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terça-feira, 20 de agosto de 2024

Baiano "Revoada" revive o cangaço


Por Celso Sabadin. 

1938. Lampião está morto. Maria Bonita está morta. E agora? O que será do cangaço? É neste cenário do desespero e de desesperança que se desenvolve "Revoada", longa do sociólogo, crítico de cinema, ensaísta, ator, roteirista, escritor, dramaturgo, poeta e cineasta baiano José Umberto Dias.

A ação se centraliza no casal de cangaceiros Lua Nova e Jurema que, junto com o que sobrou de seu bando, decide partir para uma alucinada vingança, na tentativa de dar continuidade à obra de Lampião. Porém, a falta de liderança leva o grupo a ações desvairadas que só aceleram o caminho para o final desta era de nossa história tão repleta de violências. 

"Revoada" transita no registro de insanidade e desalento, misturando linguagens teatrais e cinematográficas, alegorias e referências do Cinema Novo, com direito a homenagens explícitas a Glauber. 

Vigoroso e intenso, carrega o peso e o mérito de revisitar o importante subgênero cinematográfico do cangaço, também conhecido como "nordestern" brasileiro. No elenco, Jackson Costa, Annalu Tavares, Edlo Mendes, Nelito Reis, Aldri Anunciação, Gil Teixeira, Caio Rodrigo, Nayara Homem, Bernardo D'El Rey, Sérgio Telles, Christiane Veigga e Carlos Betão.

Mesmo sob o espírito universal do banditismo, o diretor considera que "a diversidade cultural inspira a singularidade de cada povo, a nos fazer constatar o quanto, ao longo do tempo, podemos ver perfilada toda uma linhagem de guerreiros universais que compõem o arquétipo do bandoleirismo de vendeta a atravessar o imaginário oblíquo da humanidade". Mas é certo o quanto, enfatiza o cineasta, "o fenômeno do bandido primitivo ganhou todo um corolário próprio na zona rural do Nordeste do Brasil".

Produzido em 2008, "Revoada" passou por vários problemas de produção e entrou em cartaz somente agora, em 15/08, nos cinemas de Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Feira de Santana (BA), Fortaleza (CE), Maceió (AL), Mossoró (RN), Porto Alegre (RS), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Vitória da Conquista (BA).

Quem dirige

Graduado em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia, José Umberto Dias ou, simplesmente, Zé Umberto, começou sua história como cineasta num curso de iniciação cinematográfica ministrado pelo Grupo Experimental de Cinema daquela universidade, em 1968.

O sociólogo se formaria em 1971, mas não deixou mais o cinema. Desde então vem atuando na cena cinematográfica da Bahia, dirigindo, fotografando, roteirizando e montando. Seu primeiro longa de ficção, "O Anjo Negro", é de 1972. Ele coordenou a Divisão de Imagem e Som da Fundação Cultural do Estado da Bahia, entre 1976 e 1977. 

De 1980 a 1990, realizou documentários para a TVE-Bahia. O longa "Revoada", fruto de pesquisas acerca do cangaço, sucede "Musa do Cangaço", de 1982, em 35 mm, e "Dadá", de 2001, um videoclipe. José Umberto Dias é também crítico de cinema, ensaísta, ator, roteirista, escritor, dramaturgo e poeta.

Texto publicado em www.planetatela.com.br

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