José Ronaldo reitera desejo de integrar novamente a chapa da oposição ao Governo da Bahia em 2022
Foto: Tácio Moreira/Metropress
Por: Guilherme Reis - Editor de
Política; Rodrigo Daniel Silva - Repórter e Paulo Roberto Sampaio - Diretor de
Redação
Prefeito de Feira de Santana por quatro vezes, José Ronaldo (DEM) reiterou, em entrevista à Tribuna, o desejo de integrar novamente a chapa da oposição ao Governo da Bahia em 2022. O democrata feirense ressaltou, porém, que o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), é o "candidato naturalíssimo" ao Palácio de Ondina daqui a dois anos. Neste cenário, sobraria a ele a vaga ao Senado ou a vice-governador do Estado.
Ainda
na entrevista, José Ronaldo, que foi candidato a governador da Bahia em 2018,
falou sobre a decisão de dar suporte a Jair Bolsonaro (sem partido) na disputa
pela Presidência naquele ano, mesmo quando o DEM apoiava Geraldo Alckmin
(PSDB). A atitude do ex-prefeito feirense foi vista como uma traição a ACM
Neto, que era presidente nacional do DEM e articulou apoio ao tucano paulista.
O
democrata feirense também analisou os dois anos de mandato de Bolsonaro. Para
ele, o "ponto negativo" do chefe do Palácio do Planalto é que "exagera no
radicalismo". "Se o Governo Federal não tivesse abraçado essa questão de
liberar os recursos na área de Saúde para os governos estaduais e as
prefeituras, evidentemente o país estaria numa situação gravíssima. Os estados
estariam sem condições de até pagar os salários dos servidores, e os municípios
também", elogiou.
Sobre
a disputa presidencial de 2022, José Ronaldo mostrou resistência à candidatura
de João Doria (PSDB). Para ele, é difícil o governador paulista emplacar como
postulante forte na região Nordeste. "Eu tenho dúvida de Dória em nível de
futuro como presidente da República", declarou.
Tribuna - O senhor emplacou a
sexta vitória consecutiva em Feira de Santana na eleição deste ano. O que
representa isto para o senhor?
José Ronaldo - Em
primeiro lugar, eu agradeço ao povo de Feira por mais uma vez votar em uma pessoa
que faz parte do grupo político, reelegendo Colbert Martins prefeito de Feira
de Santana. Acho que Colbert tem muita preparação e, com certeza, fará um
grande governo, como vem fazendo nesses dois anos. Nossas palavras são de
agradecimento a Feira de Santana, e o compromisso permanente de trabalhar
incansavelmente por esta terra.
Tribuna - Quais são os principais
desafios de Colbert Martins na Prefeitura de Feira de Santana?
José Ronaldo - O que é
de responsabilidade do município tem que continuar investindo, como mobilidade
urbana. Acho que ele está investindo, e está fazendo um projeto grandioso que é
o "Projeto Centro". A obra está sendo tocada a todo vapor e será concluída
100%. Nesses dois anos dele, ele fez duas obras importantes que foram: o prolongamento
da avenida Ayrton Senna e da avenida Fraga Maia. Essas obras de mobilidade têm
grande importância para a região. Também está realizando uma obra grandiosa que
é duplicação da avenida Rubem Francisco Dias, popularmente conhecida como avenida do Papagaio. Há outra obra de grande importância de mobilidade também,
que é a duplicação de dois viadutos: Francisco Pinto e Wilson Falcão. Está
duplicando esses viadutos e permitirá fazer a ligação, sem engarrafamento, da avenida Getúlio Vargas com a Nóide Cerqueira, e da avenida Maria Quitéria com a avenida Fraga Maia. São obras que também estão em execução e serão concluídas
dentro do prazo contratual. Ele (Colbert Martins) também anunciou na campanha,
que implantou em Feira de Santana o hospital de campanha (contra Covid-19), que
está funcionando plenamente nessa segunda onda, e será permanente após acabar
com o problema do coronavírus em nosso país. Ele anunciou que manteria esse
hospital aberto sob a responsabilidade do poder público municipal. Então, são
coisas muito importante para a cidade de Feira, com certeza absoluta. Ele é uma
pessoa que antes de prometer uma coisa pensa muito, analisa muito, e com
certeza, ele vai levar adiante todos esses compromissos.
Tribuna - Como viu a declaração
do ex-candidato à prefeitura de Feira de Santana, o deputado federal Zé Neto,
do PT, de que questionaria judicialmente o resultado da eleição?
José Ronaldo - Pela
primeira vez na história política de Feira de Santana, acontece uma declaração
dessa. Eu acho que essas pessoas davam a vitória como certa no segundo turno,
porque passaram na frente no primeiro turno. Eu nunca vi ninguém dizer que
ganhou a eleição porque passou na frente em primeiro turno. No segundo, era
previsível que se chegasse a uma vitória. Por que eu digo isso? Nós tivemos
oito ou nove candidatos. Primeiro, Colbert saiu três pontos atrás (no 1º
turno). Percentual perfeitamente superado. Bastava ter um 1,5% superava,
porque, se empatasse, Colbert ganhava por ter mais anos (de idade). Modificar
1,5% não é uma coisa difícil. É perfeitamente realizável. E nós tivemos apoio
do candidato José de Arimateia, que tem um eleitorado muito forte entre os
evangélicos. Foi um apoio muito importante. Também tivemos retorno ao nosso
grupo político do deputado Carlos Geilson, que foi o quarto candidato. Um apoio
também muito importante. E historicamente o eleitorado da Professora Dayane
(Pimentel) nunca votou no PT, e a deputada sempre foi uma ferrenha adversária
do PT. O que a gente precisava? De uma mensagem que chegasse a todas essas
pessoas. Além disso, o que foi que aconteceu? Pessoas históricas que sempre
fizeram política do nosso lado político estavam um pouco acomodadas no primeiro
turno, porque sempre vinha ganhando eleições. Muitas delas não foram nem votar
no primeiro turno. Houve uma abstenção maior do que no segundo turno. Essas
pessoas despertaram, foram para as ruas. Na história política de Feira, que
veio desde os anos de 50 até hoje, nunca o adversário ficou chorando, se
lamentando. As pessoas aprenderam a respeitar e desejar boa sorte.
Infelizmente, nesta eleição, não ocorreu isso. O PT não teve a grandeza de
reconhecer a derrotar, e ligar para o vencer e parabenizar pela vitória. Isso
não houve. Isso é um gesto que não é civilizado. Se fosse o inverso, Colbert teria
ligado. Não tenho a menor dúvida. Mas esse choro é de alguém que se achava
eleito, se achava sentado na cadeira de prefeito de Feira de Santana, e foi
surpreendido por uma derrota fragorosa no segundo turno. Com certeza absoluta,
(a nossa campanha) foi feita tudo na maior transparência, lisura e maior
honestidade. O tempo vai mostrar tudo isso que estou dizendo. Colbert não
trouxe ônibus e ônibus de Santo Estevão, de Antonio Cardoso, Serrinha, de Santa
Bárbara, de Salvador, de vários municípios, com meninas para colocar na
sinaleira da cidade. Feira é uma cidade madura. Não adianta fazer esse tipo de
coisa.
Tribuna - O senhor acha que saiu
fortalecido para estar na chapa da oposição ao Governo da Bahia em 2022?
José Ronaldo - Vamos
por etapa. Se você me pergunta se pretendo fazer parte desta chapa, se eu
responder que não pretendo, eu estaria me mentindo. Eu vivi e entrei na vida
pública para me expressar sempre com a verdade. Jamais menti. Eu desejo
participar sim (da chapa), com certeza. Acho que nós temos hoje um nome que
está bem sólido, um nome que tem grandes possibilidades de vitória para
governador que é o prefeito ACM Neto. Acho que Neto provou por A mais B que é
um grande gestor. Fez uma administração magnífica como prefeito de Salvador, e
povo de Salvador aprovou. Se reelegeu, muito bem, e fez o sucessor. Acredito na
força do trabalho de Bruno (Reis). Acho que é uma pessoa muito dinâmica. Não
tem preguiça. É trabalhador. Acredito que Bruno vai prosseguir com muito
sucesso a frente da prefeitura de Salvador, e Neto é um candidato muito bom,
com excelentes qualidades técnicas, políticas e administrativas para disputar o
cargo de governo. Aí fica vice-governador e uma chapa de senador. Eu acho que
tudo isso depende das conversas, que vão surgir a partir de janeiro, fevereiro.
Essas conversas vão ficar acontecendo. Não acredito que vai se decidir de forma
prematura, açodada, apressada. Vai ter o tempo de 2021 para amadurecer, para se
trabalhar, para se buscar apoio. Eu posso colocar o meu nome à disposição.
Estou fora da prefeitura hoje. Claro que tudo isso passa por entendimento
político, partidário, amplas conversas. O que for melhor para o grupo político
deverá ser feito para 2022, respeitando a tudo e a todos sem querer ferir
ninguém, agredir ninguém, para que a gente possa fazer uma coisa com ampla
vitória. Estou ouvindo muito. Tenho ligado muito para o interior, conversado
com muita gente. E estou ouvindo muita gente dizer que está na hora de fazer
essa mudança na política do estado. Vamos ver o que vai dar. Mas nosso nome a
gente coloca a disposição, sem imposição, sem agressão a ninguém, e respeitando
a decisão do grupo político ao qual a vida inteira a gente pertenceu.
Tribuna - O prefeito ACM Neto,
então, é o candidato natural do grupo a governador da Bahia?
José Ronaldo - Eu
acho que Neto é o candidato naturalíssimo ao Governo do Estado. Eu acho que é.
É o candidato amplamente natural. Como já disse, Neto tem preparo, é uma pessoa
realmente muito madura tanto no campo político, administrativo. Eu entendo Neto
100% preparado para ser candidato a governador. Eu não digo nem 99%. Eu digo
100% preparado para ser candidato a governador tanto campo político quanto no
administrativo. Ele é realmente muito preparado. Vejo com muita naturalidade
essa candidatura a governador. Sinto ter grande chance de vitória.
Tribuna - O senhor deixaria o
Democratas para integrar a chapa do grupo do governador Rui Costa?
José Ronaldo - Intregar
uma chapa oposicionista, não. Isso não passa na minha cabeça, não. Agora, 2021
é um ano de muitas conversas. Vai ser um ano de grandes preparações, de muitas
viagens, muitos encontros, debates, muitas discussões entre partidos políticos.
Isso vai acontecer muito em 2021. Não posso afirmar nem posso dizer que isso
não poderá vai ocorrer (deixar o DEM). É uma coisa que está em aberto isso para
que se discuta, para se debata e faça o melhor para o grupo político (liderado
pelo prefeito ACM Neto). Isso vai ser discutido dentro do grupo político, e o
que for melhor para o grupo político, isso vai ser feito.
Tribuna - Como avalia a gestão do
presidente Jair Bolsonaro? Em 2018, o senhor chegou a declarar apoio a ele. O
senhor manteria esse apoio se fosse hoje?
José Ronaldo - São dois
momentos. Em 2018, eu era candidato a governador, e ele era candidato a
presidente da República. O partido (o DEM) apoiava um candidato que não
deslanchou. É a realidade, uma realidade que ninguém pode esconder. Faltavam
alguns dias para a eleição. Eu chegava no interior, viaja todos os dias, e as
pessoas apoiavam Bolsonaro. Eram pessoas que faziam campanha com muita força,
coragem, determinação. Eu chegava nas cidades e essas pessoas diziam: "rapaz,
anuncia apoio a Bolsonaro, que vai facilitar o nosso voto em você". Então, toda
cidade que chegava, eu escutava isso. Então, isso foi me conquistando aos
poucos. Nunca conversei com Bolsonaro, nunca conversamos nada no período
eleitoral. Claro que conversei no período pré-eleitoral, mas no período
eleitoral, não. Anuncie apoio a Bolsonaro atendendo a essas pessoas pelo
interior da Bahia.
Tribuna - E o que o senhor pensa
do governo Bolsonaro?
José Ronaldo - Acho que
ele tem muitos pontos positivos, e tem pontos negativos. Eu acho os pontos
negativos, ele tinha condições de resolver sem nenhuma dificuldade. Acho que os
pontos negativos que surgiram até agora, na minha visão, foram por ele falar
demais, se exceder no falar. Ele enfrentou um governo, no segundo ano, uma
coisa dificilíssima, que é o coronavírus. Abalou o muito inteiro, e não seria
diferente no Brasil. Mas acho que o governo dele foi a salvação das
prefeituras, dos municípios, e dos governos estaduais. Se o Governo Federal não
tivesse abraçado essa questão de liberar os recursos na área de Saúde para os
governos estaduais e as prefeituras, evidentemente o país estaria numa situação
gravíssima. Os estados estariam sem condições de até pagar os salários dos
servidores, e os municípios também. O Governo Federal socorreu muito bem os
municípios e os estados nesse período de pandemia de coronavírus. E fez o pagamento
do auxílio emergencial, que o que eu ouço das pessoas - não só em Feira, mas em
outros municípios - é de que a economia brasileira teve uma ajuda
extraordinária. Comerciantes me disseram que venderam no mês de maio, junho e
julho o mesmo que o mês de dezembro. Acho que isso é um ponto positivo do
governo. O ponto negativo é que ele, às vezes, exagera no radicalismo. Ele
controlando isso aí, ele é uma pessoa que tem chances de se reeleger. Basta
controlar isso aí. Controlando isso aí, ele é um candidato que tem chance de
disputar a eleição muito bem.
Tribuna - Qual a melhor
estratégia para o DEM em 2022 na disputa presidencial? Fala-se em apoiar Ciro
Gomes, João Doria, Bolsonaro ou lançar candidatura própria de Luciano Huck…
José Ronaldo - Eu não
sei. Eu não vou falar pelo DEM. Vou falar pelo que escuto. Acho que Ciro Gomes
é um homem muito inteligente, de muita coragem, acho que tem uma história
política bonita. Mas tem horas que exagera nas palavras. É um candidato que tem
uma história, tem o que falar ao povo brasileiro, muito inteligente. É um
candidato declarado. Quanto ao governador Doria, eu tenho dúvidas se será
candidato mesmo ou não. Eu acho que mais fácil um nordestino entrar fazendo
política no Sul e Sudeste do que um cidadão do Sul fazer a política no Norte e
no Nordeste. Um presidente que está já está na Presidência da República, ele já
tem mais facilidade de penetrar em todas as regiões ou não. Isso depende das
suas atitudes, aceitações pelo povo. Ele será julgado como presidente, mas quem
não está no exercício do mandato tem dificuldades de penetrar de uma região
para outra. Não sei se é muito fácil o governador Doria penetrar, sair de São
Paulo penetrar no Rio, no Norte. Eu tenho minhas dúvidas se um paulista vai
conseguir. Eu fiz a campanha de José Serra, de Alckmin, e sentia uma
dificuldade muito grande por eles serem paulistas. E eu acho que são pessoas
muito preparadas. Era muito dificuldade pedir voto para um e para outro aqui na
região. Olha que tanto Alckmin quanto Serra já tinham, na minha visão, um mundo
político mais amplo do que o próprio Doria. Eu tenho dúvida de Dória em nível
de futuro como presidente da República.
Fonte: https://www.trbn.com.br/
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