Se não fez nada de errado nos atos de invasão e vandalismo na Praça dos Três Poderes, por que esse desespero todo para impedir a CPMI? Trata-se, desde o começo, de uma história pessimamente contada - e que só fica pior
J. R. Guzzo
De infâmia
em infâmia, o governo Lula-PT e os seus sócios no alto Judiciário de Brasília
vêm impondo aos brasileiros um sistema de agressão permanente à democracia. Seu
ataque mais hostil, no momento, é a sabotagem da CPMI que o Congresso, no pleno
exercício de seus direitos legais, quer abrir para apurar as depredações contra
as sedes dos Três Poderes, no último dia 8 de janeiro. É um escândalo a céu
aberto. Lula e o seu governo, num espetáculo indecente de recusa em aceitar
qualquer posição contrária, não admitem que deputados e senadores façam
investigações sobre o episódio. Não tem nexo. O governo gritou, desde o
primeiro minuto, que era a maior vítima dos ataques. Se é ele realmente o
prejudicado, por que a guerra para impedir que se apure a verdade sobre a
agressão que sofreu? Quem não quer investigar os fatos, sempre, é quem tem algo
a esconder; quem foi agredido, e é inocente, quer que tudo seja esclarecido. O
que está acontecendo, então, nessa história?
O governo
Lula, com sua recusa intransigente em permitir a apuração da verdade sobre o 8
de janeiro, está fazendo o possível para mostrar ao público que é ele, o
próprio governo, que tem crimes a esconder. Se não fez nada de errado nos atos
de invasão e vandalismo na Praça dos Três Poderes, por que esse desespero todo
para impedir a CPMI? Trata-se, desde o começo, de uma história pessimamente
contada - e que só fica pior a cada decisão abjeta que o governo e o seu
sistema de apoio tomam para impedir a investigação do Congresso. Porque, por
exemplo, imagens gravadas - e que acabam de vir a público - mostram agentes do
governo colaborando com os invasores? Estão rasgando as leis,
impedindo que uma instituição democrática funcione e se comportando de forma imoral:
trapaça depois de trapaça, vem passando por cima de prazos legais e exigências
da Constituição para ganharem mais tempo na compra de deputados e senadores, e
bloquearem com isso a abertura dos trabalhos de apuração dos fatos.
Sua
desculpa para isso é demente: alegam que a CPMI vai "turvar" as investigações
que já estão sendo feitas pelo Supremo, ou sob o seu controle. Não há nada mais
turvo na história judiciária do Brasil do que a apuração do STF sobre os fatos
do 8 de janeiro - na verdade, um espetáculo deprimente de vingança, violação da
lei, negação de direitos e a lógica das justiças de ditadura. Não há
investigação nenhuma. Há apenas a violência de um procedimento ilegal, que age
em segredo, recusa-se a revelar provas, dificulta a defesa dos réus por seus
advogados - e, mais do que tudo, esconde do público tudo aquilo que o governo
Lula quer manter escondido. Como num processo da justiça soviética, serão
condenados aqueles que o STF e o governo querem condenar - mesmo que a
legislação não permita isso, ou que estivessem fisicamente ausentes do local
onde foram praticados os crimes de que são acusados.
Título e Texto: J. R. Guzzo, O Estado de S. Paulo,
via Revista Oeste,
19-4-2023, 22h24
Nenhum comentário:
Postar um comentário