Em 3 de julho de 2009, o governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner, declarou nos principais jornais locais que os protestos ocorridos contra a atual política cultural e o secretário de Cultura Marcio Meirelles, durante a comemoração do 2 de Julho - data magna da Bahia - partem das "viúvas do passado, acostumadas aos privilégios do governo anterior".
É assustador que o governador do Estado assim pense.
O governador, ao declarar este pensamento, revela uma visão confusa de cultura - porque não entende o papel da arte e de seus profissionais - e minimiza a insatisfação dos artistas baianos com a atual gestão da Secretaria de Cultura.
As pessoas que compareceram ao protesto são artistas - e não só de teatro - que ao longo de suas vidas batalharam para o reconhecimento e profissionalismos de suas atividades; são artistas conhecidos e reconhecidos pela comunidade, alguns com nomes bastante relevantes.
Assusta-nos que o governador, ao longo de quase três anos de governo, não reconheça que existe, sim, uma grande insatisfação na área cultural e que o nome do atual secretário, sistematicamente, pontuou as manchetes dos jornais, envolvido sempre em uma polêmica relativa ao desmonte da produção artística.
Chamar de "viúvas" os artistas baianos é, no mínimo, um desrespeito com estes profissionais, pois nenhum governo deu aos artistas, privilégios. Todas as conquistas na área cultural foram iniciativas dos artistas, individualmente ou coletivamente. Se o governador fosse um homem com esclarecimento amplo na área da cultura, entenderia isto muito bem.
A Classe Artística não trabalha para ideologia política partidária e sim para a liberdade de expressão do ser humano, pois só através desta é que podemos transformar o indivíduo.
Talvez more aí o poder da arte e a justificativa do descaso com que vem sendo tratada a nossa cultura.
Nos respeite, governador e reflita quando se dirigir a um grupo de trabalhadores que, devido ao subjetivismo de suas profissões não pode sequer recorrer à greve como instrumento de protesto. Mas não se esqueça que somos formadores de opinião e temos o apreço das platéias.
O atual secretário justifica o fracasso de sua gestão acusando a escritora Aninha Franco de orquestrar os protestos do 2 de Julho. O protesto ocorreu por iniciativa dos artistas e a citada escritora, em momento algum, colaborou para isto. É importante ressaltar que toda a mobilização ocorrida foi efetuada através de uma comunicação estabelecida unicamente através de e-mails, sem a necessidade sequer de uma reunião. Tudo isso, Sr. secretário, para o senhorr perceber a insatisfação que grande parte da classe artística soteropolitana - que compareceu em massa - tem para com a política cultural dos atuais governos: estadual e municipal.
A classe artística não precisa ser orquestrada, pois não é massa de manobra. É uma classe pensante e crítica e, talvez por isto, é que esteja sendo tão desrespeitada.
"Viúvas do passado", como sugere o governador, são todos aqueles que conseguem sobreviver aos governos, fazendo o seu ofício. São artistas como Carybé, João Ubaldo, Edgard Navarro, Lázaro Ramos, Margareth Menezes, Luis Caldas, Armandinho e instituições como o Balé do TCA, Balé Folclórico, Museu Carlos Costa Pinto, Instituto Histórico e Geográfico, Theatro XVIII, Academia Baiana de Letras, Teatro Vila Velha e todos os que conseguem elevar o nome do nosso Estado, tornando-o um dos principais pólos de produção artística e uma das expressões culturais mais representativas do Brasil
Exigimos mais respeito, pois os privilegiados passam também pelo atual secretário de Cultura que sobreviveu, e muito bem, dentro dos governos passados, conquistando o seu respaldo artístico em um sistema que ele hoje, oportunamente, combate. A discussão cultural é muito mais complexa do que se imagina. Sobreviver de arte, em si só já é uma arte e a maioria dos nossos políticos parece ignorar esta verdade. Acusar de privilegiados profissionais que em sua grande maioria não tem nem uma casa própria, é ultrajante.
Qual o moral que um político tem hoje de se referir a uma classe de trabalhadores que emociona, diverte, informa e eleva a autoestima da população? Qual o moral que os grupos políticos podem ostentar em um país onde o Congresso Nacional afunda em meio à corrupção? Onde o presidente da República, omissamente, a tudo assiste? Claro! Falar do presidente ou ter qualquer idéia contrária a atual corrente de pensamento, virou coisa dos "privilegiados" e das "viúvas do passado".
A lógica empregada pelo governador é tosca, assim como é distorcido o pensamento de que "quem não está a meu favor está contra mim".
Chegamos até o atual governo fazendo oposição aos grupos que estiveram no poder, uma oposição em nome da liberdade, pois somos artistas e precisamos dela e é em nome dela que agora estamos também criticando e nos posicionando contra a atual gestão ou falta de gestão cultural. Não temos compromisso com nenhum partido. A nossa bandeira não perpassa pelas ideologias partidárias e sim pela liberdade na garantia do Estado verdadeiramente democrático e de direito.
Por isso, nos respeite, Sr. Governador.
Salvador, 03/07/2009
Sindicato dos Artistas e Técnicos do Estado da Bahia
Presidente: Fernando José Marinho
Secretário Geral: José Carlos da Silva
É assustador que o governador do Estado assim pense.
O governador, ao declarar este pensamento, revela uma visão confusa de cultura - porque não entende o papel da arte e de seus profissionais - e minimiza a insatisfação dos artistas baianos com a atual gestão da Secretaria de Cultura.
As pessoas que compareceram ao protesto são artistas - e não só de teatro - que ao longo de suas vidas batalharam para o reconhecimento e profissionalismos de suas atividades; são artistas conhecidos e reconhecidos pela comunidade, alguns com nomes bastante relevantes.
Assusta-nos que o governador, ao longo de quase três anos de governo, não reconheça que existe, sim, uma grande insatisfação na área cultural e que o nome do atual secretário, sistematicamente, pontuou as manchetes dos jornais, envolvido sempre em uma polêmica relativa ao desmonte da produção artística.
Chamar de "viúvas" os artistas baianos é, no mínimo, um desrespeito com estes profissionais, pois nenhum governo deu aos artistas, privilégios. Todas as conquistas na área cultural foram iniciativas dos artistas, individualmente ou coletivamente. Se o governador fosse um homem com esclarecimento amplo na área da cultura, entenderia isto muito bem.
A Classe Artística não trabalha para ideologia política partidária e sim para a liberdade de expressão do ser humano, pois só através desta é que podemos transformar o indivíduo.
Talvez more aí o poder da arte e a justificativa do descaso com que vem sendo tratada a nossa cultura.
Nos respeite, governador e reflita quando se dirigir a um grupo de trabalhadores que, devido ao subjetivismo de suas profissões não pode sequer recorrer à greve como instrumento de protesto. Mas não se esqueça que somos formadores de opinião e temos o apreço das platéias.
O atual secretário justifica o fracasso de sua gestão acusando a escritora Aninha Franco de orquestrar os protestos do 2 de Julho. O protesto ocorreu por iniciativa dos artistas e a citada escritora, em momento algum, colaborou para isto. É importante ressaltar que toda a mobilização ocorrida foi efetuada através de uma comunicação estabelecida unicamente através de e-mails, sem a necessidade sequer de uma reunião. Tudo isso, Sr. secretário, para o senhorr perceber a insatisfação que grande parte da classe artística soteropolitana - que compareceu em massa - tem para com a política cultural dos atuais governos: estadual e municipal.
A classe artística não precisa ser orquestrada, pois não é massa de manobra. É uma classe pensante e crítica e, talvez por isto, é que esteja sendo tão desrespeitada.
"Viúvas do passado", como sugere o governador, são todos aqueles que conseguem sobreviver aos governos, fazendo o seu ofício. São artistas como Carybé, João Ubaldo, Edgard Navarro, Lázaro Ramos, Margareth Menezes, Luis Caldas, Armandinho e instituições como o Balé do TCA, Balé Folclórico, Museu Carlos Costa Pinto, Instituto Histórico e Geográfico, Theatro XVIII, Academia Baiana de Letras, Teatro Vila Velha e todos os que conseguem elevar o nome do nosso Estado, tornando-o um dos principais pólos de produção artística e uma das expressões culturais mais representativas do Brasil
Exigimos mais respeito, pois os privilegiados passam também pelo atual secretário de Cultura que sobreviveu, e muito bem, dentro dos governos passados, conquistando o seu respaldo artístico em um sistema que ele hoje, oportunamente, combate. A discussão cultural é muito mais complexa do que se imagina. Sobreviver de arte, em si só já é uma arte e a maioria dos nossos políticos parece ignorar esta verdade. Acusar de privilegiados profissionais que em sua grande maioria não tem nem uma casa própria, é ultrajante.
Qual o moral que um político tem hoje de se referir a uma classe de trabalhadores que emociona, diverte, informa e eleva a autoestima da população? Qual o moral que os grupos políticos podem ostentar em um país onde o Congresso Nacional afunda em meio à corrupção? Onde o presidente da República, omissamente, a tudo assiste? Claro! Falar do presidente ou ter qualquer idéia contrária a atual corrente de pensamento, virou coisa dos "privilegiados" e das "viúvas do passado".
A lógica empregada pelo governador é tosca, assim como é distorcido o pensamento de que "quem não está a meu favor está contra mim".
Chegamos até o atual governo fazendo oposição aos grupos que estiveram no poder, uma oposição em nome da liberdade, pois somos artistas e precisamos dela e é em nome dela que agora estamos também criticando e nos posicionando contra a atual gestão ou falta de gestão cultural. Não temos compromisso com nenhum partido. A nossa bandeira não perpassa pelas ideologias partidárias e sim pela liberdade na garantia do Estado verdadeiramente democrático e de direito.
Por isso, nos respeite, Sr. Governador.
Salvador, 03/07/2009
Sindicato dos Artistas e Técnicos do Estado da Bahia
Presidente: Fernando José Marinho
Secretário Geral: José Carlos da Silva
Um comentário:
AGORA,ele,o governador,disse que não sabia que a cultura no estado estivesse assim...porque não demite esse cara,o tal MM? se o mantem,é porque continuam mentindo,OS DOIS.Prometeu,agora,uma grana prá cultura;porque não antes?se MM não soube trabalhar,porque mantê-lo?Mariana
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