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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A decadência da civilização


Por Ruy Espinheira Filho
Estávamos falando de "A Civilização do Espetáculo", livro de ensaios de Mario Vargas Llosa. Não se trata de obra de ficção, mas ensaios sobre os tristes tempos que atravessa a cultura mundial, com a falência da seriedade crítica, da educação - da doméstica à universitária -, do respeito ao que de melhor trazemos da tradição. Hoje, tudo é considerado equivalente, de Michelangelo ao borrador que cobra seu "direito" a uma "intervenção artística" nos muros das casas alheias.
Fosse um livro de ficção, chocaria pelo que seria considerado excesso doentio de imaginação. Mas, como dito, não se trata de nenhuma ficção, o que está no livro é o nosso mundo, a nossa cada vez mais aviltada cultura - que foi criada pelo homem para poder se elevar mais acima da sua condição animal e fundar realidades mais dignas, mais capazes de propiciar condições para maior e mais brilhante desenvolvimento do seu espírito.
Hoje, avacalhamento geral. A ignorância manejada como uma virtude. O desconhecimento quase absoluto do passado - como se pudéssemos ser algo sem a base, a herança de uma história. E o vale-tudo abominável. Dois exemplos: 1) numa bienal, em São Paulo, um sujeito amarrou um cão para que ele morresse de fome durante sua exposição, o que não causou nenhum protesto da imprensa e recebeu elogios da crítica "especializada"; 2) noutro país, um se exibiu defecando em público e comendo seu próprios excrementos. Malucos, os dois? Não, artistas.
Como a ignorância virou virtude, os estudos decaíram, o senso crítico encolheu. Qualquer um é levado a sério - já que ninguém mais vê as coisas com seriedade. Um escreve só bobagens - e é escritor. Outro faz barulho - e é músico. Outro apenas suja - e é pintor. E não se pode dizer nada contra, pois o politicamente correto proíbe. Enfim, onde todo mundo é opaco, todo mundo é brilhante... Acontece que a decadência da cultura é a do próprio ser humano. Temos uma bela herança do passado, sim, mas talvez não tenhamos futuro nenhum.
Ruy Espinheira Filho, escritor, pertence à Academia de Letras da Bahia
Fonte: Jornal "A Tarde", edição desta quinta-feira, 17

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