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sábado, 13 de março de 2010

"Pelas barbas do PT!"

A primeira moda lançada por Lula foi a barba. Quando começou a popularizar-se com as greves dos metalúrgicos, nos jurássicos anos 80 do século passado, a barba desgrenhada de quem não tinha dinheiro para comprar giletes passou a ser imitada. Tirando Karl Marx, Lênin, Che Guevara e Fidel Castro, não me lembro de um socialista/comunista notório que usasse o adereço facial.
“Comunistas” de norte a sul passaram a copiar o líder recém surgido. A barba era usada como uma espécie de crachá. Não bastasse estarmos saindo dos deselegantes anos 70 em que barba, cabelo e bigode grandes, além das pantalonas e bocas de sino, eram aceitos, hoje restritos à Argentina, a barba socialista era um identificador entre seus pares. O equivalente feminino era a falta de depilação, os cabelos de piaçava e as batas indianas. Homens e mulheres se igualavam nas bolsas a tiracolo e nas sandálias de couro de bode, mas essa é outra conversa.
Dessa época vem a piada de uma festa regada a rum cubano e charutos cubanos e paraguaios, se é que me entendem. Os barbados identificavam-se como policiais cubanos e tinham passe livre. Um penetra imberbe é barrado na porta. Tentando imitar os barbudos que entraram antes, também disse ser da polícia de Castro, o leão-de-chácara duvida, alega que falta a barba. O imberbe mostra os pêlos pubianos e sussurra “polícia secreta”.
Os socialistas enriqueceram, pelo menos os mandatários. Depois do fim da ditadura saíram da clandestinidade, formaram um partido que mais tarde tornou-se mais um sindicato como os muitos sindicatos que sempre comandaram, só que um sindicato de ladrões; elegeram-se legisladores, de vereadores a senadores, fizeram estardalhaço na Assembléia Nacional Constituinte; ascenderam às prefeituras e subiam mais, às governadorias e, por fim, à presidência da República. A cada degrau da subida a barba se fazia presente.
Petista sem barba era objeto de desconfiança, embora pudesse ser da “polícia secreta” de Lula. Talvez fosse essa a intenção, assim prestássemos atenção às barbas e esquecêssemos de notar os caráteres defeituosos que elas escondiam, superficialistas que somos.
Já existiam e proliferavam os lulistas e eles se dividiam e se dividem em dois grupos: os que creem cegamente em seu líder e os que se aproveitam do brilho de seu inegável carisma para fazerem negócios e negociatas na sombra. No primeiro grupo, além da barba, outra característica de Lula era imitada: a língua presa. Não são poucos os lulistas de primeira ordem que ou tinham essa característica nata ou, simplesmente, copiavam o chefe. Vicentinho talvez seja o melhor exemplo da língua presa do primeiro escalão.
A respeito do Vicentinho, quando percebeu que estudar não doía, distanciou-se do antigo companheiro e… retirou a barba.
Mas prender a língua dá trabalho, é incômodo e pode ser esquecido no meio de uma discussão, tipo de ação em que os vermelhinhos são pródigos. A barba era mais fácil de manter.
Com a escalada social petista a barba transformou-se. Zé Dirceu, por exemplo, tirou a barba, manteve o bigode por um tempo e hoje, nem isso. Fazendo parte da turma que trabalha nas sombras, de preferência as mais escuras, Dirceu mostra que não é tão lulista e muito menos socialista, é capitalista dirceusista puro, dono do próprio bigode e intenções.
Marco Aurélio Garcia mantém uma barba totalmente desalinhada, mas esse é um deselegante completo. Dentes com tártaro secular, ternos amassados, gestos obscenos e mente transversa. Um verdadeiro lulista que não evoluiu, manteve-se nos 80, fora a influência e a conta bancária.
Berzoini, que nunca privou da amizade íntima de Lula, reduziu a barba a um asqueroso cavanhaque; Vaccari, o desonesto tesoureiro, herdeiro de outro desonesto tesoureiro barbudo, o Delúbio, repete a barba desenhada do mestre depois de usar um emaranhado de pêlos na época de início de ascenção; Mercadante, o capachão, a estrela em decadência, também usa os pêlos aparados como Lula; Suplicy jamais usou barba, talvez por isso mesmo tornou-se petista do bloco do “eu sozinho”. Marta tirou a barba com depilação permanente.
Até Lula mudou de barba. Hoje a desenha meticulosamente e só a mantém por ter ela tornado-se um símbolo pessoal depois da eternização do “sapo barbudo” proferido pelo Mário Amato. Até tentou apenas o bigode por um tempo, mas voltou à velha imagem externa. Internamente esqueceu-se que foi pobre e que a gilete era cara. A pobreza passada ficou apenas para os discursos populistas.
A barba petista é símbolo mais revelador do caráter de quem a usa do que a estrela vermelha relegada à lapela do rebotalho da militância. Quanto mais se aproxima dos altos negócios e negociatas do vértice superior da pirâmide petista, mas a barba é trabalhada ou excluída.

Por Marcos Pontes, no blog "Esculacho e Simpatia", da rede Liberesfera

Um comentário:

Unknown disse...

Na barba eu não prestei a atenção,mas a língua plesa, essa é demais. Até Nelson Pelegrino, Palloci...até um tempo atrás, eu sempre lia em alguns lugares que era fácil reconhecer um petista de cara, porque ele tinha que ter rabo de cavalo, usar sandálias e ser vi...! Até acho que não era regra geral, mas sempre quiseram passar esta imagem de despreocupados com as aparências, enquanto não chegaram ao poder. Agora que estão lá, todos eles são muito elegantes, teem bom gôsto e sabem o que é bom, ao ponto de se lambuzarem com a grana pública.