Por Reinaldo Azevedo
A bagunça no governo deveria ser matéria de curiosidade
científica. Vejam as dificuldades criadas para Michel Temer exercer a
coordenação política, o que o levou, na prática, a deixar o cargo. Quem
anunciou o corte de ministérios e a possível redução da máquina foi Nelson
Barbosa, do Planejamento, que não tem nada com isso, em companhia de Gilberto
Kassab (Cidades), que também não tem nada com isso. Ocupam-se ainda da
interlocução política Jaques Wagner (Defesa), Miguel Rossetto
(Secretaria-Geral) e Aloizio Mercadante (Casa Civil).
É pouco? É pouco! Dilma agora escalou para fazer a interlocução no
Congresso e, eventualmente, cuidar das miudezas das quais Temer não quer mais
saber ninguém menos do que Giles Azevedo, seu assessor especial, que a
acompanha desde que ela era secretária de Energia do Rio Grande do Sul.
Nesta segunda, em seu gabinete, ele já se reuniu com deputados do
PT, do PCdoB, do PMDB e do PP para tentar montar uma estrutura que blinde a
presidente e o governo nas CPIs do BNDES e dos fundos de pensão. Assim, temos
aquela penca de ministros fazendo a "descoordenação política", sob uma espécie
de comando de um olheiro de Dilma. A presidente atrai para si mais uma função
para ser mal executada. Isso joga o varejão político dentro do Palácio do
Planalto, que é algo que todo presidente deve evitar, em vez de estimular.
Todas as eventuais contrariedades cairão no colo da própria presidente.
Mais: Dilma está mandando um braço seu, pessoal, terçar armas com
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, na Casa que este conhece como a
palma da mão. Este é um daqueles momento sublimes, que não são raros na
trajetória de Dilma, em que ela atravessa a rua só para pisar na casca de
banana.
Giles é um assessor discreto e, até onde se sabe, nunca se meteu
em sujeira, mas sua influência no Congresso é muito inferior a zero. Tende a
ser mais problema do que solução.
Fico imaginando o inferno em que se transformou a vida da
presidente, obrigada a ouvir de cada interlocutor uma avaliação. Pior: a sua
agenda é hoje regulada pelo improviso e pelas necessidades da hora, sem nenhum
planejamento. O caso da redução dos ministérios o evidencia com sobras. Na
eleição de outubro, ela rechaçou a ideia e disse que isso era coisa de quem
tinha viés tecnocrático, antipovo. Eis aí.
Dilma decidiu ela própria ir às compras. Vai dar errado.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo
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