Cartaz de "Cleóputo", peça que inaugurou
o Teatro Margarida Ribeiro
Foto: Arquivo Blog Demais
Aos poucos e poucos vai se conseguindo definir a
boa vontade de quem quer e a má vontade de quem não é legal. João Durval
prometeu o teatro logo o início do seu governo. Não pode dar no momento exato
em que queria. Indústria, indústria, indústria, estava na cabeça do homem. A
cuca fundiu e fundiu certo. Ou indústria para Feira ou Feira viverá do passado.
Indústria traz emprego e traz imposto para a nossa Prefeitura da Princesa do
Sertão. É o elemento básico. É a estrutura. Da promessa do teatro surgiu o que
queríamos. O Teatro Margarida Ribeiro. Pequeno. Bonitinho. Gostoso. Bom de se
trabalhar com ele. Bom até de mastigar. Nós não queríamos, João, um elefante
branco como o Castro Alves. Elefante branco ou o Belo Antônio: é bonito mas não
funciona. O que nós queríamos mesmo é isto que está aí. Pra nós, João, você
cumpriu o que prometeu. Deu o teatro da Feira de Santana. E o resto deixa
sangrar como diz Caetano, a figura mais linda do nosso patropi. Os
inconformados, por certo, vão dizer que queriam outra coisa maior, melhor e
mais luxuoso. Porém quem faz esta joça deste teatro em Feira de Santana somos
nós e portanto nós é quem temos a condição de avaliar se está bom ou se está
ruim e está bom mesmo. Você é legal, João. Chega a ser bom demais. Traz em si
aquele dom das pessoas que vivem para atender, para servir, para dizer sim. Não
quer contrariar para não desgostar ninguém. Você, João, escolheu uma turma da
pesada para lhe ajudar. Juraci (Dórea), Everaldo (Cerqueira) e Edson (Prado), a
trilogia da santíssima curtição, da pesada. Este pessoal trabalhou com muito
interesse. E trabalhou bem. Teve mais dois caras, João, gente sua e nossa.
Começou com Faustino (Dias Lima), eta amigão... ret... e terminou com Araújo
Freitas, o homem que disse que “o Teatro vai ser inaugurado mesmo”. Araújo
também é bom. Não fosse Margarida, João, o teatro ia ter seu nome. O caso é que
Margarida era boa demais pra gente. Ela era da nossa, mesmo. Sentia o que nós
sentimos. E nós sabíamos, João, que você nos daria a liberdade de escolher o
nome. Ela ficará com o nome na casa de espetáculo e você já está
automaticamente ligado à história do teatro na Bahia, Feira é a maior cidade.
Pra qui virão gentes e muitas gentes apresentar muita coisa no nosso palco. E
foi você quem mandou fazer."
Texto assinado pela Equipe de "Cleóputo",
peça que inaugurou o Teatro Margarida Ribeiro, em 1971. Está contido no
programa do espetáculo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário