Pontífice diz que tradição cristã não reconhece direito à propriedade privada como absoluto e intocável
Por Michael Caceres
A expropriação da propriedade privada é uma das ideias utópicas defendidas pelo comunismo, supostamente para promover a igualdade, um conceito que não é defendido pela Bíblia, apesar de o papa Francisco afirmar na segunda-feira, 30 de novembro, que a "tradição cristã nunca reconheceu como absoluto e intocável o direito à propriedade privada".
O pontífice católico enviou mensagem em vídeo por ocasião do primeiro encontro virtual dos juízes membros do Comitê para os Direitos Sociais da África e continente americano, defendendo o conceito de "justiça social" diferente do que ensina a cultura judaico-cristã. Francisco aproveitou também para criticar a concentração de riqueza e pedir a construção de uma justiça social sem iniquidade.
"Construamos a nova
justiça social admitindo que a tradição cristã nunca reconheceu como absoluto e
intocável o direito à propriedade privada e sempre sublinhou a função social de
todas as suas formas. O direito de propriedade é um direito natural secundário derivado
do direito que todos têm, nascido do destino universal dos bens criados. Não há
justiça social que possa ser baseada na iniquidade, o que pressupõe a
concentração da riqueza", disse Francisco.
Frequentemente
Francisco profere discursos com conceitos que fazem parte do comunismo, apesar
de muitos destes conceitos serem contrários a Bíblia. Ele disse ainda que para "construir, analisar, a partir de uma revisão conceitual integrada, a ideia de
justiça social, é essencial recorrer a outro conjunto de ideias e situações que
constituem a base sobre a qual esta deve se sustentar".
"As ideias
sobre as quais vocês trabalham" afirma Francisco aos juízes, "não devem perder
de vista a pequena parte da humanidade que vive na opulência, enquanto que a
maioria tem sua dignidade desconhecida e seus direitos humanos ignorados e violados".
Cristianismo
A importância da propriedade
privada é evidente na Palavra de Deus já
no Antigo Testamento, quando Deus cita entre as leis morais a ordem para não
cobiçar. O texto também faz parte da Torá, o livro sagrado do judaísmo, e fala
sobre não cobiçar a mulher, a casa, o campo, o servo, nem coisa alguma.
"Não furtarás. […] Não cobiçarás a mulher do teu próximo; e não desejarás a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo", diz Deuteronômio 5.19;21.
Em Êxodo 20.15, a Bíblia fala também para não furtar, ou roubar, o que significa que o conceito de posse sobre alguma coisa é defendida pela Palavra de Deus.
Os textos sagrados trazem diversas recomendações que apontam uma defesa do direito a propriedade privada.
Justiça Social
A justiça social
apresentada pela Bíblia jamais é impositiva, os textos sagrados apresentam o
conceito de ajuda ao próximo e amor ao próximo como um ato voluntário. Também é
possível encontrar versículos que falam contra o apego aos bens materiais, o
que demonstra que o Cristianismo orienta os ricos a doarem, voluntariamente,
seus bens para ajudar os necessitados.
De acordo com a Bíblia, é pecado
ignorar os necessitados (Amós 5.12), mas não existe nenhum texto que relativiza o
direito a propriedade privada, como sugere o líder da Igreja Católica. O
exemplo do "Bom Samaritano", descrito em Lucas 10.25, demonstra como é possível usar seus recursos para
ajudar quem precisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário