Depois de ser um dos "queridinhos do mercado"
no ano passado, o Brasil não é mais visto pelos investidores internacionais
como um lugar sem crise e em pleno desenvolvimento. Matéria da revista Forbes
desta quinta-feira, 12, destaca que entre os BRICs - grupo formado por Brasil,
Rússia, Índia e China - o país é o que vai crescer menos. A reportagem ressalta
que a economia doméstica terá desempenho pior que a americana, epicentro da
crise financeira internacional, que até hoje luta para voltar a crescer. "A
projeção é que os Estados Unidos cresçam 2% neste ano, o maior avanço entre os
países desenvolvidos. Entretanto, o PIB do Brasil parou completamente,
dando-lhe o pior desempenho entre os quatro maiores emergentes (BRICs)", diz a
Forbes.
A publicação repercute o índice de atividade
econômica do Banco Central, o IBC-Br, divulgado nesta quinta-feira. O dado –
que é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – teve em maio retração de 0,02% na
comparação com abril. Apesar de a queda ter sido muito leve, a estatística
revelou uma mudança de tendência (antes só se via alta no índice) que
surpreendeu o mercado. Além disso, o índice de abril foi revisado para baixo: a
expansão real passou a 0,10%, contra os 0,22% apurados anteriormente. Nos cinco
primeiros meses do ano, o IBC-Br acumulou alta de 0,40% em comparação com mesmo
período de 2011, ao passo que, no acumulado de doze meses, o aumento foi de
1,27%.
A Forbes lembra ainda que o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia divulgado dois
indicadores ruins em julho: as vendas do varejo caíram 0,8% em maio
ante abril, a maior baixa desde novembro de 2008, e a produção industrial mostrou declínio mensal de 0,9%,
o que significou o terceiro resultado negativo consecutivo neste tipo de
comparação.
Projeções – A expectativa de que o país passe vexame entre os
emergentes e fique, inclusive, atrás de uma economia desenvolvida em
dificuldade, a americana, é endossada por analistas. Robert Wood, da Economist
Intelligence Unit (EIU), afirmou ao site de VEJA que, por ora, suas projeções
apontam para uma expansão de 2% tanto para a economia dos EUA como para a do
Brasil. "Mas existe um risco cada vez maior de o crescimento do PIB
brasileiro ficar ainda mais fraco que os 2% que espero para os EUA",
destacou. Também consultado pela reportagem, Jim O'Neill, economista do Goldman
Sachs e o criador do termo BRICS, procurou não endossar a projeção pessimista
da Forbes. "Espero alta de 3,4% para o PIB do Brasil neste ano e 2,2% para
a economia americana, mas vou revisar esses dados na semana que vem",
declarou.
Fracasso do modelo – Outras publicações, como o prestigiado jornal
britânico Financial Times, também registraram a queda do IBC-Br nesta
quinta-feira. Sob o título "Economia brasileira: indo para lugar nenhum", o
jornal inglês diz ainda que o indicador "jogou combustível ao argumento de que
o modelo do Brasil, baseado no desenvolvimento impulsionado pelo estado, tem
levado o crescimento a um beco sem saída".
O jornal contesta a efetividade das medidas -
monetárias e econômicas - tomadas pelo Banco Central e pelo Ministério da
Fazenda para alavancar o consumo e dar suporte à indústria. "Com o México
crescendo em seu espelho retrovisor, líderes brasileiros devem pensar se não
poderiam aprender com os concorrentes de crescimento mais rápido e pensar em
reformas, como a do mercado de trabalho". Na quarta-feira, 11, o Banco Central
anunciou novo corte na taxa Selic, para 8% ao ano, destacando
o fato de que a desaceleração da economia e a crise internacional abrem espaço
para a queda dos juros.
O The Wall Street Journal, dos
Estados Unidos, lembra que, no mês passado, o banco Credit Suisse revisou para
baixo sua expectativa de crescimento para a economia nacional para apenas 1,5%
neste ano, abaixo do consenso do mercado que está por volta de 2%. Isso foi
"uma surpresa para a nação sul-americana, que uma vez foi sinônimo de
crescimento rápido".
O jornal afirma que o Brasil é, em parte,
vítima de seu próprio sucesso. Com o real em alta na última década e
investidores colocando bilhões de dólares no país, a indústria doméstica agora
tem dificuldade de competir no mercado externo. A apreciação do câmbio
descortina, na prática, as deficiências estruturais da economia brasileira. O
grande problema, segundo analistas consultados pelo WSJ, é que o
modelo de crescimento do Brasil - que mistura exportação de commodities,
protecionismo industrial e a demanda do consumidor alimentada pelo crédito -
parece ter perdido o fôlego.
Fora dos BRICs? - A publicação lembra também que o economista Jim
O’Neill acredita que a desaceleração pode levantar questões sobre a permanência
do Brasil no grupo dos BRICs. Ele tem argumentado, segundo o WSJ, que o país
pode ter atingido seu limite de crescimento e agora os investidores estariam
migrando para outras economias da região como México, Chile, Colômbia e Peru,
que crescem mais que o Brasil.
Fonte: "Veja", edição on-line
Um comentário:
Pois é, hoje, Dona Dilma disse que não se pode medir o crescimento de um país pelo PIB, mas pelo que se faz no social pelas crianças e pelos jovens. Porque será que ela não faz isto então? Na Bahia mesmo, o que se sabe de crianças sem teto, drogadas com crack, sem escolas e muitas das escolas quase desabando.
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