"O ladrão culpa a vítima, o juiz acata. Onde foi parar a Justiça no Brasil?"

Durante a semana, o tesoureiro do PT, homem de finanças da campanha da Dilma e peça-chave no mensalão, quando transformou a Bancoop em uma cooperativa de fomento ao caixa dois do partido, foi longe demais. Segundo entrevista ao Estadão, citada pela Veja, na tentativa de inocentar-se, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, distribuiu culpas. Segundo ele, os problemas de caixa da cooperativa se deveram ao comportamento de cooperados que sabiam que os preços iniciais dos imóveis eram "estimados" e "não quiseram pagar" a diferença depois que foram constatados "erros de cálculo" nas estimativas. Ele só omitiu que, em muitos casos, os "erros de cálculo" chegaram a valores correspondentes a 50% do preço inicial do apartamento. É o ladrão culpando as vítimas. Sabe-se agora que tudo está claro e revelado no processo do mensalão, que corre em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal. Os ministros do STF tudo sabem, mas preferem seguir os ritos que só favorecem aos bandidos. A delação premiada do doleiro Lúcio Funaro já poderia ter gerado prisões e novas investigações, impedindo que milhares de trabalhadores continuassem a ser achacados pela máquina corrupta do PT, travestida de cooperativa. O que explica que, ante tantas evidências, um juiz decida não conceder a quebra de sigilo do tesoureiro do PT? O que este juiz quer mais do que o testemunho de milhares de trabalhadores roubados em um dos seus direitos mais básicos, que é a habitação? Que máquina de corrupção tão poderosa foi montada neste país, fazendo com que o Judiciário funcione como protetor de bandidos, em vez de aliar-se à polícia? Por que o processo do mensalão se arrasta desde 2005, estando para completar cinco anos, sendo que denuncia um dos maiores roubos já praticados contra os cofres públicos? Por que o STF embroma o caso? Que interesses existem por trás disso? A verdade é que, no Brasil, o ladrão acusa a vítima e o juiz o protege. É uma total inversão de valores. Menos dos valores financeiros que, não pode existir outra explicação para tamanha impunidade, estão comprando a tudo e a todos no Brasil.
Fonte: "Coturno Noturno", da rede Liberesfera