Por Mary Zaidan
Ramona Rodriguez. A cubana
que fugiu do Mais Médicos de Pacajá, no Pará, criou um enrosco sem tamanho para
o governo Dilma Rousseff. Reacendeu críticas ao extravagante contrato em que os
irmãos Castro se apropriam do grosso dos salários dos médicos exportados e deu
xeque-mate à legalidade do programa, carro-chefe da campanha do ex-ministro
Alexandre Padilha ao governo do Estado de São Paulo.
Contas publicadas pelo
jornal O Globo revelam que o Mais Médicos reforçará os cofres da ilha em R$ 713
milhões ao ano, 77% do valor destinado ao programa junto a Cuba. Só 23% ficam
com os profissionais importados.
Criou ainda uma encrenca
jurídica.
O ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, apressou-se em dizer que Ramona poderá perder o visto de
permanência no país e a licença para atuar como médica no Brasil. A tese é
frágil. Ancora-se na medida provisória que sustenta o programa, que pouco vale
se confrontada à Constituição. Aliás, se o Brasil conferir a Ramona um
improvável asilo, ela pode passar no Revalida e exercer a profissão como
qualquer médico estrangeiro.
Para o governo, ficar com
Ramona é um problema. Incitaria novas dissidências. Embarcá-la de volta pode
ser ainda pior. Até porque, sabe-se, a ditadura cubana não a pouparia de
retaliações, que acabariam reveladas pela mídia. Não à toa, ela teme por seus
familiares, em especial pela filha, também médica.
É tão verdade que mesmo no
Brasil Ramona já é vítima de detratores. Ela foi acusada de bêbada e devassa
pelo deputado José Geraldo (PT-PA), que inscreveu nos anais da Câmara trechos
indizíveis da carta repugnante do presidente do Conselho Municipal de Saúde de
Pacajá, Valdir Pereira da Silva. De nível tão baixo que o PT deveria se
envergonhar e pedir solenes desculpas.
Para completar, blogs
engajados divulgaram a versão de que Ramona só queria mesmo encontrar o
namorado, em Miami, e que tudo não passou de uma farsa instruída pelo líder dos
Democratas, Ronaldo Caiado (GO).
A previsão é de que o
Brasil receba mais de sete mil médicos cubanos. Hoje, 5.378 já estão operando a
um custo de R$ 925,86 milhões por ano, isso sem computar transporte e moradia.
Repita-se: mais de três quartos disso fica com o governo de Cuba.
Embora o governo Dilma
afirme que só decidiu importar cubanos porque não conseguiu preencher as vagas
do Mais Médicos com brasileiros e outros estrangeiros, Ramona foi treinada há
dois anos para vir para o Brasil. Fez parte de uma farsa.
E faz parte de uma massa
que sustenta, com o seu trabalho, a ditadura que ela já demonstrou que não
quer. Mas que o governo do PT apoia. Com unhas, dentes e dinheiro. Muito
dinheiro.
Fonte: "Blog do Noblat"
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