formada, precisa de mão de obra, precisa da educação. Se o que o governo faz não dá conta, o país vai tomar o assunto em suas mãos, como fez com o transporte coletivo: inventou a "van", a "perua".
Vamos acabar inventado a "van" do ensino.
* Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação
Fonte: "Blog do Noblat"
Um comentário:
Em se tratando da educação local,tá quase nessa situação.Tem mais estagiários despreparados q professores efetivos.Muita casa alugada,caindo aos pedaços,levando o nome de escola.E não é só isso
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