Por
Augusto Nunes
As oitavas de final já vão chegando, mas o time do Planalto
continua tentando prorrogar o jogo de abertura da Copa, que terminou com a
vitória do Brasil sobre a Croácia e a goleada sonora imposta a Dilma Rousseff
pela multidão cansada de vigarices e bandalheiras protagonizadas pela seita
lulopetista. Lula cobra dos adversários gestos de subserviência explícita à mãe
e avó constrangida por xingamentos. Rui Falcão exige que os candidatos
oposicionistas condenem (e com veemência) o comportamento dos 50 mil
brasileiros que recomendaram à chefe de governo, em coro, o que todas as
torcidas, em todos os estádios, invariavelmente ordenam ao juiz ou ao
bandeirinha.
Haja hipocrisia, grita o calendário da infâmia resumido neste
post. Pinçados no vastíssimo acervo de violências liberticidas acumuladas pelo
PT desde o dia do nascimento, sete episódios bastam para escancarar o
farisaísmo das carpideiras do Itaquerão. Por achar que os fins justificam os
meios, o bando no poder age há 13 anos como se tudo fosse permitido. Só é
proibido alvejar com nomes feios a candidata em queda nas pesquisas e
abandonada por antigos aliados, ressalva o mestre e repetem os coroinhas de
missa negra. A ladainha é desmoralizada pela amostra exibida a seguir:
MAIO DE 2000
Sem perceber que os microfones estavam ligados, Lula se
preparava para gravar a declaração de apoio a Fernando Marroni, candidato do PT
a prefeito de Pelotas, quando qualificou a cidade gaúcha de "pólo exportador de veados". Nunca se desculpou pela afronta. O partido
não viu nada de mais no deboche homofóbico.
MAIO DE 2000
Ao discursar para a tropa companheira, o deputado federal José
Dirceu afirmou que os adversários políticos mereciam "apanhar nas ruas e nas
urnas". Dias depois da instrução expedida pelo presidente do PT, milicianos
destacados para agitar a greve dos professores agrediram fisicamente o
governador Mário Covas, já debilitado pelo câncer. Dirceu desmente ter dito o
que disse no vídeo. Lula criticou Covas por ter aparecido no portão de um
prédio público. O PT não viu nada de mais no monumento à violência.
JUNHO DE 2007
Alguns jornalistas perguntaram a Marta Suplicy, à época acampada
no Ministério do Turismo, se tinha algum conselho a oferecer aos milhares de
passageiros atormentados pelo colapso da aviação civil. "Relaxa e goza",
sugeriu a companheira. Marta diria depois que "estava brincando" com os
flagelados dos aeroportos. O PT não viu nada de mais no surto de humor da
sexóloga em recesso.
JULHO DE 2007
Ao lado de um assessor, em sua sala no Palácio do Planalto,
Marco Aurélio Garcia soube pelo 'Jornal Nacional' que a explosão do avião da TAM
que matou 199 pessoas no aeroporto de Congonhas fora provocada por problemas
mecânicos. O chanceler para assuntos cucarachas comemorou a notícia, que
isentava o governo de culpas, com um obsceno top top top filmado por um
cinegrafista. Garcia não pediu desculpas sequer aos parentes dos mortos. O PT
não viu nada de mais no espetáculo da boçalidade.
FEVEREIRO DE 2013
Numa livraria em São Paulo, onde faria uma palestra seguida de
uma sessão de autógrafos, a jornalista cubana Yoani Sánchez foi sitiada por
manifestantes que, berrando insultos, cassaram o direito de expressão da mulher
que se opõe à ditadura comunista. O evento foi cancelado pelos organizadores. O
PT não viu nada de mais na agressão liberticida.
FEVEREIRO DE 2014
O companheiro paranaense André Vargas, vice-presidente da
Câmara, aproveitou a abertura do ano legislativo para insultar o ministro
Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal. Durante a cerimônia, o
relator do processo do mensalão teve de ignorar as provocações do parlamentar a
seu lado, que erguia o punho cerrado para solidarizar-se publicamente com os
quadrilheiros engaiolados na Papuda. O PT não viu nada demais na ofensa
intolerável ao chefe do Poder Judiciário. Vargas só foi expulso depois que a
Polícia Federal descobriu os laços repulsivos que o vinculam à lavanderia de
dólares do bandido Alberto Yousseff.
ABRIL DE 2014
Escoltado por duas militantes, Rodrigo Grassi, assessor parlamentar
da deputada companheira Érika Kokay, perseguiu Joaquim Barbosa numa avenida em
Brasília, berrando termos ofensivos ao ministro do STF e palavras de ordem
simpáticas aos quadrilheiros do mensalão. As imagens foram gravadas pelos
próprios agressores. Pressionada pelo Brasil decente, a deputada teve de
livrar-se do delinquente que sustentava. O PT achou muito compreensível a
missão cumprida por Grassi.
Num comentário enviado à coluna, meu velho amigo Gonçalo Osório
precisou de poucas linhas para desmontar a ópera dos farsantes. "O primeiro a insultar a instituição da Presidência da
República foi Lula. E o PT é o responsável pelo constante desrespeito a normas
jurídicas, a decisões judiciais, ao mínimo decoro, à ordem, à ética e ao
respeito que deve haver entre adversários políticos. O lulopetismo fez o que
pôde para criar no Brasil antagonismos de classe, de raça, de religião, de
ideologia. O que Dilma ouviu no Itaquerão é apenas consequência".
Assustados com a paisagem eleitoral cada vez mais perturbadora
para o poste do Planalto, os semeadores de ódios fantasiam-se de apóstolos da
paz. São tão convincentes quanto um dono de bordel indignado com a filha do
vizinho que usa saias dois centímetros acima dos joelhos.
Fonte: Coluna do Augusto Nunes
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