BRT - O buraco é mais embaixo

Por Ildes Ferreira

Por que, tanto ruído, em relação ao BRT de Feira de Santana? As verdadeiras causas dos que "são contra" são realmente de natureza ambiental? Pouco provável, até porque, em muitas outras situações bem mais críticas, esses "ambientalistas" simplesmente se calaram. Para não ir mais longe (são muitos os exemplos), pode-se citar a construção da avenida Nóide Cerqueira, na qual muitas árvores (algumas, realmente centenárias) foram sacrificadas e nenhuma voz defendeu, sequer, o plantio de novas. Seria a proximidade da eleição municipal a motivação dos opositores? Pode influenciar, mas o que parece nortear toda essa reação é algo muito mais profundo e perigoso. Forças "ocultas" (nem tanto!) poderosas, de ideologia ultraconservadora e excludente podem estar usando os "ambientalistas" para uma tentativa de golpe contra os setores subalternos da sociedade - os trabalhadores de menor renda - principal usuário do transporte coletivo.

As avenidas Getúlio Vargas e Maria Quitéria, outrora locais privilegiados de residência da nobreza feirense e que hoje dão lugar ao comércio que já se estende do centro à avenida Fróes da Motta (Contorno), em diferentes modalidades, não deveriam ser transformadas em espaços de utilização diária da população pobre, trabalhadora, usuária do sistema BRT. Deveriam, essas avenidas, ficar preservadas exclusivamente para os automóveis particulares, garantido o privilégio de poucos. Os trabalhadores de menor renda que se contentem em utilizar o espaço da avenida Presidente Dutra, palco diário de caminhões e carretas e que deveria servir também ao transporte de massa. Assim, o discurso ambiental pode ser mero pretexto para um embate político visando à manutenção de uma ideologia preconceituosa e discriminatória, prejudicial à coletividade, especialmente à população mais pobre.

Fonte: Página de Ildes Ferreira no Facebook