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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Polêmica e idiotices

A matéria "Aluno da BA deve ser 'inferior', diz coordernador da UFBA", "Ele disse que inferioridade de QI poderia explicar, por exemplo, o gosto pela música do Olodum", de Tiago Décimo, na seção "Vida & Educação", na edição on-line de "O Estado de S. Paulo" (http://www.estadao.com.br/), está causando polêmica.
A íntegra da matéria:
O coordenador do Colegiado de Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Natalino Dantas, atribui o mau resultado da faculdade no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e no Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) à baixa inteligência dos estudantes. A UFBA é uma de quatro instituições fedrais de ensino de medicina que ficarão sob supervisão do MEC, por conta dos maus resultados nos dois indicadores de qualidade acadêmica.
"Deve haver uma inferioridade do alunado baiano com relação ao de outros lugares", afirma. "Talvez o baiano tenha déficits com relação a outras populações. Afinal, a prova foi a mesma em todo o País." O Ministério Público Federal (MPF) da Bahia já instaurou procedimento administrativo para apurar a suposta discriminação do coordenador.
Dantas, que é baiano, citou que tal inferioridade de inteligência justificaria, entre outras coisas, o baixo desenvolvimento sócio-econômico do Estado, "apesar das grandes riquezas naturais", a popularidade do berimbau, "o típico instrumento de quem tem poucos neurônios", e a música de grupos tradicionais, como o Olodum, que ele qualificou como "barulho".
As afirmações causaram reações imediatas. O reitor da universidade, Naomar de Almeida, afirma estar indignado com as declarações, que considera "racistas e ignorantes", e promete atitudes imediatas contra o professor. "Esse professor não tem condições de continuar na função", afirma. Para o presidente do grupo Olodum, João Jorge Rodrigues, Dantas pode ser comparado a Hitler.
A ação administrativa do MPF vai investigar a suposta discriminação "racial ou de procedência" do coordenador. O procedimento foi instaurado pelo procurador Vladimir Aras, da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), ligada ao MPF. Ele também solicitou oficialmente informações da Reitoria da universidade sobre as providências que adotará em relação às declarações. "Como professor e coordenador do curso da UFBA, Dantas possui uma função pública e está sujeito à lei de improbidade administrativa na hipótese de dano moral difuso", afirma o procurador.
Blog Demais comenta:
Sobre a polêmica envolvendo o coordenador do Colegiado de Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Natalino Dantas, e a inferioridade intelectual dos alunos baianos, há que se fazer alguns comentários, com a participação de Thomas Rabelo:
1. O dito coordenador é ao mesmo tempo desonesto e imbecil. Desonesto porque sabe que imputar aos alunos do curso com um dos vestibulares mais concorridos de todos (o que por si só requer muito estudo e inteligência para se obter uma vaga) a culpa do ensino ruim na faculdade que coordena é uma mentira, e imbecil porque achou que todos iriam acreditar.
2. O reitor da Universidade acusa o coordenador de racismo. Ora, baiano nunca foi raça. No máximo poderia se falar em etnia ou algo do tipo.
3. O presidente do grupo Olodum, João Jorge Rodrigues, disse que Dantas pode ser comparado a Hitler. Quanta falta de noção de proporção. Hitler cometeu genocídio, exterminando seis milhões de judeus, e pôs toda a população mundial em risco numa guerra que causou a morte de mais de 60 milhões de pessoas, civis em sua maioria. Natalino Dantas é apenas um idiota que disse uma idiotice. E João Jorge Rodrigues se equiparou a ele ao proferir outra idiotice.

4 comentários:

Anônimo disse...

O Blog Demais perdeu a oportunidade de tecer comentários inteligentes ou trazer novas informações acerca da delicada questão que envolve o coordenador do curso de medicina da Ufba. Mas não. Preferiu corrigir detalhes do que foi dito na matéria. Ao fim do texto, a impressão que ficou era a de seria melhor ter terminado a leitura desse post no ponto final da matéria do Estadão.

Anônimo disse...

Deu na "Veja"
O QI dos baianos

O professor Dantas é livre para dizer a besteira que quiser, como essa de explicar a burrice pela geografia, mas por que está sendo acusado de racista? Porque, sendo baiano, é branco?

De André Petry:

O professor Antônio Natalino Manta Dantas, que coordena o curso de medicina da Universidade Federal da Bahia, foi amarrado no pelourinho porque chamou os baianos de burros. Ele atribuiu o mau resultado da faculdade no teste do Ministério da Educação ao "baixo QI dos baianos" e, como prova da escassa inteligência dos locais, citou a popularização do berimbau. "O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais, não conseguiria." Outra evidência da burrice dos baianos é o Olodum, cujo batuque, de acordo com o professor, é um exemplo de primarismo musical.

O chicote cantou – e cantou na melodia do racismo. O Ministério Público abriu inquérito para investigar "suspeita de crime de racismo". O presidente do Olodum, João Jorge Santos, disse que o discurso do professor é nazista e defendeu a "qualidade internacionalmente reconhecida" do seu batuque. O pessoal do diretório acadêmico de medicina bateu no professor dizendo que era tecnicamente incapaz, "além de racista". O reitor da universidade, Naomar Almeida, acusou-o de "racista e ignorante".

O professor Dantas é livre para dizer a besteira que quiser, como essa de explicar a burrice pela geografia, mas por que está sendo acusado de racista? Porque, sendo baiano, é branco? O professor falou dos "baianos" em geral, categoria que inclui negros e brancos. Entre os alunos do curso de medicina, cujo QI seria excepcionalmente baixo, também há baianos negros e brancos. Provavelmente, há ainda baianos pardos, claros, escuros, canela, café-com-leite e – para seguir nas definições de raça que os censos já colheram – torrados, encardidos, azuis.

Por que, então, o professor é racista?

Uma universidade pode achar inconveniente ter entre seus acadêmicos alguém com pensamento pedestre, mas é preciso entender onde está o pé. Há três anos, o mundo desabou sobre a cabeça de Larry Summers, reitor de Harvard, quando disse que as mulheres são menos aptas que os homens para as ciências exatas. Foi acusado de misoginia. É pantanoso o terreno das diferenças entre negros e brancos ou mulheres e homens, mas, quando alguém diz que os jovens são mais burros que os velhos, não pode ser acusado de racismo. É o caso baiano.

Tendo criticado os procedentes da Bahia, o professor passou a ser tratado como se tivesse criticado os negros da Bahia por motivos que talvez estejam sutilmente hospedados na estupidez da política de cotas raciais. Como a universidade brasileira se tornou cobaia da política de cotas, é nela que o ódio racial começa a dar o ar de sua graça. A Universidade Federal da Bahia está entre as primeiras que adotaram as cotas. Por trás de tudo pode estar a seguinte distorção: é racismo chamar de burros os alunos de uma universidade cotista instalada num estado com expressiva população negra.

Talvez o país devesse dar mais atenção ao manifesto que 113 personalidades entregaram ao Supremo Tribunal Federal contra a adoção de cotas raciais. São 113 personalidades anti-racistas. Entre elas, Caetano Veloso. Ele é baiano, é brilhante e está a anos-luz de qualquer coisa que possa ser remotamente caracterizada como primarismo musical. E, inteligente como é, Caetano Veloso quer toda a distância possível da estupidez da política de cotas raciais

Anônimo disse...

Publicado no Blog Reinaldo Azevedo:

De um médico formado na Universidade Federal da Bahia:

Reinaldo, como sei que gosta de entender as coisas como realmente são,lá se vão alguns esclarecimentos que ninguém falou, não sei por que motivo...
todos que estudaram naquela faculdade(com eu, com muito orgulho) assim como em outras federais, sabem que os diretórios acadêmicos(DA) estimulam os seus alunos a sabotarem esses exames de forma rotineira.Isso não é de hoje.Daí resultados ruins acontecerem eventualmente.Não que a Ufba seja uma ilha de excelência, mas não deveria ser tratada assim como esta sendo, pois é muita delinquência intelectual daqueles que a fazem, sob todas as formas.
Para os curiosos que querem saber o REAL desempenho dos egressos da Famed/Ufba, basta que dêem um olhadinha nos resultados das aprovações no exames para residência médica em todo o Brasil. Nos quais, aliás, tais estudantes "tomam" muitas das vagas no sul e sudeste do Brasil , nos melhores serviços das diversas especialidades.E se destacam, via de regra, como a maioria dos nordestinos.Nessas provas, pode ter certeza, não há sabotagem.
Egressos preguiçosos existem, com certeza,porém , não mais que em outras universidades brasileiras.
O restante é empulhação.
Ricardo B Fonseca

Anônimo disse...

Mais uma vez, vejo uma parte da sociedade descambar para o lado do racismo uma declaração até que certo ponto infeliz do professor de medicina da UFBA. Ele em momento nenhum citou explictamente as palavras: negros, afro-descentes, mestiços, mulatos, cafuzos, mamelucos, pardos e o que mais queiram chamar. Não têm somente negros que participam do Olodum e ou que toquem berimbau na Bahia ou em qualquer outra localidade do país.

Ele regionalizou o comentário e a Bahia como um todo, que assim como o resto do Brasil é composta de brancos, negros, mestiços, europeus, descendentes indígenas. Além do que se considerarmos que a Bahia é mais negra em Salvador e Ilhéus pois em sua grande maioria o estado pode ser considerado branco. É lamentável que qualquer declaração seja ela politicamente correta ou infeliz, repito como pode ser este caso, seja prontamente elevada ao grau de racismo. Se não tomarmos cuidado no Brasil, em breve um não cumprimento de bom-dia por um sujeito que esteja com dor-de-dente por exemplo poderá ser confundida e encarada pelo outro que se sinta "prejudicado" com sendo uma atitude racista e se instalar no Brasil uma "indústria" de promoção ao racismo. Eu vejo no Brasil um preconceito socio-econômico-étnico mas não racismo. Racismo é o que se viu na Africa do Sul, nos EUA e se vê até hoje na India onde castas subjulgam outras que acreditam ser inferior.