Deu no Blog Reinaldo Azevedo:
O republicano John McCain fez um bom discurso, adaptado a sua personalidade: duro, incisivo, mas com muito menos frases de efeitos do que o da vice de sua chapa, Sarah Palin. Lembrou a sua trajetória de soldado e como e por que resistiu às dificuldades: fé no seu país. Fez, como não poderia deixar de ser, algumas referências a Obama, mas poucas, sem muita agressividade. No momento mais contundente, mandou ver: “I will reach out my hand to anyone to help me get this country moving again. I have that record and the scars to prove it. Senator Obama does not” - “Estenderei a mão a qualquer um que queira ajudar este país a progredir outra vez. Eu tenho história e cicatrizes para prová-lo. Obama não tem”. Uma frase compatível com um discurso que recorreu 43 vezes à palavra “luta”.
Era, mais uma vez, referência a seu passado de soldado, condição exaltada num vídeo que antecedeu o seu discurso. Mas, já nessa apresentação, esboçava-se um McCain também conciliador, o que ficou claro no discurso - em contraste com a Sarah Palin de ontem, que partiu para o confronto. O filme lembrou que McCain esteve à frente do esforço para reatar as relações dos Estados Unidos com o Vietnã, o que acabou acontecendo. Vale dizer: o homem que não teve medo da guerra também sabe fazer a paz. Esse McCain da união prometeu trabalhar com os dois partidos para resolver os problemas do país.
E o republicano falou conciliação dentro e fora do país. Nos EUA, pregou o fim do ódio entre os partidos e a união de todos os americanos. E se ofereceu para liderar o processo: “I don’t work for a party. I don’t work for a special interest. I don’t work for myself. I work for you” - “Eu não trabalho por um partido. Eu não trabalho por interesses privados. Eu trabalho para vocês”. E fez até uma espécie de mea-culpa, observando que, às vezes, mesmo os republicanos, em vez de mudarem Washington, deixam-se mudar por Washington. E disse que luta (sic) para restaurar o orgulho e os princípios de seu partido: “I fight to restore the pride and principles of our party. We were elected to change Washington, and we let Washington change us.” Embora tenha aberto o discurso exaltando George W. Bush, que conduziu o país num momento muito difícil, fez questão de deixar claro que é um homem independente.
E, claro, McCain confirmou, como chamarei?, a metafísica republicana:
E, claro, McCain confirmou, como chamarei?, a metafísica republicana:
- não vai aumentar os impostos e, se possível, vai cortá-los - “Obama quer aumentá-los”;
- vai cortar gastos do governo - “Obama quer ampliá-los”;- vai criar mais empregos cobrando menos impostos da sociedade. Obama faria o contrário à medida que elevaria impostos.
- vai abrir a economia e preparar os trabalhadores para a competição global.
Sim, também ele falou da necessidade de livrar o país da dependência do petróleo estrangeiro, investindo em energia nuclear e em energias alternativas.
Numa alusão a aspectos um tanto messiânicos de seu oponente, provocou: “Eu não estou concorrendo à Presidência porque me ache abençoado com alguma grandeza pessoal ou porque a história me ungiu para salvar o meu país na hora da necessidade. Meu país é que me salvou. Meu país me salvou, e eu não posso esquecer isso.”
Vamos ver. As estratégias estão desenhadas. Obama é a mudança que oferece o novo, uma idealização do futuro. McCain promete mudar também, com um discurso que apela a uma espécie de restauração, uma idealização do passado. E os dois se querem, a um só tempo, a “América profunda” e a “renovação”.

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