Por Ricardo Setti
Ele não é mais o rebelde
cara-pintada que dirigiu a UNE. Nem o militante (e depois deputado) do
ultra-radical PSTU. Nem "jovem" Lindbergh Farias é mais, aos 43.
Agora é um senador da
República (PT-RJ), deixou há muito o PSTU, como abandonara o PCdoB, rumo ao
mais seguro establishment do
PT. Sabe como é dura a vida de quem administra, porque foi por duas vezes
prefeito de uma cidade muito problemática, e grande - Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense, com 1 milhão de habitantes.
Além disso, é
candidatíssimo ao governo do Rio de Janeiro em 2014.
Mas não tem jeito, certas
coisas não mudam.
O senador Lindbergh acaba
de apresentar projeto proibindo o uso pelas Polícias Militares de balas de
borracha e outros recursos de contenção de distúrbios de que forças de ordem
pública lançam mão em todo o mundo civilizado, como também de bombas de
efeito moral - que fazem um barulho infernal e se destinam a desencorajar
psicologicamente manifestantes hostis.
É claro que esses recursos,
quando mal empregados, podem (e costumam) causar danos. Mas proibi-los é
amarrar mais ainda as mãos das polícias militares no enfrentamento de
manifestações violentas, muitas vezes - como temos visto ultimamente no Brasil - munidas das piores intenções: quebrar, queimar, machucar, depredar, destruir,
vandalizar, saquear.
Policiais
da tropa de choque da PM de São Paulo enfrentam distúrbios de estudantes
próximos à reitoria da USP (Foto de arquivo: Marcos Fernandes / Agência Estado)
Em vez da medida demagógica
de PROIBIR (verbo que políticos adoram conjugar), o que é preciso é cobrar das
polícias militares e dos governantes por elas responsáveis que, cada vez mais,
as tropas de choque e similares sejam treinadas ao máximo sobre o uso correto e
contido deles, com punição rigorosa para quem cometer excessos.
Daqui a pouco, proibirão o
gás lacrimogênio. Quem sabe, a seguir, os escudos protetores e as roupas
especiais das tropas de choque. Depois, as algemas. Por fim, o camburão também?
Ninguém de bom senso e
caráter democrático pode ser favorável à violência policial.
Repito, para que depois não
me venham com críticas infundadas e absurdas; NINGUÉM DE BOM SENSO E CARÁTER
DEMOCRÁTICO PODE SER FAVORÁVEL À VIOLÊNCIA POLICIAL.
Retirar recursos da
polícia, no entanto, em nada vai colaborar para a segurança pública - pelo
contrário.
Fonte: "Política & Cia"
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