Com números alarmantes de casos e desafios no diagnóstico, a condição se destaca como uma ameaça à saúde pública, exigindo mais conscientização e controle
A hipertensão arterial afeta um em cada quatro brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), na faixa etária de 30 a 79 anos, são 50,7 milhões de pessoas com a chamada pressão alta no país - o que corresponde a 45% da população adulta. Silenciosa e sem cura, a condição é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de doença renal crônica, além de problemas cardiovasculares e cerebrovasculares como infarto, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC). Apesar da gravidade, a OMS alerta que somente 33% dos hipertensos no Brasil controlam o quadro.
O fato do quadro geralmente não apresentar sintomas é uma das questões mais preocupantes, no entanto, a detecção precoce é possível através de uma prática comum e simples: aferição da pressão arterial. "Essa intervenção permite verificar elevação da pressão sanguínea em indivíduos assintomáticos e guiar a periodicidade. Estudo iniciado desde a década de 1940 já mostrava que a identificação de pequenas elevações na pressão arterial na rotina, mesmo em indivíduos na 3ª década de vida, poderia predizer o risco futuro de hipertensão", afirma Gustavo Caires, médico cardiologista e coordenador da UTI cardíaca do Hospital Mater Dei Emec.
Sociedades médicas recomendam que o monitoramento da pressão seja feito no mínimo anualmente, a partir dos três anos de idade. Isso porque estima-se a prevalência da doença entre 3 e 5% das crianças e adolescentes. Por conta da importância do diagnóstico ainda na infância, o chamado teste do bracinho é obrigatório nas consultas pediátricas. A exceção em relação ao início do acompanhamento, em pacientes com idade abaixo da estipulada, é somente para os casos de prematuridade, baixo peso após o nascimento, cardiopatias congênitas, entre outras condições.
Prevenção e controle
Obesidade, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, consumo excessivo de sal, alimentação inadequada, herança genética e até mesmo a idade são, segundo o especialista, as principais causas da hipertensão. Para evitar uma doença que não tem cura, conforme as orientações do Ministério da Saúde, o médico indica a adoção de dieta equilibrada, atividades físicas regulares, priorização da qualidade do sono, moderação na ingestão de bebidas alcoólicas e a suspensão do hábito de fumar.
Gustavo Caires ainda reforça que o sucesso no controle depende de medidas nutricionais e dedicação aos exercícios. "Fora a utilização de pequenas quantidades de sal ao temperar os alimentos e a redução de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar, a dieta deve focar no consumo de frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura; o que inclui cereais integrais, frango e peixe. Sabe-se que é difícil avaliar o impacto do tratamento não-farmacológico, porém a prática de exercícios ajuda a manter os níveis da pressão. O auxílio é semelhante ao efeito de uma monoterapia anti-hipertensiva, com a vantagem de evitar os riscos associados ao tratamento medicamentoso", explica.
Desafios no diagnóstico e tratamento
Além do caráter silencioso, uma vez que há falta de sinais perceptíveis em estágios iniciais, a condição desafia os profissionais de saúde por conta da ausência de conscientização da população, principalmente os jovens. Para o coordenador da UTI cardíaca do Emec, embora haja mais acesso à informação, as mudanças no estilo de vida têm contribuído para o aumento de ocorrências.
"O consumo de álcool e o tabagismo entre os jovens permanece em constante crescimento. Regimes alimentares inapropriados e sobrecarga emocional também têm sido associados aos altos índices de sobrepeso e obesidade, fatores que levam à hipertensão", ressalta. Ele ainda acrescenta que educação e informação são os princípios básicos de prevenção e precisam ser estimulados.
Enviado por Juliana Vital, da ComunicAtiva Associados
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