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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O que é o mercado gospel para mim?


Por Eliseu Antonio Gomes
Uma pessoa amiga pediu minha opinião sobre o mercado gospel - termo costumeiramente usado pejorativamente. O que opinei se consiste nas linhas abaixo: 
Primeiro, o óbvio e ululante: vivemos em um país capitalista. Nada se faz sem que haja dinheiro envolvido. Saia de casa e terá que desembolsar algum valor em dinheiro para o combustível do carro, a vaga de estacionamento dele, a comida do restaurante, a opção de lazer. Até para louvar ao Senhor é preciso colocar a mão no bolso: é necessário colaborar com a manutenção do templo e projetos evangelísticos e missionários, não se adquire Bíblia gratuitamente - mesmo que não tenha custado nada o exemplar que você usa, algum coração bondoso pagou por ele.  
O que vem a ser o mercado gospel? 
Para a pessoa desigrejada, aquelas que são avessas às instituições eclesiásticas, todas as denominações evangélicas fazem parte do “condenável mundo gospel". Elas desconsideram o pastor e seu salário cuja origem são os dízimos e ofertas; deploram os cultos semanais em templos, dizendo que é ambiente de manipulação. Além disso, colocam "no mesmo saco" quem cante e grave CDs e DVDs com temáticas bíblicas. 
Ao frequentador de igrejas reformadas, o mercado gospel é composto por crentes pentecostais e neopentecostais. Dizem que é baboseira o falar em línguas e chama de circo os cultos fervorosos. Detestam como são realizadas a solicitação de ofertas durante o culto e qualquer solicitação de dinheiro publicamente, como nos casos de ajuda de custo para projetos de programas de televisão e rádio. 
O posicionamento de crentes pentecostais é parecido com o de crentes reformados, é claro que tirando o foco de si mesmos e lançando-o sobre os neopentecostais. Eles não consideram os "neos" cristãos completos. Há quem até se aventure a lançar deboches de seus métodos de culto referente ofertas e dízimos, escarnecem daquelas pessoas que lançam CDs e DVDs.  Para os "neos", o que é mercado gospel? Já ouvi alguns deles dizer que gospel é uma palavrinha inglesa, cuja equivalente em português é "evangelho". Acho curioso como eles são tão criticados e criticam pouco seus críticos. 
Bem, para mim o mercado gospel é um conjunto de coisas e pessoas - independente de pertencer às alas reformada, pentecostal ou neopentecostal. Aquele pregador e cantor que cobra para pregar, aquela cantora que também só se apresenta se pagarem o valor cobrado. A indústria de Bíblias de Estudos (já reparou como as prateleiras de lojas estão saturadas delas, e as editoras não param de lançar novidades? O cânon bíblico não basta mais?). Os CDs e DVDs de pregações e canções. 
O mercado gospel não escapa da Lei de Oferta e Procura. Por que será que Bíblias de editoras católicas são tão mais baratas do que as de editoras ditas evangélicas. A qualidade industrial é a mesma, mas o preço é exorbitantemente diferente. 
Minha opinião é que precisamos analisar o que é vendido e comprar apenas aquilo que sirva para a nossa edificação. Tomar cuidado com críticas, porque nem todas elas visam o interesse coletivo, muitas não passam de defesa de causas próprias usando o disfarce de atuação apologética. 
Existem duas forças coordenadas envolvidas no mercado gospel. Não existiriam pregadores e cantores cobrando sem a existência de quem se dispusesse a pagar. Seja no interior de templos ou eventos fora dele, existe o financiador, a pessoa física pagante. Não existiriam projetos para novas Bíblias de Estudo, novos livros, novos CDs e DVDs sem compradores ávidos pelos lançamentos desses produtos. 
Aliás, falando em apologia, alguns anos atrás determinado alguém vendia livros e fazia muitas palestras usando um tema contrário ao movimento Teologia da Prosperidade. O preço do livro e o bilhete de entrada nas palestras dele não estavam ao alcance do pobre assalariado com salário mínimo. Tristes contradições do mercado gospel brasileiro! 
Propositalmente,  conteúdo deste meu comentário não entrou pela questão teológica e doutrinária, não teci uma linha pró ou contra movimentos e costumes. 
Fonte: "Belvedere"

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