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quinta-feira, 10 de junho de 2010

"Pibão Gabola"

Por Eduardo S. Starosta
Em certos momentos, ao ler as principais manchetes do noticiário nacional, lembro dos anos de chumbo. Naquele período entre os governos Costa e Silva e Médici, ao mesmo tempo em que a ditadura baixava o cacete em quem ousasse questionar a "revolução", a propaganda ufanista poluía nossos ouvidos, olhos e corações (dos mais bobões). Slogans como "Esse é um país que vai para frente" ou "Ninguém segura a juventude do Brasil" ocupavam lugar de destaque nos outdoors das cidades e no vidro traseiro dos carros. E ai de quem fizesse alguma piadinha sobre tais máximas!
Voltando aos dias atuais, o aumento do PIB do primeiro trimestre de 2010 é vendido como o grande golaço do Governo Federal nesses dias que antecedem a Copa do Mundo. Mas vamos aos fatos: se os números do IBGE estiverem corretos, é inegável que o Produto Interno Bruto brasileiro registrou a expansão de 8,95% entre janeiro e março deste ano e o mesmo período de 2009.
Porém, tal verdade tem lá seu grau de miopia. Afinal, a comparação feita é em relação a um dos períodos de pior desempenho da economia nacional - 1º trimestre de 2009 - quando o PIB caiu 2,4%. E crescer muito a partir de uma base deprimida é sempre mais fácil, na medida em que a infra-estrutura está lá, prontinha para ser novamente usada depois de uma fase de ociosidade.
Para facilitar a compreensão do leitor, façamos a seguinte analogia. Imagine que um sujeito está construindo uma estrada no meio do mato. Em um determinado momento ele se dá conta de que esqueceu a marmita em um local 2,4 km atrás. Volta, pega o alimento, retorna à frente de trabalho e continua a montar a rodovia. Em seu relatório de trabalho, ao preencher o indicador de desempenho ele declara: hoje avancei 9,8 km. Na verdade, ele omitiu que percorreu uma parte do caminho por um pedaço de estrada já construído (os 2,4% do PIB que foram perdidos no 1º trimestre de 2009). Seu avanço, então, foi de 7,4km. Sujeitinho malandro, hein?
Agora, voltando à economia pura, a verdade mais científica mostra que a economia brasileira cresceu 6,34% entre o primeiro trimestre de 2008 e os três primeiros meses de 2010. Isso dá uma média anual de 3,12%, o que não tem nada de espetacular. Crescimento chinês? Só se esse percentual dos dois anos chegasse a 18,7% (média anual de 8,97%).
Sem rodeios, a gabolice da propaganda oficial inflou em quase três vezes o resultado do desempenho econômico brasileiro, ao comparar a nossa performance com a chinesa.
Em tempo: no período de real relevância para comparação (primeiro trimestre de 2008 frente a igual período de 2010), a indústria de transformação brasileira cresceu apenas 1,78%; e a agricultura recuou 0,22%. O crescimento chinês só foi verdade na intermediação financeira (bancos), com expansão de 18,57%. A arrecadação de impostos sobre produtos também foi boa: aumento de 8,57%. Ou seja, estamos falando de um crescimento que não interessa à maioria da sociedade civil brasileira.
Mas o mais sério disso tudo é que o resultado, diríamos, impreciso, do crescimento do PIB de 9,8% deve embasar o Conselho de Política Monetária a subirem os juros básicos brasileiros (Selic) acima da barreira dos 10% ao ano, enquanto na metade dos estados do país a produção industrial já começa a cair.
O "Pibão Gabola", então, é uma excelente peça de marketing. Fiquemos todos eufóricos. Vamos saborear o momento. Mas rápido! Pois o horizonte mostra a formação de nuvens tempestuosas. Esse é assunto para outra conversa.
* Eduardo S. Starosta é economista
** Texto enviado por Sérgio Oliveira, aposentado, de Charqueadas-RS

Um comentário:

Mariana disse...

Muitos economistas estão apreensivos com êsse negócio do govêrno ficar mascarando os números. Estão conseguindo enganar meio mundo.