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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Brasil não condena apedrejamentos no Irã

Deu nos jornais:
A diplomacia brasileira se absteve de apoiar uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que pede o fim do apedrejamento no Irã e o condena como forma de punição. A resolução ainda condena Teerã por "graves violações de direitos humanos" e por silenciar jornalistas, blogueiros e opositores. A votação da resolução ocorreu na noite de quinta-feira, 17, em Nova York.
A estratégia do Brasil tem sido a de não usar os órgãos da ONU para condenar outros países. A posição é criticada por ongs, que insistem que, na condição de democracia, o Brasil deveria pressionar demais governos para que sigam no caminho da abertura política.
Assim, o Brasil volta a demonstrar simpatia por Ahmadinejad e que não está disposto a criticar o Irã publicamente, nem mesmo no caso do apedrejamento.
Um dos pontos principais da resolução aprovada é a condenação do apedrejamento como método de execução. O texto pede o fim da prática, assim como a discriminação contra mulheres. O documento foi apresentado pela delegação do Canadá como uma forma de mandar uma mensagem de que não se poderia tolerar atitudes como a de condenar a iraniana Sakineh Ashtiani à morte por apedrejamento.
O Brasil se iguala a países como Cuba, Bolívia, Líbia, Síria, Sudão e Venezuela. A resolução foi aprovada com o apoio de 80 países, entre eles a Argentina e o Chile, além de todos os países europeus, Canadá, Estados Unidos e Japão.

2 comentários:

Mariana disse...

Mais uma vez, damos munição para os países do bem nos criticarem. Mas como 56% dos eleitores preferiu ser mal representado, sem nenhuma vergonha, nem mêdo de se aliarem à essa escória, então o jeito é orar, prá que nosso envolvimento com essa canalha terrorista não passe disso.

Anônimo disse...

De Reinaldo Azevedo em seu blog:
Governo Lula se abstém em votação que condena apedrejamento; “companheiro” do Irã explica onde está o humanismo da coisa
Mais uma de nossa diplomacia megalonanica. O Brasil se absteve na votação de uma resolução da ONU que condena o apedrejamento no Irã e que acusa o país de violar os direitos humanos e perseguir a imprensa. O texto pede ainda o fim da discriminação contra as mulheres e minorias religiosas. EUA, todos os países da Europa, Canadá, Japão, Chile e Argentina votaram a favor do documento. O Brasil preferiu integrar o batalhão da abstenção, que reuniu 57 países, entre eles, Angola, Benin, Butão, Equador, Guatemala, Marrocos, Nigéria, África do Sul e Zâmbia. Celso Amorim, o Colosso de Rhodes da diplomacia, nos convidaria a ver a coisa pelo lado positivo: o país poderia estar entre os que rejeitaram o texto: Venezuela, Síria, Sudão, Cuba, Bolívia e Líbia.

É mais um capítulo lastimável do alinhamento do Brasil com o Irã, sob o pretexto de praticar uma política externa com propósitos superiores. A tese de fachada é que a ONU não deve ser usada como instrumento para pressionar países a mudar a sua política interna: o diálogo seria mais eficaz; condenações concorreriam para o acirramento dos ânimos. Acreditasse o Itamaraty no que diz, seria apenas tolo; como não acredita, é hipócrita. Amorim cobriu de abjeção a política externa brasileira.

Cumpre notar que esse é o voto de um país que acaba de eleger uma mulher para o cargo máximo da República.

“Essa resolução não é justa e não contribui com os direitos humanos. Essa resolução é fruto da hostilidade americana contra o Irã. É a politização dos direitos humanos”, reagiu Mohammad-Javad Larijani, representante de Teerã na reunião. Ele explicou a perspectiva humanista do apedrejamento: “Significa que você deve fazer alguns atos, jogando um certo número limitado de pedras, de uma forma especial, nos olhos de uma pessoa. Apedrejamento é uma punição menor que a execução porque há a chance de sobreviver. Mais de 50% das pessoas podem não morrer”.

Ah, bom, agora está tudo mais claro! Amorim deve considerar a explicação satisfatória. O metódico Larijani afirmou ainda: “Todos no Irã podem falar com a imprensa estrangeira. Mas depende do que querem dizer. Se estão difamando o sistema legal, devem ser responsáveis por isso”. Perfeito! Franklin Martins deve achar que se trata da mais perfeita definição do que é liberdade de expressão. Todo mundo pode falar o que quiser desde que queira correr os riscos. No Irã, existe, afinal de contas, “controle social da mídia”…


Por Reinaldo Azevedo
Tags: Irã, Itamaraty