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segunda-feira, 28 de junho de 2010

"Twitter e políticos: um casamento infeliz"

Por Reinaldo Azevedo

O Twitter está se tornando o paraíso dos políticos que querem ser notícia. Antigamente, para “ter mídia”, era necessário ter o que quer dizer, praticar algo relevante ou se dar a algum exotismo que realmente distinguisse a pessoa das demais. Isso acabou! Agora basta uma frase bombástica, dar uma de incendiário, atacar um adversário - e, de preferência, um aliado - em termos que seriam normalmente impublicáveis, e pimba! O sujeito logo tem alcance nacional.
Do Twitter, a frase infeliz salta para os sites noticiosos e, dos sites, para os jornais, assumindo, então, o ar de “coisa grave”. A ferramenta do leitor comum se tornou um arma da política tradicional. E o sujeito sempre pode dizer: “Escrevi como cidadão, como indivíduo, não como homem público”. Ah, bom…
Aloizio Mercadante foi o primeiro a queimar os dedos na página. Deu uma espécie de ultimato: ou o governo retirava o apoio a Sarney, ou ele não aceitava liderar mais nada. E isso seria “irrevogável”. Lula sacramentou o casamento com o cacique peemedebista, e Mercadante ficou onde estava. Conseguiu, no máximo, revogar a validade do dicionário…
A crise PSDB-DEM nasce, evidentemente, de um conjunto de desentendimentos que resultou no vazamento, pelo Twitter de Roberto Jefferson, do nome de Álvaro Dias (PSDB-PR) para vice na chapa. Desde aquela tuitada, incluindo ela própria, o festival de irresponsabilidades é uma coisa assustadora.
Imaginem vocês… Político & mídia é um binômio antigo. Nem sempre é fácil aparecer. Como os jornalistas seguem os políticos, e os políticos, os jornalistas, a coisa vira mel da sopa. Quer ganhar uma materiazinha, especialmente no jornalismo online? Ora, diga uma má-criação qualquer, chute os países baixos de algum aliado, dispare uma daquelas frases definitivas. Dá mídia com 100% de certeza. A questão é saber se rende boa política.
As chamadas “redes sociais”, no Brasil, estão se transformando em territórios da política institucional. Em vez de unir o melhor dos dois, une o pior de ambos: o Twitter acaba ficando mais chato, e a política acaba ficando ainda mais ligeira.
Como conseqüência, perdem os tuiteiros, perdem os cidadãos, e ganham os políticos.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

Um comentário:

Mariana disse...

É, tá esquisito! Sempre achei que um bom político prá mostrar a que veio não precisa de twitter, até porque, lá, já não representa um espaço confiável.
Dimas, as coisas absurdas que já li em twitters de petralhas e aliados, que chegam a consumar a derrota dêsse ou daquêle candidato, que se o leitor ou seguidor fôr uma pessoa inocente, embarca direto.
Ainda bem que a maioria dos brasileiros que vota não consegue acompanhar as notícias da internet, porque hoje, se arrisca a entrar numa furada.