O que se pretende é a remoção do cristianismo da esfera pública...
A sutil tentativa de
abolição do cristianismo pelos "direitos humanos"
Por Jocinei Godoy
Todo cristão que se preze sabe que na religião cristã o
adepto é convidado a apenas crer em Jesus e receber gratuitamente a salvação
pela fé. Ao invés disso, em todas as outras religiões, barganhar através de
ritos meritórios em busca de aceitação e aprovação da entidade
"mística/espiritual" é basicamente uma regra. Na religião cristã
temos a mais importante sentença proferida em todos os tempos: "Está
Consumado".
A profundidade desta sentença é de
uma magnitude singular, praticamente incompreensível ao homem natural. Ela
satisfaz o maior anseio existencial da humanidade. Está pago! Como pode alguém
obter a vida eterna de graça, apenas recebendo pela fé o presente que custou a
vida do Unigênito filho de Deus? Como pode o próprio Criador sacrificar-se pela
sua criatura?
Não
obstante, muitos têm rejeitado a apropriação pela fé do presente concedido pelo
próprio Deus. Uma das razões para isso reside na substituição da religião
tradicional pela religião civil, a saber, uma forma de fé que, ao invés de ter
Deus como alvo, aponta para a humanidade e as suas instituições falíveis como
redentoras do mal existente.
A ideia de laicidade que, em resumo, reside na distinção
entre Estado e Religião, isto é, o Estado não se imiscui com o poder religioso
e a Religião não se imiscui com o poder político, tem sido altamente deturpada.
Na verdade, o que tem sido buscado sob a máscara da laicidade é o ataque direto
à religião organizada na tentativa de extirpá-la da esfera pública e, quiçá, da
privada.
O filósofo francês Emmanuel Lévinas (1906-1995), em seu
livro Entre
Nós: ensaios sobre alteridade, nos ajuda a compreender melhor este
anseio da laicidade em se tornar uma religião civil: "quanto mais incapaz se sente a
laicidade de responder às questões do mundo moderno, tanto mais tende a se
autocelebrar e a se erigir em religião civil".
O que se pretende é a remoção do cristianismo da esfera
pública para colocar os "Direitos Humanos" em seu lugar - um deus imanente autocriador de leis e
códigos morais (aprovação do aborto, da pedofilia, da ideologia de gênero, da
sacralização da perversão, etc.) para o "bem-estar" da humanidade.
Isto nada mais é do que a supressão do único antídoto capaz de livrar a
humanidade do seu maior problema existencial: a separação de Deus, fruto do efeito
do pecado, cuja origem remonta a Queda no Éden.
Quando o homem não sabe que está doente, não vai atrás
de remédio. Não saber que a nossa chaga mortal é o pecado, implica em não
lançar mão da sentença salvífica misturada com o sangue do Cordeiro para a
nossa cura existencial definitiva.
É por isso que muitas pessoas não sentem a culpa pelo
pecado que cometem. Elas contam uma mentira para si mesmas, de que não há culpa
pelos erros que cometem, em especial, os erros de ordem moral. Para elas não
existe este negócio de ética universal ou coisas do gênero.
Apenas acreditam que estes erros não são erros, mas
simples relações de causa e efeito sem qualquer teor moral. Para isso,
desconsideram todo o arcabouço religioso judaico-cristão que colocou de pé a
civilização ocidental. Contanto que seus erros ou práticas hedonistas sejam
justificados, através de corriqueiro exercício de racionalização, do tipo: é
culpa dos meus pais; é culpa da sociedade; é culpa de terceiro; é culpa do
sistema; é culpa do Estado, etc., eles estarão amortecidos pelo veneno do
pecado.
Contudo, a despeito deste quadro pavoroso de um aparente
cristianismo em crise, Deus possui controle absoluto de sua ordem criada. Como
disse o filósofo americano Peter Kreeft em seu
livro "Como
vencer a guerra cultural", sem dúvida, Deus possui uma arma
eficaz [remédio] no combate da apostasia espiritual e da secularização: a santidade dos seus santos operada
pelo seu próprio Espírito.
A diferença neste mundo ainda é notória entre os santos
de Deus e as demais pessoas. Os santos de Deus não são pessoas perfeitas, mas,
aqueles que reconhecem o senhorio de Deus em suas vidas e a necessidade de
seguir na busca por uma vida de amor, que se assemelhe a vida do Deus-Homem,
Jesus Cristo.
É a santidade, assim como o sal, conforme dito pelo
eminente pastor americano Tim Kellerem recente
conferência aos membros do Parlamento Britânico, que continuará por preservar e
realçar o melhor da nossa cultura, além de impedir as piores tendências dela.
Portanto, antes de lutar contra as artimanhas do diabo, não se esqueça de
refletir sobre si mesmo como um santo, instrumento de Deus na luta contra o
mal.
"Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o
seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora
e pisado pelos homens." Mateus 5.13 NVI.
Jocinei
Godoy é apologista cristão por vocação. Formado em Teologia pelo Seminário
Teológico Batista Independente de Campinas-SP; estudante de Filosofia na
PUC-Campinas-SP; e sócio da Evolução Consultoria. Marido da linda Edilaine, e
pai da Giovanna e do Vinícius.
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