Com bico de pena e muita precisão, a artista plástica Lígia Aguiar (
Foto: Reprodução) comemora em Salvador seus 40 anos de arte. Tudo acontece a partir da exposição “Lígia Aguiar Arte 4.0”, selecionada no Edital de Artes Visuais para o Centro Cultural Correios - Salvador, de 8 de julho a 18 de agosto, que além de ser uma síntese da carreira da artista, exibe a sua mais nova fase criativa: são trabalhos em técnica mista quase todos em preto e branco, com detalhes apurados de paisagens especiais em nanquim.
Artista multimídia apresenta mais de 150 obras entre desenhos, pinturas, fotografias, vídeointalações, painéis de azulejo, de tecido e de gravura digital, objetos e uma animação de seus trabalhos para computador.
Destaque ainda para as gordinhas, produzidas na década de 80 e para seu primeiro trabalho em bico de pena, quando entrou na Escola de Belas Artes da Ufba, em 1976.
“Apresento uma síntese de tudo que fiz, afinal a gente sempre recomeça para ter um novo fim”, afirma a artista, que mesmo sem expor individualmente há 16 anos não deixou seu nome esquecido, participando de coletivas e outros movimentos do cenário artístico baiano.
A atual exposição ela dedica aos seus pais, que a incentivaram a seguir a carreira. Seu pai, Aloísio Aguiar, homem das letras, dedicou-lhe um poema reproduzido no catálogo. “Que sabes de tinta, Lígia e tão íntima dela te mostra?”, escreveu quando ela estava começando. Sua resposta veio com a arte, estreando em 1970, no “I Salão de Estreantes”, na histórica e conceituada Galeria Panorama.
Para além da retrospectiva de sua carreira, a exposição revela uma artista versátil e em constante renovação. “A surpreendente fase atual da pintura de Lígia conta com a força do seu desenho, qualificando o realismo da figuração. A artista recorre ao forte impacto do preto e branco para desenvolver, com elementos da natureza, do cotidiano e da sua geometria particular, a originalidade da sua nova pintura”, afirma a crítica de arte Matilde Matos, responsável pela curadoria da mostra.
Segundo ela, “o que diferencia Lígia de outros artistas é essa capacidade de misturar técnicas e mixar as artes. Com a mesma naturalidade que desenha, pinta ou faz gravuras, ela arma um painel para uma peça teatral, monta altares para Santo Antonio e faz instalações numa loja”.
Lígia Aguiar é, literalmente, uma artista multimídia. A tela pode ser também a do computador ou do cinema. Experimentos de arte digital entram igualmente no conjunto de sua obra, e buscam inclusive dialogar com o público: durante a abertura da exposição, um tatuador estará presente para aplicar tatuagens efêmeras à base de henna, com imagens de sua arte.
Destaque também para dois trabalhos em vídeoarte: “Re-produzidas”, que trata da solidão feminina, e acaba de ser selecionado para a X Bienal do Recôncavo, (que acontece no Centro Cultural Dannemann), um dos mais importantes eventos de artes plásticas do país; e “Água”, sobre o desperdício da água, vencedor do prêmio de Melhor Filme Experimental no Festival de Cinema e Vídeo de Muriaé, Minas Gerais, em 2007.
Carreira de sucesso
Desde que assumiu profissionalmente as artes plásticas, em 1978, Lígia Aguiar participou de exposições individuais e de mais de 90 coletivas, inclusive em outros estados e países. Na França, fez exposição individual na galeria Aquarela Bistrô Brasilien e no Musée de Art Naif de L’ille. Além disso, suas obras integram o acervo de museus e de coleções das capitais brasileiras e da Alemanha, Argentina, Espanha, França e Estados Unidos.
Além de centenas de exposições, Ligia tem também uma história de sucesso com design gráfico, cenografia e figurinos. Entre sua vasta produção teatral, trabalhando sobretudo nas produções do Teatro Vila Velha, estão os figurinos da peça “Lábios Que Beijei”, dirigida por Paulo Henrique Alcântara, com Nilda Spencer e Wilson Melo, que ganhou o prêmio Copene de Melhor Espetáculo em 1999. Os dois atores inclusive vão receber homenagem póstuma da artista na exposição, através de fotos e desenhos do figurino.
Na televisão, chefiou o núcleo de cenografia da TV Educativa/Bahia, realizando cenários, figurinos e clips poéticos, passando depois para o núcleo de Jornalismo, onde produziu e dirigiu os programas "5 Minutos" e "TV Revista".
Lígia Aguiar foi também proprietária da galeria Arte Abaporu, no Pelourinho, onde incentivou artistas emergente e recebeu importantes artistas baianos em encontros artísticos e exposições. Sua arte está registrada nos livros “100 Artistas Baianos”, editado pela Galeria Prova do Artista, e “Arte-Arte Salvador 450 Anos”, pela Prefeitura Municipal de Salvador.
Atualmente, além de criar incessantemente no seu atelier, na Federação, está no rádio e na Internet. É comentarista de artes visuais no programa "Multicultura", da Rádio Educadora da Bahia, e articulista do site jornalístico "Bahia Já".
Serviço:Exposição: Ligia Aguiar Arte 4.0
Local: Centro Cultural Correios, na praça Anchieta, 20, (ao lado da Igreja de São Francisco), Pelourinho, Centro Histórico. Salvador-Bahia Telefone: (71) 3321-6665
Abertura: Quinta-feira, 8 de julho
Visitação: 9 de julho a 18 de agosto, de segunda-feira a sexta-feira das 10 às 18 horas; sábados das 8 às 12 horas
Entrada Franca
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Com informações de Antônio Moreno, da Assessoria de Imprensa Companhia de Comunicação)