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terça-feira, 10 de abril de 2018

Teatro Margarida Ribeiro surgiu por iniciativa de movimento cultural na década de 1970


Por Adilson Simas
O publicitário Antônio Miranda lembra como nasceu no início dos anos 1970, o Teatro Municipal Margarida Ribeiro. Com o título "O Teatro e o Lampião de Gás", o texto Miranda, considerado um dos grandes responsáveis pelo agito do movimento artístico e cultural da cidade, foi publicado em 2002 no livro do artista plástico Gil Mário de Oliveira Menezes e vale a pena ler de novo. (Adilson Simas)
O TEATRO E O LAMPIÃO DE GÁS
Parece coisa dos tempos de antanho, mas não é. É mais recente do que sonha nossa vã cronologia. Início da década de 70, anos férteis da contracultura. Nosso grupo à luz de um pibigás com lampião por falta de uma luz que iluminasse novos palcos na cidade, reunia-se para ensaiar CLEÓPUTO. Um espetáculo experimental que reunia textos escritos em nossas andanças por São Paulo.
O local emprestado já tinha sido casa de peças (de automóveis, não de teatro), Boliche e Boate do círculo que, a título de nos fazer sentir metropolitanos, batizamos de rua Augusta. A área abrigava o Feira Tênis Clube, barzinhos, casas noturnas etc, e reunia a nata - da  esquerda - festiva teatral da cidade.
Pibigás aceso, elenco no palco improvisado, iniciados os laboratórios dramáticos (tão em vigor na época), um devaneio.
- Puxa, isso aqui até que daria um teatrinho legal!
- Tá sonhando, Miranda?
- Não. Dá mesmo! Vamos até aqui na esquina falar com seu Modesto, que é o dono do prédio, perguntar quanto é o aluguel e amanhã a gente vai ao prefeito pedir para ele reformar e pagar o contrato.
- Miranda pirou de vez!
Esta não era a gíria da época, mas piramos todos.
Toda gente de teatro: Geraldo Lima, Luciano Ribeiro, Gildarte Ramos, Alvaceli Lima, Zé Maria, Naron Vasconcelos, Aliomar Simas, Gilberto Duarte, Dimas Oliveira, Luis Arthur, Iderval Filho, Getúlio (Pelé) Marinho da Natividade, Ronaldo Souza Santos, Hélio Cerqueira.
Pedimos audiência e fizemos o pedido ao prefeito João Durval. Fomos atendidos.
Reza a lenda que um assessor chamou a atenção do prefeito. Vamos imaginar que a conversa foi assim:
- Dr. João, o senhor vai dar um Teatro para os comunistas?!
- Não, eu vou dar um Teatro para a cidade.
Fecha a cortina.
Naquela época, apesar da repressão braba, da censura prévia, formávamos a juventude libertária que ainda se alimentava de esperança, apesar de tonta com a tortura esporada ao AI 5.
Voltamos ao Teatro. Já tínhamos as cadeiras, o projeto foi feito, as obras realizadas. Prosseguimos os ensaios, estreamos a peça e o TEATRO MARGARIDA RIBEIRO.
Justa homenagem a uma companheira, mulher-símbolo-de-nossa-época, que perdemos em uma fatalidade.
Depois de CLEÓPUTO, veio EXUMA, veio LUCAS DA FEIRA, vieram novos espetáculos e veio o fechamento do MARGARIDA RIBEIRO com a mudança de prefeito.
Ai, o Auditório do Colégio Monteiro Lobato se transformou e ganhou a pompa de TEATRO MUNICIPAL MARGARIDA RIBEIRO, numa tentativa de substituição.
Dizem que quiseram tirar o nome de MARGARIDA RIBEIRO, para ficar TEATRO MUNICIPAL DE FEIRA DE SANTANA. Pensando, talvez, em receber um dia o Balé Bolshoi ou os "pavorittis" da vida.
Mas a classe teatral reagiu. Essa história não vivemos.
Nem  testemunhamos.
Quem souber que nos conte outra...

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