Por Ricardo Setti
Que beleza, a "democracia interna" do
PT, não?
Já comentei aqui a tratoragem que
sofreram a realização de prévias entre filiados do partido para escolher o
candidato a prefeito da maior cidade do Brasil, São Paulo, e, em consequência,
a participação, nelas, da senadora Marta Suplicy - que durante muito tempo
liderou as pesquisas de intenção de voto.
Quem dirigiu o trator que passou por
cima dos princípios "democráticos" do PT e de Marta foi ninguém menos do que o
supremo deus do lulalato, em pessoa. Ele decidiu, à revelia do Diretório
Municipal, acima de tudo e de todos, que o candidato deveria ser seu
ex-ministro da Educação Fernando Haddad - e pronto.
Tudo mundo bateu continência e
engoliu em seco.
Agora, chegou a vez de o PT tratorar
outras prévias e outras candidaturas bem situadas em outra grande cidade
brasileira, o Recife. Ali, a Comissão Executiva Nacional do partido decidiu
intervir no diretório municipal para impor - a palavra é precisamente esta - a
candidatura do senador Humberto Costa a prefeito.
Como um bom e velho Politburo do
Partido Comunista da extinta União Soviética, a Executiva do PT baixou, em nota
oficial, uma espécie de AI-5 em que tomou quatro decisões:
1. Confirmar a anulação da prévia
realizada no dia 20 de maio, vencida pelo atual prefeito, o petista João da
Costa, por pouco menos de 600 votos. A anulação, decidida igualmente pela
Executiva Nacional dias depois da votação, se deu porque os candidatos teriam
"desrespeitado normas". Remarcou-se a prévia para 3 de julho.
2. Cancelar a novas prévia de 3 de
julho.
3. Estabelecer que os dois
postulantes à prévia - o prefeito e o secretário de Governo, deputado
licenciado Maurício Rands - não poderiam mais disputar coisa alguma.
4. E que, de cima para baixo, ficava
decidido que o senador Humberto Costa seria (como vai ser) o candidato.
O problema é, de novo, o chefão do
lulalato. O governador Eduardo Campos (PSB) não queria o prefeito candidato à
reeleição. E deixou claro que ou o PT escolhia alguém mais ou seu partido não
apoiaria o candidato de Lula à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.
Veio, então o "dedaço" de cima,
apontando para o senador Humberto Costa.
Costa, ex-secretário no governo de
Eduardo Campos, já foi vereador, deputado estadual, deputado federal e ministro
da Saúde (2003-2005). Elegeu-se bem senador em 2010, mas não foi bom de voto
nas duas vezes em que disputou o governo de Pernambuco.
Da primeira vez, em 2002, massacrou-o
o então governador Jarbas Vasconcelos, que teve 60% dos votos, contra 34% de
Costa. Da segunda vez, em 2006, ele não chegou nem ao segundo turno, disputado
pelo atual governador contra o então governador Mendonça Filho (DEM), ex-vice
de Jarbas.
Agora, a "democracia interna" do PT
lhe entregou de bandeja a disputa da capital do Estado.
Fonte: "Blog do Ricardo Setti"
Um comentário:
Vai ser uma derrota incrível! Lula Falastrão pensa que ao falar com o povo esperto de São Paulo capital, é a mesma coisa que falar com o povo pobre do interior, sem nenhuma instrução e necessitado de acreditar em suas promessas de bolsa qualquer coisa.
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