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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

China pagou jornais brasileiros e dos EUA para propaganda do regime

Em meio a pressões internacionais para aprovação de vacinas chinesas para Covid 19, um relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos trouxe uma impressionante relação de pagamentos provenientes do 'China Daily', jornal em inglês controlado pelo Partido Comunista Chinês (PCCh), destinados a vários jornais internacionais, incluindo 'Washington Post' e periódicos brasileiros como 'Folha de São Paulo', 'O Globo' e 'Correio Braziliense'.

O objetivo do financiamento era, segundo o relatório, promover propagandas governamentais.

Os documentos, divulgados no dia 1° de junho, trazem pagamentos de aproximadamente 19 milhões de dólares a veículos de imprensa. Segundo o site Insurgere, “o acordo é fundamentado na publicação de propagandas pró-Pequim disfarçadas de notícias reais, um informe chamado de 'China Watch'". As despesas são referentes ao período entre novembro de 2016 a abril de 2020.

Esses números não se referem a gastos com publicidade, mas com conteúdo pago.

Segundo o relatório, a 'Folha de São Paulo', registrada como "Empresa Folha da Manhã S.A", arrecadou 405 mil dólares como pagamento por compartilhar os conteúdos do 'China Daily'. No mês de Janeiro de 2019, o Grupo Folha recebeu um valor muito acima da média anual: 41,4 mil dólares.

Já a Editora Globo recebeu aproximadamente 109 mil dólares, enquanto o 'Correio Braziliense' arrecadou pouco mais que 15 mil dólares.

Os registros da Lei de Registro de Agentes Estrangeiros (Fara) mostram que nos últimos quatro anos o 'China Daily' pagou cerca de 6 milhões de dólares ao 'Wall Street Journal' e 4,6 milhões de dólares ao 'Washington Post'

Outros gigantes do jornalismo americano também estão envolvidos no compartilhamento das "notícias": cerca de 753 mil dólares foram pagos ao 'Los Angeles Times'; a revista bimestral americana, 'Foreign Policy', recebeu um montante superior a 240 mil dólares; enquanto o maior jornal do mundo, 'The New York Times', conseguiu 50 mil dólares.

O site Defesa.Tv também relatou o documento: "Os dois jornais, de grande alcance no país, publicaram 'suplementos pagos' que o jornal chinês produzia, chamado de "China Watch". A intenção era vender as publicações como se fossem notícias reais, mas sempre fazendo propaganda em favor da China".

Ao todo, em anúncios, o 'China Daily' gastou 11 milhões de dólares. No Twitter, foram 265 mil dólares em propagandas, mesmo com a proibição da rede social no país. Os 7,6 milhões de dólares restantes foram gastos com jornais impressos.

A publicidade chinesa

A matéria do site 'Insurgere' traz uma análise sobre o pagamento de publicidade pelo governo chinês:

"Embora a divulgação de seu governo seja uma ferramenta utilizada com muita frequência por outros países, a mídia estatal chinesa faz uso de métodos incomuns e nada transparentes para 'comprar' os meios de comunicação estrangeiros. Desses métodos, estão o fornecimento de materiais gratuitos para seus parceiros e preço acima do normal na hora de comprar um espaço publicitário.

Com base nos registros anuais do 'China Daily' junto ao governo dos EUA, sob a Fara, o orçamento e as despesas do jornal aumentaram dez vezes na última década; de cerca de 500.000 dólares no primeiro semestre de 2009 para mais de 5 milhões de dólares em 2019. Cerca de 3 milhões de dólares foram gastos apenas nos primeiros  quatro meses de 2020.

Os dados também mostram que dos 19 milhões de dólares gastos nos últimos quatro anos pelo 'China Daily' para influenciar a política de outros países (principalmente nos EUA), mais de 15 milhões de dólares foram apenas nos anos de 2017 e 2018.

A analista de pesquisa da Freedom House, Sarah Cook, afirma que as autoridades chinesas se referem a prática publicitária como "pegar um barco emprestado para chegar ao mar". Portanto, o PCCh possui uma motivação maior do que apenas divulgar seu governo.

Em fevereiro, o governo americano anunciou restrições a cinco meios de comunicação estatais chineses: 'Xinhua', CGTN, China Radio, 'China Daily' e 'People's Daily'. As agências foram acusadas pelo governo dos EUA de servir como instrumentos de propaganda do governo chinês. Como resultado, foram forçadas a se registrar como embaixadas estrangeiras".

Informações: Insurgere

Fonte: https://www.estudosnacionais.com/


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