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sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Anomia"

Por Arthur Virgílio
Escrevo este artigo na quinta-feira , quando a greve da Polícia Militar baiana entra no seu décimo dia de greve, apesar da desocupação do prédio da Assembleia Legislativa.
Agravado com a possibilidade de adesão dos oficiais à revolta de sargentos, cabos e soldados, pela ameaça de esse grave fato se repetir em mais oito estados e com as polícias civis acenando com possibilidade de greve geral em março.
Espero que o impasse tenha sido sanado, quando meus poucos leitores me estiverem a ler. De todo modo, a Bahia ficou muito ferida e as sequelas da tragédia de equívocos que a vitimou permanecerão rondando o (des) governo Jaques Wagner até seu ultimo dia.
Começo esclarecendo com todas as letras que sou contrário a greves feitas por pessoas armadas que, ainda por cima, tenham a obrigação de estar nas ruas zelando pela segurança da sociedade.
É dever dos governantes sensatos o diálogo franco com seus servidores policiais, que merecem remuneração justa e equipamentos adequados. Tanto quanto é intolerável que estes se amotinem, rompam a hierarquia e pratiquem atos de vandalismo.
Daí a passar a mão na cabeça de Jaques Wagner vai uma distância enorme.
Irresponsável, sabia da crise, que estava mais do que avisada, mas, ao invés de matá-la no nascedouro, preferiu integrar a comitiva da presidente Dilma Rousseff à Cuba dos ditadores Castro. Foi até fotografado, em traje típico caribenho, tietando o homem que carrega nas costas e na consciência o peso de dezenas de milhares de mortes.
Chegando ao Brasil, procurou vestir a capa do governante "maduro" e preocupado com a ordem pública, adjetivando duramente os rebeldes. Como se, em 1992, quando o Palácio de Ondina era ocupado por Antonio Carlos Magalhães, não tivesse instigado greve dessa mesma PM (afirma não se lembrar se ajudou ou não a financiar o movimento ilegal!).
Como se, em 2002, não tivesse, outra vez, instigado a paralisação da corporação, inclusive incitando o comandante-geral a discutir as ordens dadas pelo governador Cesar Borges, do então PFL.
Wagner abriu mão de sua autoridade. Seu estado está, há dias, sob intervenção federal "branca". A imprensa noticia, inclusive, que ele estaria em entendimentos com o Tribunal de Justiça, visando ao relaxamento do pedido de prisão dos principais líderes grevistas. Parece um presidente argentino que, em vida, se chamou Arturo Frondizi.
Além da greve aberta, clara, levada a cabo por muitos PMs, existe uma outra, disfarçada, que se caracteriza por policiais não saírem das viaturas, ainda que presenciando um assalto ou outra ocorrência que exija repressão.
Com isso, a intranquilidade sobe ao paroxismo. O comércio amarga prejuízos da ordem de 80% do faturamento habitual. Os hotéis recebem pedidos de cancelamento de reservas todos os dias, às centenas. Os taxis, quando ousam circular, o fazem vazios e no "vermelho". Os restaurantes estão às moscas. O maior carnaval do mundo, haja o que houver, já não dará o retorno financeiro habitual à Bahia e aos baianos.
Pior que tudo: em apenas 10 dias, 150 homicídios foram registrados na região metropolitana de Salvador. Mesmo sabendo-se que a política de segurança do governo Wagner é das mais claudicantes do país, levando a índices habitualmente elevados de crimes letais, estamos diante de lamentável recorde. São números próprios das guerras do Iraque e do Afeganistão.
Para completar, Dilma Rousseff, bem orientada por seu marqueteiro - o mesmo que inventou tanto a falsa "faxina", quanto a falsa "gerentona" - declara bombasticamente à imprensa que não tolerará anistia aos "baderneiros" da greve baiana.
É a mesma presidente que, em outubro do ano passado, anistiou policiais de 13 estados, envolvidos em greves tão ilegais quanto à da Bahia. Ou seja, claro que haverá anistia de novo.
Por pouco não vimos o choque de tropas federais (Exército, Polícia Federal e Força Nacional) com policiais militares. Espero, sinceramente, que a publicação deste artigo coincida com a paz e a restauração da ordem. Mas o conflito armado, até agora, não se deu por um fio.
Cinicamente, o governo baiano propagandeia o carnaval, tentando aparentar normalidade. Deveria, isto sim, estar de luto pelas 150 vidas que o radicalismo dos PMs e a inépcia do governo ceifaram.
Cuidemos para que o Brasil não entre em estado de anomia, o Ministério se desfazendo em denúncias de corrupção e a desordem ameaçando tomar conta das ruas das nossas cidades.
Cuidemos enquanto é tempo!
* Arthur Virgílio, é diplomata e foi líder do PSDB no Senado
Fonte: "Blog do Noblat"

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