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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

"Um dia para não comemorar"

Artigo de Mary Zaidan, publicado no "Blog do Noblat":
Toda discriminação é odiosa. Seja motivada pela cor da pele, pela origem dos povos, pelo credo, opção sexual, condição social ou matiz política.
Mas a luta segmentada, sectarizada contra a discriminação privilegia apenas um determinado grupo e, portanto, acaba por perpetuá-la.
É isso que ocorre nos dias dedicados à consciência negra, ao índio ou ao orgulho gay.
Beira a chacota achar que um feriado a mais jogará luzes sobre a discriminação ou ajudará na luta contra ela.
No máximo, fornece palanque festivo com a falsa premissa do politicamente correto. Em ano pré-eleitoral, então, é um prato cheio.
Motivo de sobra para que o presidente Lula assine o decreto que nacionaliza o feriado do dia 20 de novembro.
Ainda assim, poucos serão os pretos, pardos, brancos ou amarelos a se rebelarem contra a utilização inescrupulosa do ideário da igualdade que, convenhamos, passa longe da institucionalização do Dia Nacional da Consciência Negra.
Negros não são melhores ou piores do que amarelos. Asiáticos e negros não são melhores ou piores do que índios, que, por sua vez, não são melhores ou piores do que os albinos, escondidos do sol e tratados como deformações da raça.
Mulçumanos, católicos, protestantes, evangélicos, judeus não são uns melhores ou piores do que os outros. Árabes, coreanos, europeus, latinos ou norte-americanos. Ninguém é melhor ou pior.
Particularizar a batalha contra a discriminação é estimular antagonismos, supremacias, é avalizar o racismo. No Brasil isso chega às raias do absurdo.
Um país mulato, onde pretos 100% pretos e brancos 100% brancos são pouquíssimos, deveria comemorar sua diversidade e, com orgulho, exibi-la ao mundo.
Lula faz exatamente o oposto: confere privilégios, prega regalias. Posa como libertador e defensor da igualdade. E age perdoando crimes dos que ele considera mais iguais. Discrimina sem dó.
Com os negros, pardos, morenos e mulatos não é diferente.
Alguns ativistas defendem com unhas e dentes os regalos que o Governo lhes confere e, é claro, aplaudem o presidente. Outros, já organizados, mas menos barulhentos, não querem ver a cor acima de seus méritos.
Sabem que, se já sofriam preconceito e discriminação, a dose poderá ser muito mais severa no futuro.
Ao querer institucionalizar o racismo, o país perde o brilho invejável de sua cultura miscigenada e o melhor de sua Constituição - “todos são iguais, sem distinção de qualquer natureza” - abrindo um caminho conflituoso e incerto. Só de imaginar tenho arrepios.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais "O Globo" e "O Estado de S. Paulo", em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência Lu Fernandes Comunicação e Imprensa.

Um comentário:

Unknown disse...

Também eu. Não suporto êsses discursos governistas, repletos de discriminação. Amanhã, se bobear, os brancos, que são minoria, serão mencionados como "aquele branquelo", e por aí. Se êste govêrno quisesse fazer algo de bom pelos que outrora foram prejudicados por nossos antepassados, que desse condições prá todos, independente de cor, credo e condição social, prá terem uma excelente educação de base e condições prá que todos cheguem em igualdade de condições em uma faculdade e no mercado de trabalho. O resto, é só campanha eleitoral antecipada e divisão maldosa e cretina entre as pessoas.