Por Reinaldo
Azevedo
O Supremo Tribunal
Federal marcou o início do julgamento do mensalão para 1º de agosto. Mas tudo
continua a depender de um homem: Ricardo Lewandowski, o revisor do processo.
Isso só acontecerá se ele entregar seu trabalho neste mês. Se não o fizer, aí a
vaca da moralidade vai mesmo para o brejo. Tenho, como todos vocês sabem,
grande respeito pelos membros do tribunal e por nossa corte suprema. Mas
algumas coisas precisam ser ditas em benefício de todos - até mesmo dos
ministros.
Iniciar o julgamento no dia
1º de agosto já significa uma primeira escolha, que é não usar o mês de julho,
como defendiam alguns ministros. Marco Aurélio de Mello é um dos que se
opuseram porque, disse, esse é um julgamento com qualquer outro. É um esforço
intelectual para tapar o sol com a peneira. Não é sob qualquer critério que se
queira, incluindo o número de réus. Excepcionalmente - já que eventos desse
porte não são rotina -, os ministros poderiam muito bem ter contribuído com a
doação à nação de algumas horas extras em julho.
Haverá cinco sessões até 14
de agosto, depois três. Joaquim Barbosa, o relator, evoca as questões de saúde
- no caso, da sua saúde, pela qual todos torcemos e velamos. Mas há a saúde
institucional, a do país. Ainda que, mesmo sendo relator, ele não pudesse
participar de todas as sessões - afinal, a sua grande importância está na
leitura do voto -, entendo que o mês de agosto deveria ser integralmente
dedicado ao processo, cinco dias por semana. Ser membro do Supremo, às vezes,
mas só às vezes, é mesmo padecer no paraíso.
Por que isso? Ninguém aposta
que o trabalho vá ser concluído em agosto. Tem tudo para se estender setembro
adentro, quando Cezar Peluso faz 70 anos - no dia 3 - e é obrigado a deixar o
tribunal. Como acompanhou o oferecimento e aceitação da denúncia e estará
ciente do trabalho do relator, do revisor e da defesa, é evidente que terá
condições de antecipar o seu voto. Mas isso é lá com ele. Caso deixe o tribunal
sem votar, o colégio estará reduzido a 10 membros, hipótese, já alertei aqui,
em que um empate passa a ser muito possível. Muitos contam com isso. Obrigado a
desempatar com o voto qualificado, o presidente - no caso, Ayres Britto - faria
a balança pender para os réus, como é praxe nas questões criminais.
Assim, minhas caras, meus
caros, cumpre que fiquemos atentos. O tribunal estabeleceu um cronograma que
tem uma premissa: Lewandowski entregar o seu relatório neste mês. Caso tenha
alguma dificuldade pessoal, há o risco de isso não se cumprir, o que seria
péssimo para o país e para uma instituição chamada Supremo Tribunal Federal.
De toda sorte, louvo aqui um
fato: com sua ação destrambelhada, Lula conseguiu evidenciar a necessidade de
julgar esse processo. Vamos ver para que lado penderá a balança. Vamos ver se
seremos o país da vergonha na cara contabilizada ou o da sem-vergonhice
não-contabilizada.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Vamos acompanhar, embora isto não queira dizer nada...pode até dar tudo em pizza ou não...SÓ Deus sabe!
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