Por Arthur Virgílio
O Brasil mergulha no processo de
escolha de prefeitos e vereadores. É momento delicado, mas também um dos raros
em que o País tem a oportunidade de promover mudanças.
O povo está cansado do quadro atual e
sente, embora sem as elucubrações sócio-políticas dos especialistas, a
necessidade de algo mais que uma Democracia de Paisagem, onde o representante
popular pouco sabe ou procura saber da vida real - aquela que frequenta o
supermercado e anda de ônibus, bem diferente da receptora dos salamaleques,
salgadinhos e cafezinhos dos corredores do poder.
O brasileiro está cansado de ter a
vida consumida pelo trânsito, nas grandes e médias cidades, onde a falta de
visão ameaça nos transformar num País de vielas. É preciso pensar num
transporte coletivo factível, decente, capaz de oferecer uma alternativa a essa
situação caótica.
Também não é suportável que haja
cidades brasileiras sitiadas pela insegurança e chefes do crime
transformando-se em exemplo de sucesso para uma juventude desesperançada.
Como um jovem, pobre, infeliz, sem
opção de lazer, nascido e criado na periferia, não iria admirar o sujeito que
anda de carrão, cheio de mulheres, se a sociedade não lhe deu o filtro para
questionar a origem ou a ética por trás de tanta abastança?
É hora de votar no melhor. E digo
isso não como militante partidário, mas, suprapartidariamente, como alguém que
deseja contribuir para a construção de uma Nação mais digna.
A política está separando o povo dos
políticos. As instituições estão desmoralizadas, desrespeitadas por alguns de
seus próprios membros, que não entendem a necessidade de transmitir imagem de
correção e honestidade à população.
A maioria dos ocupantes dos cargos de
vereador, prefeito, governador, deputado, senador e outros integrantes da
burocracia do Estado não entende que há toda uma força pulsante, nas mídias
sociais, por exemplo, fazendo críticas ácidas ao exercício do poder e tornando
populares os perfis mais críticos.
É uma massa que não se conforma com
as fachadas, como a de um parlamento que se reúne para impor a força do poder e
vira as costas aos anseios da sociedade em momentos cruciais, no que chamo de
Democracia de Paisagem.
É essa Democracia - a de Paisagem
- que não constrói portos, aeroportos ou estradas capazes de oferecer raízes à
admirável estabilidade econômica atual. Um comando que não é capaz de gerar
massa crítica para dizer ao poder que é preciso investir em ferrovias, uma vez
que as nossas são sucatas de um passado cada vez mais distante.
A eleição deste ano, embora disputada
no âmbito municipal, nos dá a chance de pensar em tudo isso. Tomara que sejam
eleitos gestores e legisladores modernos, que apresentem ideias novas durante a
campanha e daí se possa criar uma geração de políticos diferentes, na medida do
que o futuro exige de nós.
Sugiro ao eleitor que julgue as
promessas, que normalmente vêm aos borbotões, no calor das eleições, com a lupa
do factível. Ou o prometido é realizável ou execre-se o demagogo. O Brasil
emergirá melhor das eleições, com medidas como essa.
Boa sorte a todos nós.
* Arthur Virgílio é diplomata, foi líder do PSDB no Senado
Fonte: "Blog do Noblat"
Um comentário:
É, o povo tem que prestar muita atenção em quem vai votar e jamais se deixar levar por quem vende gato por lebre. Os feirenses tem uma grande chance de não se enganarem. Já conhecem dois dos candidatos a prefeito, como gestores de Feira. Um foi ótimo, outro tem sido uma lástima. Menos chance de errarem.
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